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Perdão por ser Homem?

[…] Desculpa eu ter nascido mulher… infelizmente quem causa tudo isso são os pretos privilegiados… pessoas se maquiam porque querem surfar na onda identitária, não para serem reconhecidas […]

Chocado?

Imagina se estas sentenças fossem proferidas na televisão por qualquer pessoa, seriam processadas, chamadas de racistas, misógenas, genocidas, seriam sentenciadas ao cancelamento, desejariam a sua morte. Certamente elas pagariam multas milionárias e quiçá, teriam que se desculpar ao vivo em uma sessão de autocrítica.

No BBB versão 21, as frases acima foram aplaudidas pelo grande público politicamente correto, audiência certa do mais fútil programa da televisão brasileira (e mundial).

Entretanto, elas foram ditas com outros verbetes, troque: mulher por homem, preto por branco, maquiam para “surfar na onda” por maquiam para “serem reconhecidas” e vice-versa. Para certa parte da sociedade brasileira, dito assim…está correto, pode falar à vontade, sem medo de ser feliz!

Ainda em 2019, conversava com um devoto da fé cristã que estava horrorizado com a possibilidade de aprovarem uma lei que proibisse a palavra “bíblia” ou suas citações fora do ambiente dos templos, igrejas e cultos. Estava assustado com a possibilidade de ser perseguido e preso por ser homofóbico ou racista, só por acreditar que meninos nascem meninos e meninas nascem meninas.

Ele estava indignado com essa coisa monstruosa que se tornou o “politicamente correto” que cerceia a liberdade de expressão, incluindo a religiosa, nas palavras dele: – uma loucura!

Parte da sociedade brasileira não consegue parar de se perguntar o porquê de tanta intolerância às opiniões divergentes da cultura “lacradora” que invade a televisão aberta nacional, como o exemplo do BBB 2021.

O “politicamente correto” é uma das principais armas a serem usadas para se dominar uma sociedade. Segundo a teoria Gramsciana [1] de tomada do poder, a  opinião pública deve ser diariamente manipulada, com foco no controle social.

Assim, padronizar opiniões e pensamentos, enquanto se toma o poder, é uma forma eficiente de se implementar um controle social massivo, uma forma de esmagar qualquer oposição a uma ditadura. Uma forma de manter as pessoas como se gado fossem, confinadas em uma cerca de ideias pré-concebidas que mudam sempre que for conveniente.

Recente pesquisa em Harvard (2018), conduzida pela pesquisadora Moira Weigel, afirma que a hipocrisia do politicamente correto só serve para o controle social das massas em um contexto de tomada do poder. Portanto, para Moira, na vida real, não existe espaço para o tão enaltecido “politicamente correto”, ele não é compatível com a liberdade de expressão.

No BBB versão 2021, observa-se isso na prática. Até mesmo partes “lacradoras” ou politicamente corretas da sociedade estão vendo como é irritante e descompassada estas atitudes, como citadas nos primeiros parágrafos deste artigo.

Quando a personalidade real se confronta com as ideias preconcebidas exageradas, como “racismo estrutural ou negação da masculinidade”, propagadas naquele programa, ela reage com asco e repulsa, do mundo virtual do politicamente correto. Isto pode ser comprovado pela tsunami de comentários negativos da “claque” do reality show na internet.

A verdade mesmo é a de que o Brasil é um país conservador por natureza. Uma das provas disso é o arraigado patriarcalismo nordestino, onde até hoje os filhos adultos chamam seus genitores de “painho” e “mainha”, sem espaço para qualquer outro adjetivE, ou no português correto, adjetivo, ou dúvidas sobre masculinidade e feminilidade genuínas.

Nos últimos anos o brasileiro tem sido forçado a “incorporar conceitos” globalizadores e que tendem a destruir a sociedade, ao minar sua capacidade de pensamento e ordenamento crítico.

O alvo é, quase sempre, a destruição ou substituição dos conceitos de democracia, ordem, progresso, pátria e família, valores basilares da sociedade da República Federativa do Brasil, e de qualquer sociedade forte.

A sociedade que adota o politicamente correto como verdade única, tende a causar a divisão e a polarização de posicionamentos, reduzindo temas complexos como política, violência, saúde e religião,  a simples questões a serem respondidas com um “sim ou não”,  “certo ou errado”, de “acredito” ou “não acredito”, como as venais discussões nas torcidas de futebol.

Essa sociedade do politicamente correto torna-se, portanto, uma massa amorfa, sem pensamento individual, tolhida em suas liberdades de escolha e de livre arbítrio, por uma polícia do pensamento, dentro de sua própria cabeça, dentro mesmo de uma prisão cognitiva, onde sua própria consciência é o seu carcereiro. A consequência sempre é que o corpo segue a mente, adoecendo e morrendo, dia a dia.

Espero ver o dia em que todo brasileiro possa entender e cobrar que a liberdade não seja tratada como um luxo dos tempos de bonança, e que ele, como Rui Barbosa, entenda que a liberdade é o maior elemento de estabilidade das instituições.

Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado! De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça.” Rui Barbosa (1849-1923)

Mantenha-se informado, esta é a sua melhor defesa contra o politicamente correto!

Faça a sua parte, espalhe a centelha da liberdade plena de pensamento.

[1] Antônio Gramsci:  filósofo italiano que escreveu sua obra “Os cadernos do cárcere” em que apresenta sua estratégia de dominação e poder (Gramsciana) em duas fases: a da hegemonia e a da ocupação. Na fase da hegemonia os objetivos são anestesiar o senso crítico e uniformizar o senso comum. A fase da ocupação se caracteriza pelo aparelhamento de todos os setores da sociedade por pessoas alinhadas com sua ideologia.

 

 

Clynson, para Vida Destra, 05/02/2021.
Sigam-me no Twitter! @ClynsonOliveira

 

Crédito da Imagem: Luiz Augusto @LuizJacoby

 

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4 COMMENTS

  1. Infelizmente o que temos visto são crianças, adolescentes e jovens doutrinados e consentido pelos pais, em todos os setores da sociedade. Não querem pensar, porque esse é um atributo daqueles que tem cérebro. Uma geração sem futuro, marcada pelas drogas, pelo ócio, pela desinformação.
    Adultos que ou estão sob a tutela de nossos impostos, ou não querem trabalhar mesmo, sempre vivendo à custa daquele que luta para sobreviver.
    Os tempos são maus, vai piorar, a esperança é uma só, Cristo Jesus, Senhor.

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PhD em ciências militares e guerra psicológica pela ECEME e Mestre em gestão de projetos pela FGV Atuou em mais de 10 países incluindo EUA, Haiti e Índia É professor de MBA de Gestão Empresarial e Financeira da Universidade Estácio de Sá e empresário na área de consultoria em inovação e economia digital