Por definição, a palavra “culpa”, cuja etimologia é oriunda do latim ‘culpa’, significa, na esfera social, a atribuição da responsabilidade à algo ou alguém sobre algo e alguém. Para além da significação social, sua terminologia tange as esferas jurídicas e políticas, culminando, portanto, numa utilização rasteira do termo.
Dado tal contexto, vamos ao que interessa? De algum modo, quando tomamos determinadas decisões, nós estamos sujeitos aos maiores sacrilégios, ou mesmo, enfrentamentos contra a ordem social e natural da massa. Neste cenário, porém, cabe ao nosso consciente admitir as ações, controlar as reações e corrigir as erratas. Diante disso, se errarmos, podemos e devemos nos arrepender. Quando trata-se de uma escolha política, principalmente, afinal, as conseguintes de uma catástrofe estrutural no desenvolvimento de um país vão desde a sua descaracterização cultural até seu déficit econômico.
E se Bolsonaro, o filho, o Flávio, for culpado? Por que cargas d’água o defenderíamos se foi justamente nossa sede de mudança e nossa fome por justiça que ensejaram nossos votos – literais votos – de confiança? A questão é retórica. Mas há adendos a serem destacados; primeiramente, as investigações estão ocorrendo, embora deslegitimadas pelo STF (órgão de responsabilidade maior que o seu juízo). Segundamente, os coletivos de direita estão se manifestando favoráveis à liberdade de se buscar indícios e, eventualmente, poder prová-los. Em terceiro, os dois pontos anteriores já corrobaram este. Ou seja, esperamos por respostas e não por presunções.
Nós votamos 17. E votaríamos novamente. Por enquanto, nós somos os apoiadores de ideias complementares às nossas e necessárias ao Brasil. E se o fizemos, é em virtude do nosso arrependimento de outrora, ora, pois, cada ponto de vista que emerge numa crise é sintoma de admissão da culpa. A diferença, porém, está no enunciado: nós carregamos essa culpa caso ela apareça. E vocês, no outro lado da nave, continuam carregando o orgulho e a honra na defesa daquilo que já foi indiciado, investigado, provado, condenado e, por fim, culpado. E nesta vida destra que almejamos, caros leitores, o arrependimento é marca mor, porque a constância dos nossos erros inibe a reincidência dos mesmos.
Já que falamos de nós, podemos questioná-los, certo? Ok. Quando vocês carregarão as suas já julgadas culpas?
- Sob regime aberto - 3 de maio de 2019
- Dissecando 1964 - 6 de abril de 2019
- No muro das lamentações - 3 de abril de 2019