Dizem que o ano começa para o brasileiro depois do carnaval. É o tempo cultural se sobrepondo ao cronológico. Mas o que esperar depois do carnaval? Sinceramente, não sei, mas espero o melhor. Para nós, como dizia Santo Agostinho, “o futuro ainda não existe”. A única certeza que temos é que 2019 passou e 2020 está passando (graças a Deus!), mas não sem revelar as mazelas do Brasil. Não me refiro ao Brasil do futebol (se bem que este também está mal das pernas), das praias e dos carnavais. Falo sobre o Brasil institucional, da coisa pública; o Brasil que poucos tocam, mas que está presente a todo o momento em nossas vidas; o Brasil a que poucos têm acesso; o Brasil que transgrediu a ordem e estagnou o progresso. Sim, o Brasil dos políticos e sua máquina (ção) estatal maravilhosa.
O retrovisor da retrospectiva política de governos anteriores mostrou nossa pior identidade: aquela do malandro, do jeitinho, das pedaladas fiscais, da propina, do mensalão, do petrolão e agora o mais novo na galeria da corrupção: o covidão.
Se tudo o que é sólido se desmancha no ar, o vermelho também desbotou; se liquidificou nas águas da Laja-Jato.
Não sou fã de abstrações. Abstração demais tende a esconder a concretude das coisas. Dizer que o STF, o Congresso, o Sistema e a Política são corruptos é uma maneira não só imprecisa, mas ingênua de enxergar as coisas. Não nego que haja de fato uma corrupção institucional; da esfera federal à municipal; de cima para baixo a pilhagem corre solta. Mas, isso só é possível por causa dos agentes que dão vida às instituições. Esses, sim, são corruptos. Homens de carne e osso, assim como eu e você. Sim, a corrupção nossa de cada dia, é nossa!
Já dizia o velho Ulysses Guimarães: “O poder não corrompe o homem; é o homem que corrompe o poder. O homem é o grande poluidor, da natureza, do próprio homem, do poder. Se o poder fosse corruptor, seria maldito e proscrito, o que acarretaria a anarquia”. Ora, se existe o corrupto é porque existe o corruptor. Um depende do outro, numa simbiose execrável.
O eleitor que troca sua dignidade de cidadania por um “agrado” eleitoral é tão culpado do crime de corrupção quanto o candidato que ele elegerá. Em terras tupiniquins a corrupção é uma questão cultural. Está em nosso DNA social.
A despeito dessa introjeção, precisamos mudar urgentemente essa cultura. 2021 está logo aí. Estamos na época de eleições municipais. Precisamos mudar a velha política, mas, para que isso ocorra, é necessário mudar nossa cultura.
Paulo Cristiano da Silva, para Vida Destra, 05/08/2020
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Excelente. Que a gente tenha boas surpresas, pois o carnaval, mais uma vez já passou.
As eleições municipais estão chegando e mesmo a população bem intencionada está despreparada. Deveríamos inverter a lógica dos candidatos e apresentar as nossas propostas a cada um que se candidatasse. Chega de promessas o eleitor deve assumir a responsabilidade por propostas concretas para melhoria da qualidade de vida da nação.