ALGUNS INIMIGOS
Existem alguns tipos de inimigos, e nenhum deles é bom de se ter.
Existe o inimigo declarado, explícito, e que você sabe que terá de combater, caso não queira sucumbir.
Outro tipo é o escondido; é aquele que você não vê, mas sabe que está por ali em algum lugar. Esse é pior que o inimigo declarado.
O terceiro e último tipo que quero comentar é pior que os dois anteriores; é o inimigo camuflado.
É o que se finge de justo e correto, mas é nada parecido com isso. Esse tipo é mais traiçoeiro, insidioso, odiento e vingativo; é o que se passa por isento, mas tem um lado bem definido e sob o qual ficam subjugadas todas as suas atitudes.
Esse terceiro tipo, que age com artimanhas normalmente aparentando como se amigo fosse, muitas vezes é aquela mídia nojenta que mente e omite; a que deveria noticiar para que o leitor, o ouvinte, ou espectador formasse sua opinião.
É a que deveria entregar os ingredientes para que pudéssemos formar o prato ao nosso gosto, seja esse gosto qual fosse; mas não, o que faz é entregar um prato pronto e sempre carregado nos temperos que lhe aprazem, além de bem apimentados.
JOÃO DÓRIA – O DEUS
João Dória, governador do estado de São Paulo (lamentavelmente para nós, paulistas) também pertence ao terceiro tipo; ardiloso, inescrupuloso, arrogante e com as cores da megalomania.
O self-made man João Dória amealhou uma fortuna por volta dos 200 milhões de reais, aparentemente em função da sua capacidade profissional; mas na condição de político, não passa de um marqueteiro barato; e esse marqueteiro é aqui usado no aspecto mais negativo desse termo enquanto adjetivo.
Em março do ano passado, poucos dias após a OMS ter declarado estado de Pandemia da COVID-19 e em reunião dos governadores com o presidente da república, o governador Dória, certamente com o objetivo de ser considerado como líder dos governadores e de sair bonito na foto, resolveu tentar enquadrar o presidente da república em plena reunião. Bolsonaro é um sujeito sanguíneo e de formação militar e que parece não ter participado do curso “A Arte de Engolir Sapos”.
Não engoliu.
Retrucou e desancou o outrora e a contragosto parceiro da dupla “BolsoDória” em 2018.
Há um livro com o pomposo título “Sucesso com Estilo”. Seria de se imaginar que a pessoa que escreveu esse livro tivesse o estilo mencionado no título em vez de tentar cartadas intimidatórias em uma reunião com os ocupantes dos principais cargos executivos do país.
JOÃO DÓRIA – O BABACA E TRAIDOR
Dória não é neófito na função de traidor político; além de Bolsonaro teve outros “parceiros” transformados em desafetos, e não foram poucos, e dos que já receberam o seu apoio, há alguns tão opostos quanto o próprio Bolsonaro e Fernando Haddad.
A atuação política gera desafetos, coisa comum em atividade de fortes disputas, mas João Dória age com temperamento colérico e em sua luta fratricida manda a ética para as calendas.
Um exemplo é Geraldo Alckmin, o picolé de chuchu, que é conhecido no meio político pela postura equilibrada.
A exceção à essa regra foi a altercação com Dória, na qual esse último foi chamado de “traidor”, em alto e bom som, após vencer o pleito de 2018.
Mais um para o caderninho.
O MARQUETEIRO
Dória se elegeu prefeito de São Paulo logo no primeiro turno em 02/10/16 com a promessa, dentre outras, de cumprir o mandato; e essa promessa foi quebrada somente 15 meses depois, com a renúncia em 12/03/18.
As ações de marketing vieram desde o primeiro dia: São Paulo Cidade Linda; guerra aos pichadores; doações de veículos para segurança nas vias Marginais Tietê e Pinheiros, Corujão da Saúde (o programa de maior visibilidade para o mascate, digo, marqueteiro); muro de vidro separando parte da USP da marginal Pinheiros; jardins suspensos na Avenida 23 de Maio, etc.
Todas elas foram ações de impacto, mas que foram fenecendo e a maioria sumiu por completo.
O objetivo era somente para fixação da marca “João trabalhador” para o alcaide que se vestia de gari nos finais de semana e era flagrado de forma agendada (a incoerência foi proposital) e com tudo meticulosa e competentemente preparado para causar a boa impressão.
O marketing funcionou a ponto de esconder a renúncia à prefeitura.
Empresário competente que é, passou para muitos a impressão de que poderia atuar como um bom gestor aliando a função de captador de recursos.
O grande gestor Joaozinho tranca rua andou confundindo as coisas.
Quando se falava em vender o estado de São Paulo, isso era dito como uma metáfora para vender a imagem de investimento seguro; mas o governador parecia mais estar se utilizando do verbo vender no sentido literal; e o sonho maior talvez seja o de vender o Brasil.
TRAIDOR DA POPULAÇÃO
Pior ainda do que trair outrora parceiros políticos foi o ato de trair a população do estado onde foi eleito; e se o marketing funcionou para o pulo da prefeitura para o Palácio dos Bandeirantes, perdeu a eficácia e não terá força para ejetar o João Trabalhador até Brasília.
A Pandemia instalou no planeta dúvidas e quase que nenhuma certeza; os protocolos existentes se mostraram fracos e ineficazes, porém seria de se esperar que um gestor acima da média conseguisse criar ações que fossem pelo menos coerentes e coordenadas. Não é o que se vê.
O direito de decidir como melhor lhe conviesse foi dado pelo STF.
Os recursos para o combate à pandemia foram repassados pelo governo federal.
Então o governo do estado toma as medidas que quiser, recebe os recursos extras dos quais necessita, não consegue combater a epidemia (e nem estou falando dos números engordados desde o início), e então cria um novo paradoxo, tentando colar no presidente da república a total responsabilidade pela situação de hoje, que está pior do que há um ano.
NOVAS CAMISETAS
Na campanha da qual pretende participar em 2022 o protótipo de bom gestor precisa prever o gasto com novas camisetas, pois as do ”Bolsodória” perderam a validade pouco depois das eleições.
Tenho uma modesta sugestão, uma frase que identificasse o candidato e sem o nome de mais ninguém.
Que tal: João Traidor?
Reginaldo Brito, para Vida Destra, 19/03/2021. Sigam-me no Twitter! Vamos debater o assunto! @Reginaldoescri1
Crédito da Imagem: Luiz Augusto @LuizJacoby
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Neste brilhante artigo de @Reginaldoescr1 em que enquadra João Dória como marqueteiro enganador e traidor, fico perplexo como o TRE-SP e TCE-SP não viram os malabarismos que fez na Embratur e na Prefeitura. Parece até com o filho do Lulinha saiu do Zoológico e ganhou a Mega Sena.