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Entre a Ciência e a Conveniência – Revisitando o caso das Igrejas fechadas

Eu sei que neste momento as reuniões presenciais das igrejas (na maioria dos estados brasileiros) já estão parcialmente liberadas. Entretanto, esta momentânea realidade (momentânea porque os prefeitos podem mudar esta realidade a qualquer momento) não impede que façamos uma análise retroativa do caso para averiguar algumas falhas quase imperceptíveis.

A decisão do STF de transferir aos estados e municípios o direito de decidir o fechamento ou não das igrejas ainda não foi digerida por muitos. Eu me incluo entre esses muitos.

Os argumentos do ministro Gilmar Mendes, no sentido de buscar apoio científico para sua decisão, não foi apenas fraco, mas vergonhosamente falacioso. Contudo, não quero entrar nesse mérito agora. Haverá outro artigo para tratar exclusivamente deste tema.

Nesta oportunidade pretendo fazer apenas uma crítica pontual.

Quero chamar sua atenção para o que eu entendo ter sido uma gritante contradição existente nos argumentos ditos “científicos” esposados pelos fechacionistas de igrejas e as prescrições dos órgãos sanitários que são prontamente chanceladas por estes mesmos fechacionistas.

A partir dessa observação, resolvi fazer um fact-checking desse caso. Para isso selecionei aleatoriamente a imagem de um cartaz que orienta sobre a probabilidade de contaminação sem o uso de máscara e que pode ser facilmente encontrado em qualquer secretaria municipal de saúde.

Quero que você interrompa por um momento essa leitura e observe atentamente a última figura deste cartaz. Ela mostra duas pessoas com máscaras no rosto, sendo uma infectada e a outra sem infecção. Segundo essa crença, duas pessoas próximas com máscaras, fará com que o contágio caia para 1,5%. Aqui, aparentemente, não está incluído o distanciamento social que poderia diminuir ainda mais essa probabilidade. A minha pergunta é bem simples: diante disto, qual é a lógica em fechar igrejas sabendo que seus frequentadores usam máscaras e respeitam o distanciamento social?

A despeito da opinião de infectologistas, que provavelmente nunca frequentaram uma igreja, no sentido de que a liberação é perigosa pelo fato das pessoas não respeitarem as normas sanitárias, é uma opinião enviesada sem comprovação alguma.

A minha experiência como frequentador de igreja e o perfil da socialização religiosa indicam fortemente que a ordem e a disciplina entre os cristãos que frequentam igrejas nunca podem ser niveladas às da população que não frequenta como, por exemplo, a de frequentadores de baladas, shows, bailes funks, etc.

Voltando ao cartaz, ele deixa subentendido que se a norma for obedecida, a chance de alguém se contaminar, por exemplo, em uma igreja, cairia drasticamente para 1,5%, ou até menos, levando em conta o distanciamento social. Diante destes fatos não me resta outra alternativa senão a de concluir que, de duas, uma: usar máscaras não surte efeito algum como sugere o cartaz; ou então, fechar igrejas, com todos os seus frequentadores usando máscaras e praticando o distanciamento social, é contradizer a “ciência” que está supostamente por trás do cartaz. Este simples fato já é o suficiente para mostrar que nossas autoridades não acreditam no que eles mesmos propagam como sendo ciência.

Sendo assim, alguém precisa avisar ao STF que sua decisão em plenário, de delegar poder aos nossos governantes para fechar ou não igrejas é, para todos os efeitos, uma confusa sugestão de que o remédio mais eficaz contra o vírus não é a vacina, mas a caneta.

A impressão que fica é que em uma canetada só, como num passe de mágica, prefeitos podem fazer com que o vírus desapareça ou pelo menos diminua em alguns espaços. E por incrível que pareça, muitos encaram isso como sendo “ciência”!

Diante desses fatos concluímos que fechar igrejas nunca foi uma questão de ciência e saúde, mas de mera conveniência política de prefeitos e governadores.

 

 

Paulo Cristiano da Silva, para Vida Destra, 21/04/2021.
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2 COMMENTS

  1. Os que invocam a ciência para justificar arbitrariedades jamais demonstram estudos científicos que as validem. Isso porque eles não existem e eles sabem disso. Mas não importa, usam a desculpa e impõe a cartilha esquerdista que, como sabemos, é ateia. Simples assim. Continuarão rindo de nós. E, pelo jeito, nós continuaremos reclamando e não fazendo nada efetivo. Aliás, não ouvi a CNBB reclamar do fechamento das igrejas. Excelente Cristiano. Parabéns.

  2. Neste magnífico art. de @pacrisoficial em q revisita os casos das igrejas fechadas s/a perspectiva da Ciência e a Conveniência, só posso dizer q os ônibus não estão proibidos. Agora, com certeza, estes Ministros são ateus!

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É natural de São José do Rio Preto, casado, servidor público com formação em Ciências Sociais e pós-graduado em Ciências da Religião e Teologia.