Imagine se a frase abaixo fosse escrita numa faixa e estendida nas entradas das universidades brasileiras:
“Talvez antes de brincar sobre revoluções comunistas, devemos lembrar que a polícia secreta de Stalin torturou “traidores” em prisões secretas, enfiando agulhas sob suas unhas ou batendo até que seus ossos se quebrassem. Lênin tirou comida dos pobres, causando fome na União Soviética que induziu as mães desesperadas a comerem seus próprios filhos, e camponeses a desenterrar cadáveres por comida. Em todos os países em que o comunismo foi tentado, resultou em massacres, fome e terror.” (Trecho de artigo científico escrito por Rodrigo Constantino em 2017)[1]
Como ex-militante de esquerda, a exemplo de Olavo de Carvalho, posso dizer, com segurança, que o socialismo não é um modelo político-social e muito menos uma teoria econômica. É uma ideologia voltada pra a concentração de poder por alguns grupos, que passa pelo esfacelamento da sociedade culturalmente constituída de valores éticos e morais nocivos aos objetivos dos seus propositores. Um verdadeiro amontoado de mentiras e aberrações filosóficas que funciona como uma nuvem de gafanhotos a passar por uma próspera lavoura de trigo.
O jovem é, potencialmente, o tipo mais propenso à militância da esquerda. As razões para explicar isso são tantas que não teríamos espaço aqui para tal. Porém, é importante lembrar que em praticamente todos os casos de simpatizantes que abandonam o comunismo uma coisa em comum pode ser notada: a maturidade política e econômica. Em sua maioria, os ex-militantes que conseguem o primeiro emprego e se encarregam de maiores responsabilidades, tendo metas a cumprir, planos e tarefas para desempenhar, sendo incumbidos de produzir, multiplicar, ser útil no plano prático, acabam abandonando os ideais comunistas. Ao que parece, o comunismo só existe quando existem pessoas fora dos contextos da produção e da responsabilidade empregatícia ou empresarial. Margareth Thatcher já dizia que o socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros.
Pelo perfil dos militantes mais ativos, podemos tirar algumas conclusões. Geralmente, são pessoas que não se inserem no ramo da produção industrial e de serviços, sobrando, assim, tempo para ler, escrever, maquinar e odiar o capitalismo, motivados por professores militantes. Fazem isto com a ajuda de líderes que sempre forma identificados com os ideais de lutas de classe, tão evidenciados por Paulo Freire.
Para compreendermos como ocorre a manutenção de todo esse universo paralelo, que mantém acesa a chama do socialismo e da militância de esquerda, é necessário entender quais são as frentes de ataque que os filósofos e militantes da esquerda utilizam e como mantêm seus discípulos num estado de anestesia, a saber: a escola, a religião e a família.
Antônio Gramsci já dizia que os dois mil anos de influência da cultura judaico-cristã seriam o maior obstáculo para uma revolução a curto prazo, como foi a Revolução Russa (1917). O pai do marxismo cultural admite que somente destruindo essa influência e tudo o que ela moldou na sociedade é que seria possível iniciar a revolução cultural. No mundo inteiro um fato fica a cada dia mais confirmado: as escolas são o ambiente de organização da militância marxista. É o meio mais usado desde o século passado. Para saber mais, leia outro artigo anterior, de minha autoria, cujo título é: “Brasil, o maior laboratório de engenharia social do mundo”.
Junto às escolas, a esquerda se apropriou de segmentos religiosos, como o catolicismo e, em escala muito menor, o protestantismo. Na igreja católica, a famigerada Teologia da Libertação é o panfleto socialista que arregimenta a militância de esquerda, pautada pela ideia de que o próprio Cristo era um socialista, que veio ao mundo ensinar a partilha e a igualdade.
Em meu livro “A Farsa Paulo Freire e a Decadência da Educação Brasileira”, escrevo sobre o modelo doutrinário proposto pela Teologia da Libertação:
“Ele deixou de ser doutrinário-religioso e passou a ser doutrinário-comunista. Ideias como Jesus Cristo Revolucionário, eram comuns. Associações entre figuras comunistas messiânicas com Jesus eram uma forma de aproximar o fiel menos informado do comunismo. (…) Com isso, ganhavam forças os movimentos sociais que viriam a ser o orgulho do PT e também seus braços armados como o MST e o MTST, que são amplamente apoiados pela Igreja católica”
Com o domínio da religião, o próximo passo foi chegar às famílias, exatamente por meio da congregação eclesial e da escola.
Mas qual é a verdadeira motivação de um jovem militante de esquerda? Em que ele acredita? O que o faz ter esperança de que uma ideia que foi testada e reprovada ainda dará certo?
Não é muito simples responder, mas é possível fazer algumas comparações.
Veja: Comparando uma paixão pessoal, como o clube do coração, ao partido ou à ideologia do coração, já é possível estabelecer um paralelo. Se seu time vai mal, e acaba sendo seguidas vezes rebaixado para séries inferiores do campeonato, você o abandona ou continua até o fim? Tenho certeza que a maioria dos leitores diria que continuaria torcendo até o fim. Isso envolve algo que não pertence ao campo da razão, já que contraria toda a lógica de querer torcer sempre para um time vencedor, comemorar títulos e se orgulhar dos resultados que este time produz. Chamamos isso de paixão. Um sentimento que supera ou inibe a razão. É muito difícil fazer um torcedor apaixonado deixar de torcer pelo seu time para torcer, por exemplo, para o arquirrival. Tente fazer um vascaíno passar a torcer pelo Flamengo, ou um gremista passar a torcer para o Internacional, ou um cruzeirense passar a torcer para o Atlético Mineiro. Isso é, na prática, muito difícil, se não impossível.
Na política ocorre algo semelhante. Os líderes políticos da esquerda descobriram, há tempos, a fórmula de arrebanhamento. Trata-se de formar uma militância apaixonada, desprovida de razão. Uma torcida que aposta, acredita, mata e morre pela causa. O primeiro passo foi feito no passado, como já tratado em artigo anterior a esse, cujo título é “Por que a minoria prevalece sobre a maioria no Brasil?”, onde discorro exatamente sobre a divisão da sociedade em guetos minoritários. A esquerda busca dividir a sociedade em “nós e eles”, forçando os incautos a acreditarem que existe uma opressão maligna organizada por “eles” (que neste caso são seus opositores). Geralmente criam problemas e se apresentam com resolvedores. Vendem a ideia de que são a solução dos problemas da sociedade. Prometem a famosa planificação social, a igualdade que nunca existiu nem existirá, por uma simples lógica: o ser humano não foi criado para ser igual, nem tampouco programado para aceitar um nivelamento social definido pelo Estado.
Por isso, não se trata de razão. Estamos diante de paixão! No campo da paixão, a razão raramente tem espaço. Por essa razão, o jovem militante acredita que qualquer meio determinado pelos líderes revolucionários pode ser a mais nova oportunidade de realização da utopia. Assim, pela paixão, ele acredita que o socialismo ainda dará certo em algum lugar. Dessa forma ele ainda crê no discurso de professores de que deturparam Karl Marx, ou que o socialismo nunca foi aplicado, de maneira correta, em lugar nenhum do mundo.
Neste contexto, segue o jogo político dentro das escolas e igrejas. Pergunta-se: Até quando a sociedade de bem ficará muda e cega diante disso?
Davidson Oliveira, para Vida Destra, 20/8/2020.
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[1] https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/o-terror-comunismo-100-anos-e-100-milhoes-de-vidas/
Excelente artigo! E um tema muito relevante!
O futuro do Brasil depende das ações que adotarmos hoje! Por isso, cuidar da Educação e da Cultura é tão importante! Precisamos cuidar dos nossos jovens e das nossas crianças!
Excelente!
Excelente
Parabéns muito necessária esta reflexão.
“Chamamos isso de paixão. Um sentimento que supera ou inibe a razão. É muito difícil fazer um torcedor apaixonado deixar de torcer pelo seu time para torcer”
Que o digam os bolsonaristas iludidos que continuam a acreditar no demagogo inelegível…