Bastou Bolsonaro escolher o número 38 para seu partido para a imprensa encardida – sempre ela – sair dizendo que a escolha desse número revela o espírito armamentista que predomina em nosso presidente.
É bem verdade que Bolsonaro se elegeu fazendo, entre poucas promessas, a de flexibilizar a posse de armas de fogo para a população cumpridora de seus deveres e socialmente útil, especialmente no campo. Também é verdade que a questão do desarmamento civil já foi objeto de plebiscito no Brasil, ficando evidente que essa população útil é favorável à posse de armas de fogo. Não tenho nenhuma dúvida de que a defesa de Bolsonaro em relação a essa questão lhe granjeou boa parte dos votos que teve. Afinal, o gesto de mão simbolizando uma arma de fogo viralizou nas Redes Sociais e se tornou marca registrada da sua campanha.
Portanto, o comentário da imprensa em nada contraria os anseios de uma população cansada de ser submetida à sanha homicida de ladrões que assaltam e matam ao menor sinal de reação e, muitas vezes, sem que haja reação alguma por parte de vítimas, tornadas indefesas por governos corruptos que compartilham com a bandidagem os mesmos valores distorcidos.
O que chama a atenção é que essa mesma imprensa que torce o nariz para a escolha do número 38 para o partido “Aliança pelo Brasil”, jamais fez qualquer comentário desabonador em relação a outros partidos que adotaram números que guardam relação com calibres de armas de fogo. Exemplos não faltam.
O PDT adotou o nº 12, que é o mesmo do calibre mais potente para espingardas. O PR adotou o nº 22, que corresponde a um calibre quase anêmico de pistolas e carabinas. O PSB adotou o nº 40, que corresponde ao calibre de pistolas adotadas pelas POLÍCIAS MILITARES de todo país, assim como o PRP adotou o nº 44 e PSDB adotou o nº 45, correspondente a um dos mais potentes calibres militares para armas curtas. E para não esquecer, é preciso dizer que o PSOL adotou o nº 50, que corresponde ao calibre de armas de máxima potência, como é o caso da metralhadora Browning .50.
Então, por que para essa extrema-imprensa, o único número de partido que incomoda é o 38 de Bolsonaro? Será que não sabem que existem outros partidos com números correspondentes a calibres de armas de fogo? Ignoram, por acaso, que Bolsonaro é o 38º Presidente do Brasil e que essa pode ter sido a razão da escolha do número do partido?
Cabe indagar: é pura ignorância, implicância ou verdadeiro estelionato intelectual? Penso que é uma mistura das três possibilidades. Mas mesmo admitindo que a escolha de Bolsonaro tenha sido uma referência ao calibre de uma arma de defesa, faço questão de dizer que se esse for o caso, ele tem todo meu apoio.
Laerte A. Ferraz, para Vida Destra, 27/11/2019.