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Exemplos que ficam

Chegamos em um daqueles pontos históricos onde a natureza retórica do homem dirá daquele período em que o Brasil, afogado em suas contradições, pedia desesperadamente algo que o tirasse daquele lamaçal em que se encontrava.

Não há como buscar as inspirações que favorecem a liberdade, se ignorarmos a grandiosa lição dada pelos nossos irmãos do Norte, quando declararam sua independência no ano de 1776. Pouco antes, tomados pelo calor das emoções e rejeitando as inúmeras arbitrariedades do Rei George III, a Convenção da Virgínia de 1775 teve papel fundamental para o ideário da revolução americana, destacado nas palavras de Patrick Henry que gravou para a história um dos mais belos discursos sobre o homem livre.

Neste link aqui, poderão escutar a narração na íntegra deste belo e inspirado discurso de Patrick Henry. Naturalmente, não tenho aqui a pretensão de me igualar ao feito destes grandes senhores e senhoras, nem posso dar cabo de toda a sua fala inspirada para não entediar o leitor, porém, permitam-me transcrever apenas o parágrafo final, que, talvez possa nos inspirar nestes dias turvos e inseguros: 

“Os homens poderão gritar: Paz! Paz! Mas a paz não existe. A guerra já começou. O próximo galeão que parte do Norte trará aos nossos ouvidos o retumbar das armas. Nossos companheiros estão nos campos de batalha! Por que permanecemos, então, inativos? O que os homens desejam? O que querem? Esta é a vida tão apreciada, a paz tão doce, como para ser comprada ao preço de grilhões e escravidão? Não permita, Oh Deus Onipotente! Ignoro o curso que outros hão de tomar, mas a meu respeito: dai-me a liberdade ou dai-me a morte!”.

Na sequência dos acontecimentos da revolução americana, quando do cerco à cidade de Boston no natal frio de 1776, enquanto os soldados britânicos se aqueciam nas lareiras das casas invadidas em meses anteriores, o improvisado exército americano sentia em seus ossos o vento gélido correndo por entre as trincheiras. Nesses dias de desesperança, o jornal Common Sense intitulando o artigo “American Crisis”, nas palavras inspiradas de Thomas Paine, correu os frios campos encorajando os entrincheirados. Suas palavras mudaram o destino daqueles homens que bravamente permaneceram todo o inverno sustentando o cerco.

Permitam-me mais uma transcrição que lhes sirvam para essas horas em que o frio deste socialismo pérfido nos toma de assalto:

“Estes são os tempos que tentam as almas dos homens. O soldado de verão e o patriota do sol vão, nesta crise, recuar do serviço de seu país; mas aquele que está por agora, merece o amor e a gratidão do homem e da mulher. Tirania, como o inferno, não é facilmente conquistada; contudo, temos esse consolo conosco, que quanto mais difícil o conflito, mais glorioso é o triunfo. O que obtemos muito barato, estimamos muito levianamente: é só a bondade que dá a cada coisa o seu valor. O céu sabe como colocar um preço adequado em seus bens; e seria estranho, de fato, se um artigo tão celestial como a liberdade não fosse altamente avaliado (…)”. 

E por fim, prezados leitores, conclamando um pedido sincero pela resistência a essa tirania oculta em forma de bom socialismo, falaciosa e cheia de meneios fingidos e maquiados numa pseudo igualdade e uma bondade teatralizada, é que temos que buscar inspiração em feitos legítimos e autênticos.  Para tal, deixo estes entremeios particulares sustentados pelos grandiosos que, figurando na história da humanidade, firmaram na Declaração da Independência dos Estados Unidos da América um exemplo para todos os povos livres da terra:

Quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário a um povo dissolver os laços políticos que o ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e separada, a que lhe dão direito as leis da natureza e as do Deus da natureza, o respeito digno para com as opiniões dos homens exige que se declarem as causas que os levam a essa separação.

Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade. Na realidade, a prudência recomenda que não se mudem os governos instituídos há muito tempo por motivos leves e passageiros; e, assim sendo, toda experiência tem mostrado que os homens estão mais dispostos a sofrer, enquanto os males são suportáveis, do que a se desagravar, abolindo as formas a que se acostumaram. Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objeto, indica o desígnio de reduzi-los ao despotismo absoluto, assistem-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e instituir novos Guardiães para sua futura segurança (…)”.

A clara polaridade política estabelecida em nosso país não é, a meu ver, um problema, pois torna-se necessário o contraditório saudável e respeitoso. Toda a hegemonia de pensamento tende ao determinismo ditatorial de se obrigar apenas um viés, além de acomodar os guardiães de uma ideia monolítica a garantia equivocada de que sempre estão certos já que nunca existe o pensamento oposto a lhe vigiar a arrogância e a prepotência que ronda a alma de todos os seres humanos.

Porém, prezado leitor, aqui, discorridas estas palavras, não vejo que o atual cenário se remeta a uma democracia saudável ao ponto de opostos viverem harmoniosamente. Falo de um assalto ocorrido ao longo de décadas e que capilarizou em todos os meandros da estrutura política, jurídica, governamental e da imprensa do país, a doença do relativismo imoral que aceita o roubo, a injustiça, a prevaricação, a ignomínia em detrimento de um projeto de poder que nada quer além de sugar nossas reservas e o sangue de nosso trabalho.

O apelo vai para que todos os homens e mulheres de bem se unam à causa de libertar o Brasil das tiranias desta cleptocracia despótica que comprou cargos, leis, imprensa, terras e poder, mas seguramente não conseguiram comprar nossas almas e nossa dignidade.

O Brasil sempre estará acima de tudo!

 

 

Adriano Gilberti, para Vida Destra, 14/07/2021.                                                              Sigam-me no Twitter, vamos debater o meu artigo! @adrianogilberti

 

Crédito da Imagem: Luiz Jacoby @LuizJacoby

 

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1 COMMENTS

  1. Excelente resgate histórico! Precisamos nos inteirar do passado para que não nos escravisemos no presente. Parabéns pela reflexão!

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Adriano Gilberti – C.O da Startup Transcender Studios. Comunicólogo, Relações Públicas, Cineasta, escritor e roteirista com diversos trabalhos no cinema e teatro. Autor dos livros “Cartas para Palavra” e “Necas de Pitibiriba”. Indicado como melhor ator longa metragem 2010 com o filme "Bem Próximo do Mal" pelo prêmio Sesc/Sated. Sua dramaturgia Belatriz recebeu três indicações no prêmio Usiminas/Sinparq.