Eu aqui, pensando alto, fico me perguntando o que permite ao presidente de um país o atrevimento de propor à comunidade internacional uma intervenção direta no território de outro país, igualmente democrático e soberano, cuja área territorial é constante e sem contestação, há mais de 300 anos? Pois foi exatamente isso que o birrento presidente francês fez em relação à Amazônia brasileira, argumentando, como pretexto dessa proposta absurda, que a floresta amazônica estava sendo consumida pelas chamas e que isso é de interesse mundial. Acusou Bolsonaro de não cuidar do “pulmão do mundo”, como se queimadas na Amazônia fossem uma novidade e que as atuais estivessem fora de qualquer controle e como se, de fato, a Amazônia fosse o “pulmão do mundo”, designação totalmente inverídica (temas abordados no artigo https://vidadestra.org/duvida-nenhuma/).
É claro que sabemos que por trás desse indignante insulto ao nosso país, há o temor dele em relação ao acordo recentemente firmado por Bolsonaro entre o MERCOSUL e a UE que, segundo segmentos agropecuários franceses, poderá causar imensos prejuízos a eles, incapazes que são de competir quando produtos sul americanos – e especialmente brasileiros – chegarem ao mercado europeu sem as barreiras protecionistas hoje existentes. Seguramente outros países europeus têm temor semelhante. Mas não fica nisso. Antes fosse apenas isso, como já denunciado publicamente por Boris Johnson, o primeiro ministro britânico. O atrevimento revela algo mais perturbador. Vejamos.
O receio de que a comunidade européia seja invadida por commodities agropastoris a preços mais competitivos, é real e faz sentido. Foi por essa razão que o acordo acertado na última reunião do G 20 demorou 20 anos para ser confirmado. Só que isso é inevitável, pois a Europa, como um todo, não tem capacidade de abastecer o próprio mercado no longo prazo, sustentando subsídios cada dia mais inviáveis para qualquer governo. Coisa da Social Democracia que vigora há décadas por lá e que se constitui numa bomba relógio econômica que explodirá, cedo ou tarde, no colo de todos governantes europeus. É notório que a produção agropastoril da Europa – apesar de eficiente – está com tendência de retração, segundo dados da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, enquanto a dos países emergentes está em expansão, uma necessidade para o Mundo que demandará o dobro de alimentos nos próximos 30 anos. Faltam terras para eles, coisa que absolutamente não falta para países do MERCOSUL, principalmente o Brasil, além do Canadá e Austrália, por exemplo.
Desencadear uma cruzada ambientalista mundial em relação às queimadas na Amazônia brasileira não faz sentido, pois florestas estão em chamas pelo Mundo. Há queimadas devastadoras e mais intensas na Bolívia, em Angola, no Congo, Moçambique, Madagascar e na taiga siberiana e disso o Presidente francês nada falou. Ele localizou o problema no Brasil. Aqui começa a haver a evidência que a proposta dele tem viés ideológico, pois tanto a Bolívia, quanto Congo, Moçambique, Angola e Rússia, são países governados pelas esquerdas, tal como a França de Macron, enquanto o Brasil tem, agora, um governo declaradamente de direita. Será que isso explicaria o porquê Macron se calou em relação às queimadas na Amazônia brasileira em passado recente? Suspeito que sim.
Mas o outro ângulo dessa questão é que não é de hoje que vários países falam que o Brasil deveria aceitar uma “soberania relativa” sobre a Amazônia, sob o silêncio constrangedor da ONU. No último dia 23 de agosto, o jornalista Boris Casoy, demonstrando que essa aspiração é antiga por parte de vários países, citou frases do ex-presidente socialista francês, Francois Mitterrand, do ex-vice presidente norte americano Al Gore e do ex-primeiro ministro inglês John Major, sobre essa questão. Mitterrand foi quem primeiro falou em “soberania relativa”, enquanto Al Gore – cujo maior fiasco foi o alarmismo sobre aquecimento global – afirmou que “a Amazônia pertence a todos nós” e Major falou em intervenção militar na Amazônia. Até mesmo o ex-mandatário soviético Mikhail Gorbatchov disse que ‘O Brasil deve delegar parte de seus direitos sobre a Amazônia aos organismos internacionais competentes’.
O que isso revela? Na minha forma de ver, revela que realmente eles não nos levam a sério e parecem esquecer que o Brasil é o país que mais conserva o meio-ambiente, com uma legislação extremamente avançada, além de ser a oitava economia mundial, conforme dados de 2017. O que existe por trás dessas afirmações, às quais Macron fez coro, é a ganância de vários países pelas imensas riquezas existentes na Amazônia, ainda praticamente inexploradas. Não houvesse isso, jamais o presidente de um país como a França sequer se atreveria em fazer tal sugestão. E tenho certeza que a cobiça internacional não se restringe à Amazônia, mas também recai sobre as imensas reservas de petróleo de nossa plataforma continental.
Bem fez Bolsonaro em afirmar que haverá mudanças em relação à exploração da Amazônia, assim como reafirmou, em alto e bom som para correspondentes internacionais, que a Amazônia nos pertence. Da mesma forma, penso que a recente aproximação entre Bolsonaro e Trump nos favorece, pois dele nada temos a temer. Penso ainda que está mais que na hora das Forças Armadas, sucateadas por quase três décadas de governos esquerdistas, se reaparelhar, se modernizar e se preparar para repelir qualquer iniciativa contra nossa soberania, pois tenho certeza que a molecagem verbal de Macron reacendeu a sanha gananciosa de muitos governos, especialmente das esquerdas.
Laerte A Ferraz, para Vida Destra, 11/09/2019.
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Laerte….sua excelente matéria acendeu curiosidade em minha mente. Porque a Guiana é francesa. Não deveria ser nosso aquilo ali. Que tal “Brasileirarmos” a Guiana. !!!!
Abcs