Ou porque a desobediência civil é a única resposta que líderes inadequados devem receber.
Meu professor de artes marciais, Michel Veber, ensinava: “Quando você começar a bater, não pare mais, senão você vai começar a apanhar.”
Olavo de Carvalho
Freedom, in any case, is only possible by constantly struggling for it.
Albert Einstein
A situação atual
O acúmulo de abusos dos direitos constitucionais e humanos nesta tempestade absurda e duradoura que se tornou a pandemia do CCP vírus – que passou a ser chamado de COVID-19 após propaganda chinesa – fez dos países ocidentais ensaístas de um regime de repressão e monitoramento invasivo comparável à distopia materializada que é o regime comunofascista chinês.
Em um movimento de descentralização de decisões que culminou na estranha e uníssona confluência com as recomendações de organizações globais, autoridades locais entraram em ressonância com a mídia internacional e com a OMS na histeria pandêmica e aplicaram expressamente o modelo de contenção chinês utilizado em Wuhan – confinamento de toda a população – de forma draconiana e truculenta com a desculpa de proteger vidas.
Um famoso filme de ficção científica explorava a parada das atividades do mundo devido à chegada de alienígenas, mas a realidade foi bem menos interessante: um vírus de baixa letalidade confinou boa parte dos seres humanos e, após mais de mês nesta impensada situação, ainda não sabemos como e quando voltaremos à vida normal (se é que isto acontecerá…).
Como chegamos aqui?
Refletindo, lembrei de um artigo do professor Olavo de Carvalho com citações repisadas em diversas aulas do COF[1]; em especial, a teoria de Bertrand de Jouvenel, que mostra o paulatino e irrefreável aumento de poder estatal, e a caracterização de Hegel sobre o Estado: “a encarnação suprema da Razão”.
Jouvenel afirma que não importa se ocorrem revoluções, reformas, desonerações, incorporações e outros, o Estado está sempre aumentando o poder sobre a sociedade. O resultado é a imensa capacidade de coerção e controle nas mãos de prefeitos e governadores que insistem em contrariar ordens federais e a própria constituição nacional porque se apoiam em uma entidade supranacional que tenta dar uma roupagem científica às decisões e recomendações e é endossada por toda a mídia, mas nada mais é do que um imenso órgão burocrático financiado por países ricos e permeado dos mais diversos indivíduos que lá estão simplesmente por indicação política.
O próprio lockdown não tem nenhuma base científica, assim como todas as afirmações sobre o vírus foram desencontradas e até hoje não há consenso sobre mecanismos de transmissão e tratamento. Então por que a mera opinião com argumento de autoridade monopoliza o debate público a ponto do YouTube apagar conteúdo que conteste o que recomenda a OMS[2]? Justamente porque os órgãos burocráticos da ONU e a estrutura estatal se apresentam como a encarnação da Razão, capaz de julgar quais estudos e cientistas estão corretos e qual deve ser a atitude de toda a população perante uma crise de grandes proporções que tem as mais diversas nuances locais e não mapeadas. Algumas autoridades regionais mostraram suas faces totalitárias, transformando as recomendações de saúde em um modelo rígido e criando uma estrutura de repressão e punição a quem se negar obedecer. Como regra, todos os tiranetes respondem da mesma forma quando são questionados sobre suas decisões: estão seguindo recomendações de uma autoridade superior e científica[3], ou seja, a encarnação da Razão.
O que podemos fazer?
Diante de um Estado moderno com incrível poder de repressão, controle e condicionamento, escolher as pessoas certas para os cargos se tornou uma necessidade de primeira ordem. Quando a pessoa empossada em um cargo tem aspirações totalitárias ou age contra os interesses nacionais, uma mera pressão nos moldes das realizadas até o começo do século XX não mais é garantia de reverter suas decisões ou postura porque há uma imensa estrutura com milhares de funcionários prontos a obedecer às ordens superiores mesmo que seja para reprimir a população.
Em momentos tão críticos, torna-se quase que inevitável uma ação em massa que desacredite a autoridade da pessoa investida no cargo, mas não a autoridade do cargo em si mesma. Esta diferença é sutil e bastante importante para que exista um alvo comum para o povo – quem ocupa o cargo – e a ação não fragilize o sucessor. Tal separação decorre da teoria dos dois corpos do rei, na qual a pessoa coroada associa seu corpo físico ao corpo abstrato, que por sua vez tem em si todos os atributos de autoridade e respeitabilidade que um rei possui dentro de seu reino, enquanto viva ou enquanto digna desta associação[4].
Voltando ao tema de contestar autoridade, há vários exemplos de ações de desobediência civil nos últimos cem anos, mas talvez o mais interessante de comparar com nossa situação seja o protesto do povo ucraniano nos 93 dias do inverno entre 2013 e 2014 que ficou conhecido como Euromaidan[5] e levou à renúncia do presidente Viktor Yanukovych. A reação contra a trama eurasiana patrocinada pela Rússia terminou em conflitos entre manifestantes e forças policiais que resultaram em centenas de mortos e milhares de feridos, mostrando que um dirigente sem escrúpulos costuma fazer uso de repressão antes de ser forçado a deixar o cargo.
No Brasil, não imaginamos estar em uma situação tão extrema a ponto de sacrificar vidas, mas devemos pensar que tomar atitudes agora pode evitar um derramamento de sangue no futuro. A lógica de prevenção é simples: a fragilidade faz com que os abusos se sucedam e sejam cada vez maiores; já demonstrações de força popular e policiamento de autoridades inibem ações ilegais e contrárias aos interesses nacionais. E não se pode dizer que o brasileiro não sabe desobedecer. Praticamos desobediência civil quando mandamos a Dilma para aquele lugar durante a Copa do mundo, quando jogamos ovos em autoridades ou fazemos coro dentro de aviões e recintos em que adentram, quando fazemos imensos protestos nos fins de semanas e quando os xingamos, desmascaramos, cobramos ou levantamos massivas campanhas contra suas reputações nas redes sociais.
Neste momento, estão destruindo a já combalida economia brasileira e avançando sobre nossos direitos mais fundamentais. Como a epidemia parece ser um imenso balão de ensaio globalista, esperem mais nos próximos meses e anos. As carreatas contra o lockdown que miram prefeitos e governadores autoritários, bem como as hashtags levantadas no Twitter, têm papel essencial para manter as autoridades com medo da força popular, mas são insuficientes para alcançar resultados duradouros. Precisamos sair às ruas e não parar os protestos até que estas pessoas indignas de seus cargos sejam removidas ou renunciem. Sinalizar que há gente incapaz em importantes cargos fará com que mais pessoas se atentem à conduta das autoridades que dirigem Estados e Municípios.
O exemplo recente de Nova York ensina e anima: o prefeito de Blasio teve a brilhante ideia de fazer um disque denúncia para que as pessoas caguetassem seus vizinhos, mas não contava com a reação da população, que ocupou o serviço não para denunciar, mas ironizar o prefeito de todas as formas possíveis e o comparar a Hitler. Alguns dias depois, o serviço foi tirado do ar, mostrando que o Estado avança sobre nossa liberdade apenas quando permitimos[6].
Finalizo parafraseando John Philpot Curran: o preço da liberdade é a eterna desobediência das ordens de autoridades que não deveriam estar nos cargos que ocupam.
[1] O Estado e a razão – Olavo de Carvalho
http://olavodecarvalho.org/o-estado-e-a-razao/
[2] CEO do YouTube diz que removerá qualquer conteúdo que vá contra as recomendações da OMS
[3] Epidemia expõe dedos-duros e tiranos dentro da polícia britânica.
https://www.nationalreview.com/2020/04/coronavirus-pandemic-exposes-british-snitches-police-tyrants/
[4] Os Dois Corpos do Rei, Ernst H. Kantorowicz
[5] Documentário sobre a desobediência civil na Ucrânia: Winter on fire
https://m.imdb.com/title/tt4908644/
[6] Resposta ao serviço de delação de vizinhos criado pelo Prefeito de Nova York restaura fé na América.
Vieira, para Vida Destra, 23/04/2020
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Mais uma vez…excelente artigo Vieira. É um mini manual prático.
Bora ????
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