A figura de Fausto aparece na lenda alemã do século XVI, e esta foi baseada em um estudioso de alquimia, astrologia, magia e vidência, que afirmava prever o futuro. Pela lenda, Fausto teria feito um pacto com o demônio de viver vinte e quatro anos sem envelhecer, e em troca daria sua alma para padecer no Inferno, pela eternidade. Não me parece um bom negócio...
O escritor inglês Christopher Marlowe, no fim da década de 1580 (data estimada), criou a peça teatral “A trágica história do Doutor Fausto”. O personagem, um médico e cientista, vende sua alma ao diabo para adquirir conhecimentos de segredos ainda não alcançados pela consciência humana até aquele momento. Ele não se conformava com sua limitação em relação aos problemas que não conseguia solucionar. Apesar de ser um meio nada ortodoxo, vender a alma ao diabo; o fim, o conhecimento ilimitado, até que não era motivo de muita desonra.
O escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe escreveu, em duas partes, uma peça de teatro intitulada “Fausto”, maravilhoso livro em que o personagem, um sábio, vende a sua alma para passar por experiências de vida, em todas as formas, no prazer, no amor, nas artes, no empreendedorismo etc. Novamente a ganância aqui é pelo conhecimento ilimitado.
Outro escritor alemão, Thomas Mann, escreveu sobre o mesmo personagem vendedor de alma em seu livro “Doutor Fausto: a vida do compositor alemão Adrian Leverkühn narrada por um amigo”. Um romance de tirar o chapéu, que nos leva ao mundo de um compositor e pianista que também vende sua alma em troca de viver mais e realizar a sua majestosa obra. Apesar de já ser um músico brilhante, almejava a grandeza máxima, talvez não destinada a nós, seres humanos. A soberba e a vaidade são os pecados capitais preferidos do Diabo…
Nenhum desses Faustos da literatura vendeu sua alma por dinheiro, não há grandeza nisso, não há honra, não eleva o vendedor a um patamar superior aos outros homens; pelo contrário, o faz menor, mais indigno, um verme.
O que nos é mostrado pelos personagens dentro da trama de poder que envolve o cenário político brasileiro atual é bem diferente do que se lê nessas fenomenais obras do passado. O que vemos são pessoas em torno dos cofres públicos, tenham elas vínculo com o serviço público ou não, seja por eleição, por comissão ou por concurso, que parecem vender ou querer vender a alma ao diabo, mas não por motivos nobres; e, sim, por dinheiro, muito dinheiro, e poder que possa levá-las ao ganho lícito ou ilícito de mais dinheiro. E os pecados capitais, nesse caso, são a avareza e a ganância.
Depois de comprovados e reiterados pagamentos aos profissionais e às instituições da comunicação social com recursos do Estado brasileiro, até alguns meses atrás, começamos a nos questionar até onde vai a isenção desses veículos de informação, ao produzir notícias.
É de se pensar o que leva um jornalista que têm um expressivo número de seguidores fazer afirmações do tipo: “a troca do diretor-geral da Polícia Federal não só representa um retrocesso na Segurança Pública, pois ele é um dos grandes responsáveis pela queda da criminalidade no País; como também demonstra intenções ocultas deste governo”.
Quando se faz tal afirmação, deve-se, no mínimo, apresentar o fato real e comprovado que o embasou a fazê-la. Então, por que já não inserir as provas das afirmações? Por exemplo, o que comprova, com uma margem aceitável de segurança, que esse diretor-geral é realmente o grande responsável pela redução da criminalidade? Ao agir dessa forma, o autor de tal texto mostra-se muito desonesto com os leitores; com os outros servidores da PF e das outras instituições responsáveis pela queda na criminalidade; com o Ministério da Justiça e Segurança Pública; com este governo; e com os eleitores.
Falar qualquer coisa sem responder por isso é muito fácil, qualquer um o faz. Portanto, senhor detentor da informação, não seja somente mais um qualquer, apresente os fatos concretos e palpáveis que o levou a tais conclusões. É muito irresponsável fazer afirmações assim, que visam, muito provavelmente, o enfraquecimento deste governo em relação à opinião pública, que, por sua vez, é o suporte mais valioso para ele. Tal comportamento pode, ainda, significar a abertura para que os ávidos pelo poder e amantes do jogo do vale-tudo se achem no direito de tirar a esperança de um povo que já foi ludibriado demais por governos anteriores.
Não estamos juntos aqui na Vida Destra para defender bandidos, criminosos! Estamos juntos aqui por um propósito: ver o Brasil progredir! E estamos vendo, em poucos meses, os esforços da equipe montada por este governo gerarem bons frutos, como não estávamos vendo acontecer por um bom tempo.
Por que, então, esse mesmo jornalista (ou pessoa pública) que diz vigiar e buscar esclarecer o que, segundo ele, é escondido por narrativas oficiais, não consegue pôr na balança da sensatez os benefícios conquistados por este governo e essas mazelas por ele mencionadas? Que ele pese,sopese, analise e leve em consideração que o resultado tem que valer para todos, não somente para algumas pessoas ou grupos, e muito menos para interesses individuais.
Vejam que há um desequilíbrio, nos velhos meios de mídia e imprensa, entre a divulgação dos prós e dos contras. E a pergunta racional neste ponto é: qual a finalidade de se mostrar apenas tais defeitos por ele apontados? Qual é o grande lance por trás disso? Qual é o motivo da venda da alma? Não é por mais conhecimento e também não é para nos salvar, pois, ao que se pode deduzir, usando a lógica, é que o povo está em último plano no rol de desejos desses grupos.
Percebem que as nossas vidas (nós, os cidadãos comuns) são mais importantes, neste jogo de poder, do que as vantagens e desvantagens que uns poucos podem ter com esse ou com aquele governo? O que é relevante para o povo, inclusive àquele que não tem internet ou qualquer voz para expressar sua opinião, é a condição de vida e oportunidade que o Estado queira e lhe possa proporcionar. Sempre foi assim e sempre será. Não podemos sacrificar milhões de brasileiros, para que uma meia dúzia possa viver com conforto em países desenvolvidos da Europa. Chega! Isso tem que ter um basta. E somente nós, o povo, conseguiremos fazer acontecer, porque, ao que parece, os Faustos dos Trópicos não têm intenção de perder um pouco para que todos venham a ganhar.
Gogol, para Vida Destra, 15/09/2019.
Espetacular. Tem Fausto no Rio, tem Fausto em Brasilia, tem Fausto em Sao Paulo ,tem Fausto no Rio Gde do Sul…. Negocios rasteiros com o demo está em alta, francamente.