Tomou posse anteontem, 16 de agosto de 2022, o novo imperador do Brasil, Alexandre, o Enorme. A cerimônia de coroação foi espetacular, uma verdadeira mostra de poder e de prestígio diante da imprensa e de figuras extremamente relevantes para o Brasil, como ex-presidentes, ministros, senadores e uma gama enorme de heróis da nação. O tapete vermelho e o tapete persa, este último destinado somente aos heróis mais divinos, estavam lá, para dar o que é merecido a tantas pessoas que dão suas vidas pela nação, se preciso for.
A cerimônia contou com ritos especialíssimos, entre eles a leitura de elogios ao imperador, exaltando suas habilidades como lutador de artes marciais, escritor e leitor das madrugadas e ferrenho defensor da democracia e do magnífico processo eleitoral que o Brasil tem e, talvez um dia, exporte para o resto das democracias do mundo, que ainda estão muito atrasadas no que diz respeito à aplicação de tecnologia nas eleições. Neste quesito as grandes e prósperas nações do Butão e de Bangladesh saíram na frente, junto ao Brasil de Alexandre, o Pequeno.
O novo presidente do eficientíssimo TSE, nosso imperador, é um homem de destaque em sua luta, pois com ele não há meias ações; se alguém contrariar suas ordens, falar o que lhe desagrada ou agir em desconformidade com as leis que ele mesmo cria, certamente é cadeia, sem processo legal e até mesmo sem crime, já que, como temos a honra de Alexandre ser brasileiro, sua brilhante mente é capaz de criar leis rapidamente, bastando um pensamento. Para que precisamos de uma constituição se temos Alexandre?
Sobre os heróis da pátria, presentes e dignos de estarem sobre o tapete persa, que estava sobre o tapete vermelho, já sabemos; são brasileiros especiais, talvez tão ungidos quanto Alexandre, o Enorme. Estavam lá, cheios de pompa, afinal nenhum deles deve algo à justiça brasileira, pois possuem aquilo que mencionei, são super humanos, brasileiros diferenciados. Ali estavam castas notadamente superioras, posando para fotos de alguns dos jornalistas que foram abençoados com a autorização de exercerem livremente sua profissão.
O imperador nem precisava fazer um ato de tanta pompa, já que os brasileiros já sabem que ele é inerrante, incorruptível e insuperável, por isso coroado imperador. Como todo imperador ele tinha seus súditos à sua frente, o exaltando e o bendizendo, só não estavam ajoelhados, pois o tapete vermelho já havia sido pisado por muitos outros súditos e poderia sujar os caros ternos e vestidos dos menos abençoados ali presentes.
A imprensa repercutiu muito bem o acontecimento. Alguns veículos o chamaram de herói, de líder na luta pela democracia e até de grande defensor do processo eleitoral, ameaçado por uma meia dúzia de loucos que desconfiam do ilibado sistema usado pelas três grandes democracias mundiais, Brasil, Butão e Bangladesh. Na verdade a imprensa tem parte grande na idealização desta coroação. Ela estava há tempos buscando uma forma de mostrar para o mundo que os brasileiros apoiam o imperador em tudo o que ele pensa, fala e escreve. E as imagens da coroação já rodaram ao mundo, provando que Alexandre, o Enorme, está reverberando a vontade popular de afastar qualquer desconfiança do perfeito sistema eleitoral brasileiro, à prova de fraudes, tirando, é claro, o episódio da invasão do hacker que foi preso por invadir os sistemas do TSE recentemente e do relatório da Polícia Federal que diz que não é possível saber o destino do voto entre a votação e a apuração. Essas foram teorias conspiratórias criadas pelos inimigos da nação.
O fato é que agora podemos dormir tranquilos. Alexandre, o Enorme, está no lugar que deveria estar. Ele controla os destinos da democracia no Brasil. Ninguém melhor! Estamos seguros. Qualquer resultado diferente daqueles que já divulgam amplamente as pesquisas dos isentos e certeiros institutos que já conhecemos, será considerado golpe e poderá levar a eleição a uma impugnação, já que o imperador está sempre atento e sabe, melhor do que todos nós, o que é melhor para o povo.
Ah…O povo? Este não sabe muito bem o que é melhor pra ele. Por isso, não se preocupe! O TSE agora está em boas mãos. O resultado das urnas sagradas será o melhor para a nação.
Davidson Oliveira, para Vida Destra, 18/08/2022.
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