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ELEIÇÕES MUNICIPAIS E A CRISE DA REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA BRASILEIRA

As eleições municipais estão a caminho. Isso me faz lembrar das passeatas que inundaram as ruas das capitais brasileiras em 2015 e traziam estampadas em faixas e cartazes diversas palavras de ordem. Dentre elas, uma que ficou consagrada pela repetição constante foi: “Fulano não me representa”.

Ninguém ignora que há um viés político, uma disputa específica partidária em jogo. Mas acredito que há mais que isso. Está em jogo o formato do próprio sistema democrático que nos foi vendido.

O fato é que as proposições apresentadas pela teoria clássica da democracia, apesar de serem utilizadas como discurso político ideológico, não são aplicáveis dentro do contexto político moderno. Há uma tendência, não só no Brasil, mas também no resto do mundo, de destoar do discurso democrático.

O que é vendido para nós, meros mortais, é que a democracia é um instrumento de poder popular. Ora, não está estampado em nossa Carta Magna que todo o poder emana do povo? Compramos essa ideologia e acreditamos piamente que o indivíduo é o participante ativo da vida política. Os governantes eleitos teriam de governar cumprindo unicamente a vontade geral do povo para o bem comum, fazendo jus ao poder que lhes fora delegado. Entretanto, na prática a teoria é outra.

Na prática, a democracia tornou-se um meio para aproveitadores.

Não só no Brasil, mas nele especificamente, nossos partidos políticos criaram uma oligarquia partidária bastante elitizada, pela qual fazem com que o sufrágio universal passe a ser um meio de disputa pelo voto livre do povo numa competitividade para o monopólio do poder. As rédeas do poder devem ser dadas ao grupo (partido) que tiver o apoio da maioria. No frigir dos ovos, a soberania popular acaba restringindo-se apenas ao ato de eleger e depor governantes por meio do sufrágio universal.

Não é à toa que as pessoas se sentem não representadas pelos seus parlamentares e governantes! É a crise da representatividade na qual o que prevalece é a agenda do partido e não o interesse da maioria, numa busca maquiavélica pela manutenção do poder. Nestas eleições municipais precisamos mudar esse quadro. Em outra oportunidade falarei como é possível não cair nas armadilhas politiqueiras das velhas raposas.

Paulo Cristiano da Silva, para Vida Destra, 25/07/2020
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3 COMMENTS

  1. Seja bem-vindo ao time e parabéns pelo ótimo artigo de estreia!
    De fato, precisamos urgentemente repensar nosso sistema eleitoral, se quisermos obter resultados diferentes das nossas ações políticas!

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É natural de São José do Rio Preto, casado, servidor público com formação em Ciências Sociais e pós-graduado em Ciências da Religião e Teologia.