No início da minha vida conjugal, minha esposa e eu passamos por algumas dificuldades financeiras, tanto que ela, sendo do Rio Grande do Sul, só pode voltar para sua terra natal cinco anos depois de estarmos casados. E o motivo dessas dificuldades foi por, ao sermos surpreendidos com uma gravidez não planejada — minha esposa, que sempre trabalhou, era assistente de saúde bucal —, decidimos que em vez de trocarmos o dinheiro que ela ganharia trabalhando pelo que pagaria para alguém cuidar de nossa filha, ela ficaria em casa e só eu trabalharia.
E por que fizemos essa escolha?
Já falei algumas vezes que sempre foi consenso entre nós (a esposa e eu) que talvez nem tivéssemos filhos se fôssemos planejá-los, por ser muito complicado criá-los no mundo atual.
Essa semana li muito sobre o mal bíblico que nos acompanha desde o Paraíso. O mal que vem destruindo a ética, a moral e, principalmente, a humanidade.
Por mais incrível que pareça, esse mal está começando justamente de onde deveria fluir a força para vencê-lo: no seio das famílias, sendo que, em alguns casos, por inteira necessidade e, em outros, por puro descaso.
Não sou tão bitolado a ponto de não entender que, em busca de dar condições melhores a seus filhos, muitos casais trabalham, não podendo fazer a escolha que nós, a esposa e eu, fizemos, mas também sei que muitos largam os filhos de lado porque não querem se incomodar, preferindo deixá-los por conta de TVs, videogames e celulares; e, pior, acessando internet e interagindo com estranhos. Aqui, abro dois parênteses:
Primeiro: minha filha só ganhou o primeiro (e único) celular aos quinze anos, assim mesmo, por mudar de uma escolinha no bairro para uma escola grande — queria fazer pré-militar —, então precisávamos manter contato.
Segundo: é muito triste abrir a janela e ver crianças de 9 a 13 anos indo para o colégio sozinhas e, depois, abrir os jornais e ver uma enormidade de notícias sobre crianças desaparecidas e/ou brutalizadas.
Uma vez, o então candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, Gen. Hamilton Mourão, foi atacado por dizer que: “Família sem pai ou avô é fábrica de elementos desajustados, […] o Brasil vive uma crise de valores, e famílias desestruturadas causam o ingresso em narcoquadrilhas”.
Alarmismo ou demagogia barata? Não!
Quem aqui não sabe de uma quadrilha de traficantes próxima de sua residência? Se não houver, é um privilegiado, porque estão aí pelas esquinas com seu canto de sereia da vida fácil. E mais, trabalho com RH (Recursos Humanos), vira-e-mexe, vejo contratação de moças solteiras com dois ou três filhos e, na hora de cadastrar a filiação, descubro que ela própria é filha de mãe solteira. Misógino? Não, infelizmente só a realidade!
Infelizmente, essa é uma verdade que temos que enfrentar, por ser justamente na desestruturação das famílias que o mal aposta todas as suas fichas, por ser na família que se aprende os valores éticos e morais que não aprenderemos em lugar nenhum, valores que nos tornarão muito mais do que humanos, nos farão ser o que nascemos para ser, a imagem e semelhança do Criador.
Essa é uma luta que depende e, principalmente, vale cada sacrifício.
Adilson Veiga, para Vida Destra, 14/11/2023.
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