Uma análise sobre alguns posicionamentos oficiais de igrejas cristãs sobre o comunismo
Karl Marx previu que a religião e a cultura judaico-cristã seriam obstáculos contra o avanço da revolução. Ele conhecia os valores e os padrões morais e éticos do cristianismo, visto que teve contato íntimo com os dogmas e doutrinas fundamentais da religião cristã.
Essa previsão se mostrou real ao longo do tempo. O comunismo foi refutado e combatido pela Igreja de Roma assim que mostrou sua face. Em 19 de novembro de 1937, a igreja católica expediu Carta Encíclica “Divinis Redemptoris”, de Sua Santidade Papa Pio XI, aos Veneráveis Irmãos, Patriarcas, Primazes, Arcebispos, Bispos e demais Ordinários em Paz e Comunhão com a Sé Apostólica: Sobre o Comunismo Ateu. Esse documento é claríssimo quanto a oposição da Igreja Católica ao comunismo. Lê-se no item 3 da introdução do referido documento: “Vós, sem dúvida, Veneráveis Irmãos, já percebestes de que perigo ameaçador falamos: é do comunismo, denominado bolchevista e ateu, que se propõe, como fim peculiar, revolucionar radicalmente a ordem social e subverter os próprios fundamentos da civilização cristã”.[1]
Neste manifesto, o Papa Pio XI fundamenta a posição da Igreja Católica com relação à ideologia marxista, deixando inclusive perceber que ele já conhecia a fundo a doutrina comunista, sobretudo no que tange à sua oposição aos valores, princípios e doutrinas do cristianismo. Aparentemente, a Igreja reconheceu com antecedência que os comunistas caminhariam em direção à destruição dos pilares morais e éticos que sustentam a civilização ocidental.
A Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) se manifestou em 1954; publicou por meio de seu Supremo Concílio (SC) que há incompatibilidade entre o comunismo ateu e materialista e a doutrina bíblica e os símbolos de fé da IPB.
“CE-56-096 – Quanto ao documento intitulado “Avaliação”, enviado pela CBM, a CE-SC/IPB resolve: […] 7) Em referência à atitude cristã quanto ao comunismo, persistimos em pregar a realidade do poder transformador do evangelho de Cristo, crendo que o comunismo é uma filosofia de vida contrária ao espírito e à doutrina evangélica.”[2] Ainda neste mesmo grupo de documentos, a IPB segue definindo incompatibilidade entre as ações de membros que viessem a ser adeptos do comunismo ateu e, ao mesmo tempo, da Igreja Presbiteriana. Essa denominação foi extremamente enfática em sua oposição ao marxismo/socialismo/comunismo. Essa consciência permanece forte até os dias atuais, sendo notável que esta denominação evangélica protestante não se dobrou ao comunismo e continua sendo opositora ferrenha a ele.
A igreja cristã Assembleia de Deus se posicionou também. “Na segunda década de fundação das ADs, Lindolfo Anderson Martelli, em sua tese Escatologia e Anticomunismo nas Assembleias de Deus do Brasil na primeira metade do século XX, já havia percebido a construção do discurso anticomunista nos periódicos das ADs nos anos de 1927, de 1930 a 1933 e entre 1937 e 1939. E a sua retomada a partir de 1946. Os anos de 1940 a 1945, no contexto da Segunda Guerra Mundial, foram marcados por um discurso bastante tímido contra o comunismo. Ao que parece, as publicações seguiram na esteira das ondas anticomunistas, isto é, nos anos que o comunismo foi mais combatido. Através dessas publicações, foram-se desenvolvendo um imaginário anticomunista assembleiano, cujas representações se concentraram em apontar as doutrinas e práticas comunistas como antirreligiosas e contra a família tradicional. E não foi diferente nos anos de 1964 e 1967, ocasião em que o jornal Mensageiro da Paz teceu fortes críticas ao comunismo, pois este foi apresentado como séria ameaça à fé cristã evangélica. Em relação ao golpe militar de 1964, houve um profundo silêncio nos veículos midiáticos das ADs.”[3]
Não teríamos muito espaço aqui para falar sobre as tantas denominações cristãs brasileiras que, de maneira corajosa e convicta, se posicionaram ferrenhamente contra o comunismo. Preciso aproveitar esse pequeno espaço final para tecer uma crítica aos padres e pastores que não se atentaram ou não leram os posicionamentos oficiais de suas igrejas quanto ao comunismo. Ainda existe uma minoria de líderes religiosos (que não fazem diferença quanto ao número de votos que carregam) que acredita nas mentiras que o comunismo dissemina. Minha reprovação a estes líderes se dá não pela sua relevância política, mas pelo peso que carregam como líderes de igrejas. No livro de Tiago, no capítulo 3, versículo 1, lê-se sobre a responsabilidade dos líderes: “1Caros irmãos, não vos torneis muitos de vós mestres, porquanto sabeis que nós, os que ensinamos, seremos julgados com maior rigor.”
Por isso registro minha grande preocupação, sobretudo com alguns órgãos que foram criados dentro das igrejas, em especial na Igreja Católica. Tenho sérias desconfianças de que a CNBB foi criada para sustentar o mecanismo de implantação da famigerada Teologia da Libertação, que é, nada mais, do que a adequação das Sagradas Escrituras à interpretação tendenciosa para entendê-la como um conjunto de defesas ao socialismo. É cansativo ouvir um padre comunista pregar sobre Jesus como o primeiro comunista da história. (Já ouvi isso em treinamento oficial de lideranças católicas.) Veja o exemplo das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base). São grupos de fomento a pautas socialistas, que usam de reuniões de pequenos grupos, durante a semana, nas casas dos fiéis. Tive amplo acesso aos conteúdos dos livretos denominados “roteiros”. Nestes impressos estão contidas as pautas de esquerda que somente hoje são conhecidas, mas que estão presentes nessas publicações desde o início dos anos 1980.
Não poderia deixar de criticar líderes de igrejas evangélicas que defendem pautas da esquerda. Apesar de serem poucos, é importante citar algumas ações de pessoas com Caio Fábio, antigo pastor presbiteriano, que teve a carteira de pastor cassada depois de processo de adultério. Ele aparece defendendo e apoiando outra pessoa que se diz evangélica, Marina Silva. Aparentemente, a igreja evangélica brasileira foi menos atingida pelo comunismo, porém, há que se ressaltar que líderes e membros evangélicos recebem sansões de suas igrejas, em sua grande maioria, quando se decaem aos princípios comunistas.
As igrejas cristãs se opõem ao comunismo. Em documentos oficiais, elas não se desviam dessa responsabilidade. Resta ao povo cristão compreender que cada líder ou membro de igreja cristã que apoia a esquerda deve ser confrontado com temas como aborto, casamento religioso entre pessoas do mesmo sexo, movimentos terroristas como o MST e o MTST, tributação abusiva, supressão da propriedade privada, liberdade religiosa e política, direitos e deveres e, sobretudo, relativização de direitos de culto e de pregação da palavra de Deus.
Noyas:
[2] https://agrestepresbiteriano.com.br/a-posicao-da-ipb-sobre-o-comunismo/.
[3] As assembleias de Deus e o Regime Militar
Davidson Oliveira, para Vida Destra, 30/06/2022.
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