(Este texto foi inspirado numa colaboração do grande patriota e profundo entendedor da história política mundial, Edgar Amaral de Oliveira)
Observamos, e somente observamos, o Brasil sendo conduzido pelo STF, pelo presidente da Câmara dos Deputados de Brasília e pelo Senado acovardado. Nada mais que isso! Somos meros observadores; um público, como de uma partida de futebol. Talvez menos participativa do que a torcida de um clube, afinal, nossa voz não ecoa e nem amedronta os adversários.
Mas o que podemos depreender de tamanha inércia por parte do “público; não povo” brasileiro?
Nossa gente é acostumada, há tempos, a esperar que um milagre caia do céu. Prova disso foram as sucessivas eleições de “salvadores da pátria” que vieram com seus discursos de liberdade e de desenvolvimento na ponta da língua, sempre inflamando as esperanças deste sofrido “público” brasileiro. Todas as eleições diretas, desde a dita redemocratização, foram vencidas por promessas de que o Brasil, definitivamente, se tornaria um país desenvolvido, digno de suas riquezas e de seu povo. Via de regra, todos os chamados movimentos sociais, desde as “Diretas Já”, foram grandes focos de esperança aos anseios da população por emprego, saúde, infraestrutura, moradia, igualdade e justiça. Os movimentos sindicais, sobretudo nos anos 80, ganharam uma conotação de movimentos libertadores, que existiam em função dos direitos dos cidadãos.
O Brasil parecia, ao final dos anos 80, a bola da vez no que dizia respeito a desenvolvimento e democracia. Porém, o teatro das tesouras, hoje escancarado, demonstrou que os mesmos que escreveram e assinaram a Constituição de 1988, estariam a frente dos maiores escândalos que se tem notícia nas democracias modernas. Mas, e o povo? Qual foi o papel dele na defesa da pátria e na libertação das amarras ideológicas apodrecidas na maior parte do mundo moderno? O que fez o “público” brasileiro, depois de ver o grande exemplo da Polônia, no processo de resistência ao regime comunista do leste europeu, nos anos 80? Quais lições “não” foram aprendidas?
A primeira lição não aprendida foi a mais básica, expressa no preâmbulo da Constituição Federal de 1998: “Todo poder emana do povo.”
Em 1980 o povo polonês se organizou na forma sindical mais pura e eficiente, ou seja, sem ligações com partidos políticos, já que era proibida a atuação de partidos que se opusessem ao Partido Comunista. “Após um bem-sucedido acordo – nesta que havia sido a maior confrontação trabalhista da história da Polônia – movimentos sindicais organizados começaram a ser formados ao longo de todo o país. No dia 17 de setembro de 1980, todos os sindicatos se reuniram em Gdansk e decidiram formar uma única organização sindical nacional chamada de Solidariedade” (Vencendo a opressão: um tributo ao povo polonês-Instituto Mises-Lawrence W. Reed. Artigo científico disponível em www.mises.org.br)
Estamos acostumados a associar sindicatos a partidos de esquerda, o que não deixa de ser verdade no Brasil. A primeira lição que aprendemos com os poloneses, vendo as organizações sindicais se unirem em torno de um bem comum, é que a pátria deve estar acima do interesse individual ou institucional. A nação deve ser aquilo que mantem a chama da cidadania ativa. Quando os sindicatos dos pobres e sofridos trabalhadores poloneses se uniram em torno da libertação do país, algo maior que o interesse partidário estava em jogo. Não se tratava de luta de classes, o objetivo era a extirpação de um regime que destruiu um país inteiro, relegando seu povo a um estado de miséria e desesperança, onde comprar uma simples provisão alimentar era um tormento que poderia durar dias de filas nos fracos e desprovidos mercados que mal possuíam estoque de gêneros básicos. O regime comunista soviético fez à Polônia aquilo que gafanhotos fazem a qualquer lavoura, seja ela bem ou mal cuidada.
A segunda lição que se aprende com a luta do povo polonês é voltada ao papel dos homens públicos do país. Quero aqui me referir a Karol Jósef Wojtyla, o Papa João Paulo II. Polonês, criado sob o regime nazista e, posteriormente, testemunha da destruição promovida pelo comunismo. Quando eleito supremo pontífice, João Paulo II dá início a uma declarada luta contra o comunismo no mundo. Conhecedor daquilo que este maldito regime causou (e causa) às nações, ele desprezava o comunismo e, junto a Ronald Reagan e Margareth Thatcher, empreendeu grande luta contra esse sistema destruidor de nações. Portanto, os homens públicos de um país devem se abster de vaidades e de interesses próprios e assumir um papel de liderança de um povo e não deste ou daquele partido ou ideologia. Assim como João Paulo II dedicou seu pontificado à luta pela extirpação de regimes totalitários e assassinos, os homens públicos brasileiros deveriam aprender a colocar os interesses da nação em primeiro plano e não se portarem como inimigos da nação como fez, recentemente, Paulo Coelho, fazendo campanha no exterior para prejudicar a exportação de produtos brasileiros, pelo simples fato de os candidatos de seu partido e de sua ideologia terem recebido nas urnas a devida reprovação do povo. Poderíamos citar artistas e políticos derrotados nas urnas que se voltaram contra o país, mas estes não merecem sequer citações indiretas.
A terceira e última lição que se aprende com os poloneses é que a vigilância e a coragem de morrer pela liberdade são cláusulas sine qua non para a sua manutenção ou para a sua conquista. Em meio a opressão do regime comunista, com prisões e assassinatos de opositores, o povo se organizava para que a principal das liberdades continuasse viva. Me refiro ao pensamento. Após suprimir o levante do Solidariedade, o partido comunista iniciou uma série de ações para tentar controlar escassez e inflação, o que não gerava outra coisa senão mais pobreza, mais fome e mais supressão de direitos, já muito limitados. Com isso, incrivelmente o povo conseguia organizar rádios clandestinas, editoras de livros igualmente clandestinas e reuniões, que configuravam crime de traição pelo regime.
“Wiktor Kulerski , um dos líderes do Solidariedade, já havia esboçado, alguns anos antes, um esquema sobre como seria a resistência polonesa. Escreveu ele:
Este movimento irá criar uma situação em que as autoridades irão controlar as lojas estatais, mas não o mercado; o emprego de trabalhadores, mas não o seu meio de vida; a imprensa oficial, mas não a circulação de informações. Os correios e os telefones, mas não as comunicações; e o sistema escolar, mas não a educação.” (Vencendo a opressão: um tributo ao povo polonês-Instituto Mises-Lawrence W. Reed. Artigo científico disponível em www.mises.org.br)
O Estado totalitário começou a ser ridicularizado quando funcionários do governo, simpáticos aos rebeldes, começaram a permitir o uso das próprias gráficas do partido para a produção de material tido como subversivo. O papel, que era limitado a abastecer somente as editoras do regime, começou a circular clandestinamente com apoio de colaboradores infiltrados. Obras de Alexander Solzenistsyn, George Orwell, e até mesmo de Murray Rothbard e Any Rand passaram a circular. A informação, principal arma na guerra ideológica, começou a ser disseminada entre as pessoas, sem alcance dos fiscais do partido comunista. Rádios clandestinas funcionavam trocando o local de funcionamento quase que diariamente. Em relato de um casal, Zbigniew e Sofia Romaszewski. Eles haviam acabado de serem soltos da prisão, por comandar uma estação de rádio clandestina. Em relato eles disseram que para saber a quantidade de pessoas que estavam ouvido a rádio, numa certa noite pediram, ao vivo, para que os cidadãos de Varsóvia que estivessem ouvindo, que piscassem as luzes. Quando foram para a janela, a cidade inteira piscava, freneticamente, as luzes de suas casas e apartamentos. Para não serem capturados, tinham que mudar de lugar frequentemente.
Essa última lição deixa claro que para combater regimes e ideias que suprimem as liberdades, sobretudo de expressão e de pensamento, é necessário que o povo tenha coragem de bater de frente com esses regimes. Isso vale para o momento que o Brasil vive. Aparentemente somos governados por quem não elegemos. Existe um grande complô para a derrubada do Presidente da República, por meio de um golpe institucionalizado, como bem denunciou Paulo Guedes, recentemente. As seguidas arbitrariedades cometidas pelo STF, legislando e invadindo competência de outros poderes, a covardia do Senado Federal em não assumir um papel de contrapeso do poder Judiciário e a canalhice do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, conhecido como Botafogo nas planilhas de propinas da Odebrecht, são ingredientes mais que suficientes para que o “público” brasileiro definitivamente se torne um “povo” brasileiro. Todo regime totalitário começa quando poderes ilimitados são dados pouco a pouco a líderes, partidos e grupos.
Hoje a Polônia é uma pujante economia, onde o povo não mais enfrenta filas de dias para comprar biscoito de água e sal, não mais andam nos fracos Fiats poloneses dos anos da Cortina de Ferro, e nem são obrigados a sobreviver com as migalhas das cestas do governo. Tudo isso porque o polonês deixou de ser um “público” e se tornou um “povo”.
Não há espaço para socialismo ou comunismo na Polônia. O simples falar sobre isso causa uma sensação ruim na população. Já no Brasil, partidos de orientação comunista conseguem, mesmo sem expressividade nas urnas, fazer o STF legislar e invadir competências do Poder Executivo em prol da agenda que matou mais de 100 milhões de pessoas no mundo.
É hora de “polonizar”! Se o “público” brasileiro não se revoltar, em breve seremos proibidos de consumir, de vender e de comprar aquilo que os Sleeping Giants da vida e as redes sociais vermelhas nos impedirem.
Davidson Oliveira, para Vida Destra, 31/12/2020.
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Grande artigo! É bom sempre olharmos os bons exemplos de países como a Polônia.
No brilhante art. de @ProfessorDavi16 s/o exemplo da Polônia: qdo um país tem um povo, não um público. Lembro-me do líder do Solidaridade, Lech Walesa. O atual presidente Andrzej Duda é aliado conservador de Bolsonaro. Contudo pela ajuda financeira da UÉ, faz chantagem as medidas adotadas em favor das liberdades.
Parabéns pelo artigo