Articulação! Essa palavra que me parece ter saído de um vocabulário médico geriátrico que cuida da osteoporose de amáveis velhinhos, é a mais nova sensação dos articulistas e especialistas em coisa nenhuma. A verdade é que existe um fetiche em torno do verbo articular. Daqui a pouco, esses mesmos especialistas dirão em tom professoral: o vírus chinês chegou ao Brasil por falta de articulação do Governo Bolsonaro!
O vírus chinês expôs o que já era consabido por todos: institucionalmente o Brasil é um país em frangalhos.
As instituições não estão em pleno funcionamento – é um caos orquestrado. Em tempos de pandemia histérica, o que temos assistido quase que incólumes é caolho se declarando rei em terra de cego. A democracia idolatrada por intelectuais blasé é uma verdadeira distopia, onde o que impera são palavras de ordem demonizando a maior expressão da democracia em si mesma: a participação popular nas decisões que pautarão o país em curto e médio prazo, e não somente quando se exerce um “direito obrigatório” que é o voto – o que é excrescente, pois se é imposto não é direito.
As instituições hoje, são parte primeva dos problemas que assolam o país. O que presenciamos como normalidade institucional é uma esbórnia que solapa o país com uma guerra assimétrica onde, principalmente a maior corte de justiça atua para calar os dissonantes ou para levar adiante pautas que não coadunam com os valores de um povo, simplesmente para satisfazer a súcia de progressistas que se utilizam do ativismo judicial como meio de dizer o direito – e repito: mesmo que para isso ousem dizer o que a Constituição não diz.
Tanto a pandemia quanto as eleições de 2018, descortinou esse teatro infernal que é a política das aparências que reinou em paz em Brasília ao longo dos últimos 30 anos. O Congresso é obsoleto pela natureza de seus ocupantes, pois assistem com uma passividade quase criminosa o solapar de poderes perpetrados pelo STF contra tudo e contra todos, e em grande parte até referendando ao esbulhar da Constituição.
O STF hoje é a principal força motriz de desestabilização do país. Por meio de decisões intestinais, dita os rumos do país: governa, legisla, investiga, julga, condena e manda prender, quem quer que seja – mesmo sem processo! O STF como instituição é de suma importância para a consecução da democracia, mas com essa confraria de ministros irresponsáveis, só conseguem impor o caos por meio de insegurança jurídica nunca vista em qualquer democracia sólida – com a exceção da venezuelana, que ao que tudo indica é a grande referência para a nossa Suprema Corte, pois emulam por aqui os mesmo erros cometidos por lá.
Ainda sobre a atuação da Corte Suprema, há que se pontuar que hoje os Estados e Municípios se transformaram em terra de cego, manda quem pode desde que se obedeça ao “JUIZ”. A pandemia chinesa causou um furor de decisões de puro devaneio, onde o que impera é: quem vai rasgar mais a Constituição para salvar “vidas”, pois vidas importam – economia, não! O vírus chinês fez surgir seres que vieram diretos do purgatório ou do próprio Hades para infernizar a vida do cidadão. Com a irresponsável decisão do STF de atribuir aos Governadores e Prefeitos poderes para decidirem sobre a forma de se combater a pandemia, principalmente em administrar sem nenhum zelo o dinheiro dos pagadores de impostos, vieram em seu bojo uma gastança irrefreável de dinheiro; livre de licitações que em um processo regular jamais ocorreriam. Dinheiro, e mais dinheiro! Só que essas antas, ao contrário dos pacatos animais silvestres, são hienas e urubus que farejam ao longe a oportunidade de capitalizar em cima da desgraça anunciada, e principalmente superdimensionada pela imprensa de crachá, a ponto de provocar uma paralisação nunca vista no país, coisa que nem o Partido dos Trabalhadores – PT conseguiu; mesmo quando tinha a sua disposição as chaves do cofre que alimentava sindicatos e movimentos especializados em vandalismo e atos bárbaros, como o MST, CUT e ET caterva.
É pandemia e ciência para todos os gostos e bolsos. É ciência… vocifera laconicamente um. É ciência… reverbera o blogueiro apocalíptico de números infundados em live com… Ministro do STF.
O STF implantou o caos, e suscitou uma leva de proto administradores que despacham diretamente de gabinetes localizados em varas judiciais, a disposição de qualquer oportunista que deseje uma sentença para chama de sua, tudo com o fito de combater a pandemia. Hoje, com as devidas exceções, qualquer juiz avoca para si a responsabilidade de administrar uma cidade ou Estado, ao retirar por meio de sentenças os direitos conferidos tanto pela Constituição aos executivos locais, como os “direitos extras” concedidos pelos deuses olímpicos – não sei o que é pior. A celeuma reside justamente aí. Se um prefeito ou governador tiver a audácia de fazer aquilo para o qual foi eleito, vai enfrentar uma decisão nervosa de um juiz que não foi eleito para nada. A guisa de exemplo, trazemos a lume que o TJDFT mais uma vez por meio de decisão monocrática, suspendeu o decreto assinado pelo governador Ibaneis Rocha, que permitia que as atividades econômicas fossem retomadas na próxima semana; ou seja, é o que comumente é chamado de vários aforismos como: “terra de cego”, “casa-da-mãe-Joana”, “se usa toga, chuta que é macumba”, dentre outros.
A situação é aterradora! Por outro prisma, os políticos articulados ou irmanados com o jornalismo dito profissional – que se acham os porta-vozes de toda classe científica (desde que ela contrarie a agenda do Governo, por que se for favorável será anátema. Hidroxicloroquina, então – nem se fale!) impõe um culto obsessivo a uma quarentena irresponsável, mesmo com as súplicas do Presidente que pede e sugestiona que as cidades voltem à sua normalidade.
Por último, e não menos importante, o senador de cara amassada que não inspira confiança nem quando está diante do espelho, enxerga que a solução é liberar “saldos” do Ministério da Saúde para que prefeitos e administradores utilizem esse recurso no combate a pandemia. Conveniente, não? Tenho a impressão de contemplar prefeitos e “gestores” sorrindo diabolicamente esfregando as mãos, e alargando as cuecas – afinal, encontramos uma justificativa para alocar mais recursos, tudo com a santa e pura finalidade de combater a pandemia!
É bom lembrar, que Davi Alcolumbre só ocupa a Presidência do Senado, e consequentemente do Congresso Nacional, porque somos um país de coitados e desafortunados que conta desgraçadamente com a má sorte de ainda ter um Renan Calheiros ativo na política, e em grande parte pela ineficiência da Corte Suprema regida pela covardia ou conivência, haja vista os inúmeros processos e inquéritos relativos aos crimes do Senhor de Alagoas e outros “aristocratas” de menor vulto, que prescrevem na maior cara dura no Templo de Têmis; caso contrário, essa geringonça vinda do Amapá, jamais seria presidente do Congresso!
Triste de nós, brasileiros que por muito tempo estivemos inertes em estado de pura indolência, onde desde a cultura aos mais diversos programas de políticas públicas acabaram por tolher capacidades e oportunidades, principalmente ao mostrar que só existe solução para a vida e seus atos mais corriqueiros se esta advir do Estado. É o que pode ser constatado após a leitura do livro “Pare de Acreditar no Governo – Por quê os brasileiros não confiam em políticos, e amam o Estado?”, escrito por Bruno Garschagen.
Assim, como não bastasse a literatura e canções populares retratarem esse espírito “indolente” dos bruzundangas –, até mesmo a literatura jurídica, descreve o brasileiro como uma espécie de cidadão biônico, onde ele é exaltado como pilar da democracia, desde que se manifeste somente em épocas de eleições ao apertar o número ungido e confirmar. E ai dele, se ousar manifestar-se em favor de um governo em atos claramente “antidemocráticos”, empunhando bandeiras do Brasil acompanhado de crianças e afáveis velhinhas que catam efusivamente o hino nacional, pois estão cansados de articulação e do modus operandi de uma política que se encontra nos estertores do limbo.
Só que essa visão de mundo defendida por estes cidadãos que despertaram de uma terrível hibernação não conta com a aprovação do jornalismo de DCE que perdeu sua ascendência sobre esses “ignorantes e iletrados”, o que resta agora é um resquício de influencia sobre as Cortes e Políticos com nomes e apelidos sugestivos nas Planilhas da Odebrecht e otras cositas a más. Esses são os mesmos blogueiros de jornais e revistas outrora relevantes que adoram defender as instituições do Estado Democrático de Direito, com uma única finalidade: fazer proselitismo rasteiro, dar estridência aos panelaços em janela solitária, como se fosse o som de irritantes “vuvuzelas”, mas isso são outros quinhentos!
Natalino Oliveira, para Vida Destra, 10/7/2020.
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Excelente artigo, Natalino! Lido e compartilhado!
Como sempre, mais um excelente artigo do Nino.
Obrigado, meu caro. Como sempre digo, espero estar contribuindo.
Excelente, Natalino. Vc demonstra que o que temos no Brasil, mais que uma pandemia, é um “pandemônio” calculado e promovido para a usurpação do poder popular.
Triste o país que conta desgraçadamente com um Renan Calheiros na política de seu país.
Já valeu a leitura do artigo. Parabens muito texto de suma importância para se ter uma ideia de como funciona o país nestes tempos de crise sanitária.
Muito bom
“O STF hoje é a principal força motriz de desestabilização do país. Por meio de decisões intestinais, dita os rumos do país: governa, legisla, investiga, julga, condena e manda prender, quem quer que seja – mesmo sem processo!”
Essa sentença resume o que se tornou o STF e o que se entende por instituições democraticas em funcionamento.
Parabéns ao autor pelo artigo, e ao portal por disponibilizar conteúdos relevantes.