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O DESCOMPASSO ESTATÍSTICO DA COVID-19

Porque a taxa de letalidade da COVID-19 é tão alta e agressiva no Brasil, se os números totais são tão baixos e até inexpressivos em relação ao seu tamanho e ao total de sua população?

Enquanto este artigo está sendo escrito, milhares de pessoas são contaminadas e curadas sem nem mesmo saber que o foram. A pandemia COVID-19 se espalha pelo mundo de forma, mais ou menos, padronizada em termos de números, mas no Brasil, bem, aqui parece que outros fatores influenciam as informações acerca da doença.

O vírus já contaminou mais de 800.000 pessoas e matou quase 39.000 em todo o mundo, em apenas 3 meses de descoberto. A média mundial de casos é de 103 pessoas contaminadas por milhão de habitantes e a de mortos é de 5 por milhão.

O COVID-19 foi identificado pela primeira vez no Brasil em São Paulo, no dia 22 de fevereiro. O infectado era um idoso de 61 anos vindo da Itália. Imediatamente foi decretado emergência de Saúde Pública no país e nenhuma medida foi tomada pelos Estados, em especial em São Paulo, que realizou o maior Carnaval de todos os tempos, uma aglomeração de proporções épicas com a participação de mais de 15 milhões de pessoas e movimentando mais de R$ 3 bilhões na economia da cidade.

A cidade de São Paulo é a porta de entrada da maioria dos voos internacionais que chegam ao Brasil. Os aeroportos de Guarulhos e Congonhas, juntos, movimentaram mais de 60 milhões de passageiros em 2.019.

Contudo, em São Paulo e em outros estados do Brasil foi decretado pelos seus Governadores uma espécie de quarentena proibitiva que fechou comércios, indústrias e praticamente parou, economicamente, o Brasil. Tal medida foi tomada com base em uma declaração da Organização Mundial de Saúde, entretanto, desconsiderou, completamente, as estatísticas brasileiras.

O Brasil encontra-se com estatísticas muito abaixo da média mundial. As médias brasileiras são: 22 contaminados por milhão de habitantes e de 0,8 mortos/ milhão.

No Brasil, até 30 de março de 2020, foram reportados 4.579 casos, 159 óbitos e uma letalidade de 3,5%, sendo o estado de São Paulo o maior em número de casos. Nesse Estado, foram informados 1517 casos de infecção e o maior número de mortos do País, 113, apresentando uma letalidade de 7,4%. Se tirarmos São Paulo do contexto brasileiro, a letalidade do vírus no Brasil seria de 1,5%, muito abaixo da média mundial.

Talvez, a histeria criada com a “quarentena”, causada por desinformação e excesso de informações negativas veiculadas sejam um viés de confirmação, em “looping”. Quanto mais terror, mais os dados normais parecem ruins, quanto mais parece ruim, mais terror e mais os dados normais parecem ruins e etc. Então, a população se vê indefesa e é forçada a obedecer as medidas descabidas e infundadas que retiram os direitos fundamentais do cidadão.

Definitivamente, a análise dos dados comparativos entre o Brasil e os demais países do mundo não justifica a contundência das ações tomadas contra a população sob o manto da proteção da vida.

Há, ainda, relatos de médicos que reportaram ter recebido orientações para realizar a inserção da causa mortis COVID-19 em todas as mortes em que não puderam ser reconhecidas. Tal medida, se foi executada de forma generalizada, com certeza contribuiu para a desinformação e para a anomalia dos dados estatísticos, inflacionando o número de mortos e causando mais terror no seio da população.

Aqui começa o descompasso estatístico do COVID19-BRASIL. Se aplicarmos a mesma taxa de mortalidade no Brasil em São Paulo, teríamos que ter, no mínimo, 73.000 pessoas com a comprovação de infecção pelo vírus e não apenas 1.517 infectados, no Estado.

Se fizermos um exercício especulativo, onde todas essas pessoas em São Paulo tivessem sido contaminadas no período do carnaval, então teríamos um percentual de infecção em 0,2 por milhão de habitantes, um percentual 200% menor que o brasileiro atual, uma situação a ser elogiada, já que seria um “case de sucesso” de combate ao COVID-19. O que explica esse descompasso?

As possíveis explicações são muitas, vou iluminar algumas.

  • Auto imunização da população no Carnaval. A presença de mais de 15 milhões de pessoas no Carnaval de São Paulo, sem controle algum, pode ter gerado uma contaminação coletiva de grandes proporções.
  • Subnotificação de casos causada por falta de testes eficientes. Ainda não chegou ao Brasil a quantidade de testes suficientes para testar eficientemente todas as pessoas que apresentam sintomas.
  • Automedicação do brasileiro. O brasileiro tem uma cultura de se automedicar, em especial em tempos de internet. Como a maioria das pessoas vai pegar o vírus e vai apresentar apenas sintomas brandos da doença, muito similar a uma gripe comum, é possível que os brasileiros não comuniquem a doença com mais frequência do que o considerado normal.
  • Inflação do número de mortes. Se todas as causa mortis desconhecidas forem classificadas como morte por COVID-19, pode explicar parte das anomalias verificadas.
  • Uso político da pandemia. 2.020 é um ano eleitoral e os adversários políticos tem aproveitado a pandemia para tentar enfraquecer os atuais governantes das esferas federal, estaduais e municipais, com o objetivo de auferir lucros futuros que facilitem reeleições ou a eleição de seus favorecidos.
  • Terrorismo “mainstream”. A repetição, incessante, de notícias ruins e desanimadoras pela mídia com objetivos obscuros (ainda não revelados) torna a população refém de dados estatísticos alarmantes, que podem estar sendo divulgados de forma a manter o estado de histeria coletiva.

O combate ao COVID-19 está sendo um desafio incomum. Tem em si o combate à expansão e controle da pandemia, mas também traz um conjunto enorme de dados ainda não tratados estatisticamente cuja diversidade de interpretações está levando a uma onda de oportunismo político, econômico e desinformação generalizada.

O fim da crise COVID-19 ainda não pode ser visualizado, é hora dos brasileiros se unirem e o combaterem, incluindo os males de desinformação e terrorismo que o acompanham bem de perto.

Clynson Oliveira, para Vida Destra, 31/3/2.020.

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2 COMMENTS

  1. Concordo plenamente Doutor, sua visão em minha humilde opinião reflete a realidade e mesmo que eu não queira polarizar nem politizar esta questão não restam dúvidas de que alguns políticos e autoridades querem usar os cadáveres como palanque e por cima desses corpos auferir lucros eleitorais para seus benefícios…

  2. Perfeito! Só gostaria de saber se os testes para o covid19 feito em laboratorios particulares são confiáveis, pois uma amiga fez! Grata!

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PhD em ciências militares e guerra psicológica pela ECEME e Mestre em gestão de projetos pela FGV Atuou em mais de 10 países incluindo EUA, Haiti e Índia É professor de MBA de Gestão Empresarial e Financeira da Universidade Estácio de Sá e empresário na área de consultoria em inovação e economia digital