A expressão rabo preso foi a mais falada depois a situação protagonizada pelo senador Rodrigo Pacheco, nesta quarta (25), ao rejeitar ao menos a análise, ou a colocação em pauta, do pedido de impeachment movido por Jair Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes. Os brasileiros já entendem que o jogo político se tornou uma questão de proteção trocada entre poderes, no mais nefasto estilo “não me incomode que eu não te incomodo”.
O tão falado equilíbrio e a harmonia entre os poderes parecem ter sido criados já com a intenção de blindagem de interesses. Portanto não se deve acreditar que em algum momento a intenção era proteger a independência entre eles ou criar freios e contrapesos. Nas nações mais civilizadas da Terra não existem bênçãos sobre-humanas como foro privilegiado ou cargos vitalícios. Esses dispositivos que tornam seres humanos deuses deveriam ter sido corrigidos no ato de seu nascimento, mas com a hegemonia dos futuros ladrões da pátria na Constituinte, no final dos anos 80, parece que houve um planejamento para que, depois da consolidação do domínio, os freios e contrapesos e as bênçãos sobre-humanas servissem para blindar criminosos e seus agentes infiltrados nas frágeis e aparelhadas instituições.
O fato é que Rodrigo Pacheco, o Presidente do Senado, Casa do Povo, que não se comunica com o próprio povo, impede que seus eleitores e a população se posicionem sobre os assuntos que cabem a esta instituição. Com essa decisão, o Presidente do Senado faz aquilo que não surpreende ninguém, que é justamente este distanciamento do povo. A soberania dos brasileiros comuns nunca foi tão vilipendiada.
Para que possamos tirar conclusões mais racionais, veja a situação que somos obrigados a aceitar. Os presos políticos no Brasil, sobretudo aqueles que foram para atrás das grades a mando do STF, são a prova viva que o poder absolutista tomou conta da mais alta corte, a ponto de não haver mais a quem recorrer quando uma prisão ilegal é decretada por algum dos deuses togados. Um poder concentrado e ilimitado, sobre onze seres humanos que não passaram pelo teste das urnas, a sua vitaliciedade e a concentração desproporcional de poder em suas mãos, já estão fora de controle. Depois da prisão do deputado Daniel Silveira, o STF parece ter conseguido dar um grande passo para acabar com as mínimas chances de reação da única casa que poderia servir de limite para as atrocidades jurídicas cometidas pelos supremos deuses.
Nunca houve tanta necessidade de o povo tomar as ruas e exigir o fim da ditadura da toga. No dia 7 de setembro saberemos se o Brasil continua tentando seguir a sobrevida com uma Constituição socialista, aparelhada e mais emendada que uma colcha de retalhos, ou se o povo determinará, pela via constitucional, o fim do próprio diploma que o impede de ser uma nação e o faz ser um território, onde o povo vive refém de um sistema político notoriamente falido.
Davidson Oliveira, para Vida Destra, 26/08/2021.
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