A teoria do caos resiste à linearidade e mantém acesa a inconstância circunstancial.
O ano era 1963, quando o meteorologista, matemático e filósofo do MIT, Eduard Norton, permeou na ciência um pensamento avesso à trivialidade secular e explicou o fenômeno do EFEITO BORBOLETA, segundo o qual, conforme artigo publicado em 1972, “o bater das asas de uma borboleta no Brasil poderia causar um tornado no Texas”. Embora o título cause-nos estranheza, não devemos indagá-lo num sentido literal, mas numa série de fatores que, em conjunto, poderiam, a partir de sensações iniciais na Teoria do Caos, transformar a ordem sensorial e prática do curso histórico.
Ao passo em que fomos apresentados à esta incomensurável obra, vertiginosa e fonte inenarrável do campo físico, passamos a aplicá-la ao nosso cotidiano, considerando, é claro, qualquer alteração inesperada pressuposta de ações antecessoras. Portanto, proponho ao leitor, livre de pré-conceitos e limitada abertura intelectual, um paradoxo entre o tema e a situação social-política da nossa contemporaneidade.
Imagine, por um instante, que o encontro de Bolsonaro com Trump, já ocorrido, tivesse pequenos imprevistos: um atraso no vôo, um erro de script, uma divergência na agenda. Imaginou? Agora, imperfeito e frustrante, as manchetes reiterassem o hipotético fiasco e enfraquecessem as relações Brasil-EUA. Mantenha-se preso à hipótese e considere um cenário em que a iminência do efeito borboleta fosse constante em virtude da força carregada pela oposição “left-dark”. Pois é, neste paralelo, estaríamos flertando com um fenômeno natural de proporções colossais. Neste caso, devemos nos atentar e ter cautela às tomadas de decisões para minimizarmos quaisquer possibilidades negativas.
Contudo, agora na realidade estabelecida do presente, superamos o primeiro obstáculo e saímo-nos salvos do caos, mantendo-nos estáveis e organizados num ponto de vista ideológico e à longo prazo. Ainda assim, é fundamental que tenhamos conosco a presunção do fracasso como sustentação dos estudos de Norton, pois, o menor dos desvios de nosso governo pode culminar num problema desproporcional nas parcerias externas, dando vazão retórico ao axioma da Teoria do Caos, destruindo de Brasília à DC, de São Paulo à Manhattan, do tupiniquim ao estadunidense, pois aquilo (o efeito), reage em cadeia, faísca, risca, trisca, rodeia e dispara o tiro certeiro.
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