A política no Brasil parece um trem fantasma: um carro rodando sobre trilhos no escuro e a cada curva um susto.
Nesta semana vários fatos corroboram essa analogia.
Primeiro foi a veiculação de um vídeo no site da Presidência, no qual aparece a cena de um leão sendo atacado por hienas, numa luta de vida ou morte, até que aparece um segundo leão que junto com o primeiro, coloca as hienas para correr. Perfeita analogia da situação que vive o Presidente em sua luta contra traiçoeiros inimigos que o atacam diuturnamente e sem descanso por todos os lados, podendo contar apenas com o apoio da população conservadora.
Seria uma analogia irretocável não fosse o fato dos responsáveis pelo vídeo terem decidido nominar, na própria peça, quem são tais hienas. Pronto! Isso foi suficiente para que as nominadas hienas reagissem com indignação, cobrando explicações do Presidente e obrigando-o a desculpar-se formalmente. Lamentável saia justa que a própria equipe do Presidente o colocou. Afinal, todos sabem quem são essas hienas, nem seria necessário nominá-las na peça publicitária em questão.
Logo a seguir, uma dessas hienas resolveu dar um tiro no próprio pé ao transformar em factóide o falso testemunho do porteiro do condomínio onde o Presidente tem residência no Rio de Janeiro e, com isso, tentando estabelecer um vínculo entre Jair Bolsonaro e o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e seu motorista. Cometeu essa irresponsabilidade em jornal noticioso, transmitido em rede nacional de TV, com grave reflexo na imagem presidencial. A farsa foi imediatamente denunciada numa transmissão ao vivo feita por Bolsonaro que se encontrava em viagem na Arábia Saudita. Sem se dar por vencida, a hiena em questão ainda insistiu em sustentar a farsa com novas insinuações, obrigando Carlos Bolsonaro a revelar o conteúdo de áudio gravado pelo sistema interno de comunicação do condomínio. Para os mais atentos, ficou evidente que esse vil ataque foi uma represália a recente fala do Presidente sobre a renovação da concessão do canal de TV dessa hiena, demonstrando que a guerra está declarada, que será inclemente e que serão usados todos os recursos, até mesmo os mais baixos.
Esse episódio teve desdobramentos. Obrigou o Presidente a solicitar a intervenção do Ministro da Justiça que acionou a Procuradoria Geral da União para envolver a Polícia Federal na coleta de novo testemunho do porteiro, trazendo o caso para a esfera Federal.
Uma representante do Ministério Público do Rio de Janeiro declarou, logo a seguir, que os áudios divulgados comprovavam a falsidade do testemunho do porteiro. Foi o que bastou para que órgãos da extrema imprensa a acusassem de ser bolsonarista – o que de fato é – e isso suscitou vários pedidos do afastamento dela do caso. Tal zelo jamais foi cobrado quando outros representantes do MP/RJ, todos partidários do lulopetismo, trouxeram à baila, com base em dados do COAF, uma suspeita de que o Senador Flávio Bolsonaro teria praticado a conhecida “rachadinha”, se valendo dos préstimos do então assessor Fabrício Queiroz. Ao que tudo indica esse caso ainda vai render.
Nesse meio tempo, a vizinha Argentina elegeu o peronista Alberto Fernandez presidente. O mesmo que, há algum tempo, esteve no Brasil visitando Lula na carceragem da PF em Curitiba e que comemorou sua eleição com um sinal de mão de “lula livre”. Fernandez já havia festejado o recente aniversário de Lula, referindo-se a ele como “preso político”. Tais manifestações foram insultos ao Brasil, revelando que o governo de Alberto Fernandez será hostil ao governo de Bolsonaro. Com justa razão, nosso Presidente não apenas se recusou a ir à posse de Fernandez, como também se recusou a cumprimentá-lo pela vitória. E, mais uma vez, a imprensa brasileira criticou a “deselegância e inconveniência” de Bolsonaro pelas corretas decisões, ignorando sumariamente a afronta feita a nós pelo novo presidente argentino.
A semana nem terminou e novo episódio voltou a agitar os meios de comunicação. Dessa vez foi devido à declaração do Deputado Eduardo Bolsonaro sustentando que se as esquerdas radicalizarem no Brasil, a exemplo do que aconteceu e vem acontecendo em países da América do Sul, especialmente no Chile, a AI-5 deveria ser reeditado. É bem verdade que citar o AI-5, um ato que foi demonizado pelas esquerdas brasileiras ao longo de mais de 30 anos e que se transformou na evidência de que padecemos de uma ditadura durante o Regime Militar, não foi bom. Citar o AI-5 como solução para eventual radicalização despertou o furor das esquerdas e outros opositores, afirmando que a simples conjectura de reedição do AI-5 é um atentado à Democracia e um flerte com a tirania. E, de imediato, surgiram vozes indignadas exigindo punições e até a cassação do mandato do Deputado mais bem votado na história do Brasil.
Não vou defender o AI-5, mas fui testemunha dos eventos que deram origem do Decreto de Costa e Silva em 1968. Apenas ressalvo que a gravidade das ações terroristas das guerrilhas, que pretendiam instaurar no Brasil uma ditadura comunista, exigia suporte jurídico para combate efetivo. Foi isso que “justificou” a decretação do Ato Institucional Nº 5 que tantas reações adversas provocou. Também saliento que hoje não há qualquer condição no Brasil de uma reedição de algo sequer parecido com o AI-5, pois vivíamos naquela época sob Estado de Exceção que foi uma situação temporária de restrição de direitos e concentração de poderes que, durante sua vigência, aproximou o Estado do autoritarismo. Portanto, a menção do Deputado Eduardo Bolsonaro ao AI-5, de péssima lembrança, foi descabida por total inviabilidade.
Contudo, imaginando a hipótese de uma radicalização das esquerdas brasileiras, na onda de mais uma investida bolivariana contra regimes democráticos de países da América Latina, sob os auspícios dos governos de Cuba e da Venezuela, trazendo ao nosso país a desordem, o vandalismo, os atos terroristas e o caos social, é preciso considerar que isso, SE acontecer, terá que ser combatido com todo rigor. E nisso, o Deputado está absolutamente certo, pois não queremos radicalização, seja do matiz que for.
O que causa estranheza nas reações à fala de Eduardo Bolsonaro é que recriminaram a menção ao AI-5, pelo que ele já se desculpou, mas silenciaram sobre a hipótese de uma radicalização das esquerdas brasileiras. A impressão que fica é que isso não deve ser motivo de preocupação. Só que é, pois sabemos muito bem, até pelo volume e pelos métodos de oposição ao atual governo, que tal hipótese não pode ser descartada ou minimizada. O risco existe e é latente. Guerrilha e terrorismo no Brasil? Nunca mais.
Ainda não se pode vislumbrar o fim da sanha persecutória dos opositores ao atual governo, que buscam todo e qualquer pretexto para atingir o Presidente e minar sua governabilidade, seja da maneira que for, impedindo ou dificultando as ações cujos bons resultados já começam a aparecer. Portanto, caros leitores, precisamos ficar atentos e não nos deixarmos envolver e iludir com as investidas dos opositores. Temos que nos acostumar com a idéia de que esse trem fantasma vai ter um percurso muito mais longo do que gostaríamos.
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