Roberta é o nome fictício de uma conhecida que está há mais de um ano sem sair de casa por causa das políticas de restrições. Ela acredita que se sair de casa, de algum modo, poderá ser infectada com o Coronavírus. Nem mesmo seu filho adolescente que foi infectado, pôde ficar na mesma casa. Não há nada ou ninguém que a convença do contrário.
Como ela, existem milhares de pessoas assim: doentes não do corpo, mas da alma.
Segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2019 o Brasil era o pais mais ansioso do mundo e o quinto na América Latina com maior incidência de depressão.
Contudo, um estudo realizado no ano passado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), constatou que os casos de depressão aumentaram 90% e o número de pessoas com crise de ansiedade e estresse agudo, mais que dobrou entre os meses de março e abril de 2020.
A política de confinamento simplesmente deu um giro de 180 graus na vida das pessoas, trazendo confusão e transtorno mental.
À medida em que a rotina das pessoas é alterada, as relações entre espaço e tempo tende a ser cada vez mais confundidas.
A população mais vulnerável é a mais afetada, pois geralmente o espaço físico das moradias é reduzido, a situação sanitária é precária, a economia doméstica é baixa propiciando um ambiente tóxico que pode explodir a qualquer momento em surtos de violência e abusos.
A OMS desde o ano passado já havia alertado para o aumento dos níveis de abusos sexuais, maior ingestão de álcool e alimentos e consequente modificação do organismo com implicações sérias para o surgimento de outras doenças.
A relação causal entre política de confinamento e o aumento assustador de doenças da alma é evidente.
As políticas de restrições surgiram a partir de uma ordem dada pela OMS para que os países implementassem medidas mais rígidas para conter o vírus. O famigerado lockdown foi uma destas medidas.
Cabe aqui, portanto, uma reflexão a respeito do relacionamento entre saúde e lockdown à luz da definição dada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
O que significa o termo saúde? Saúde é um daqueles termos latos no qual podemos passar horas debruçados sobre ele filosofando e produzindo conjecturas.
Todavia, as conjecturas quase sempre levam ao reducionismo do senso comum. Para a maioria das pessoas, saúde é apenas a ausência de doenças.
Embora, seja verdade que saúde tem a ver com a ausência de enfermidades, para o entendimento da Organização Mundial de Saúde (OMS), entretanto, o conceito é mais amplo, vai além da mera ausência de doenças no organismo. No entender dessa organização, saúde é “o estado de completo bem-estar físico, mental e social…”.
A partir da premissa exposta no conceito de saúde dado pela OMS, podemos avaliar melhor as políticas públicas implementadas nesta pandemia em direção a restrições mais radicais e os resultados delas advindos. Será que nossas autoridades médicas e políticas estão levando em consideração a totalidade desse conceito como consta na definição da OMS?
O argumento inicial vendido pelos governantes no início da pandemia era o de que o confinamento da população iria ajudar a “achatar a curva do vírus” para que o sistema de saúde não entrasse em colapso (argumento que não é mais reverberado hoje em dia, por razões óbvias). Um outro argumento menos utilitarista embutido nesta política seria o de que o confinamento iria proteger as pessoas.
Mas convenhamos que restringir pessoas dentro de casa não é o mesmo que proteger sua saúde, ainda que o argumento seja para proteja-las das infecções.
Os casos de ansiedade, depressão, estresse e suicídio estão aumentando assustadoramente como demonstram os estudos já mencionados neste artigo. A política do “fique em casa” tem efeitos colaterais gravíssimos, que os políticos não podem mais ignorar. Esse colapso todo está longe de refletir o “completo bem-estar” mental, conforme define a própria OMS.
E quanto ao bem-estar social? Parece um clichê dizer que o homem é por natureza um ser social. Mas de fato essa verdade é uma realidade universal. Tanto a literatura bíblica do Velho Testamento, quanto a literatura filosófica grega são unanimes em reafirmar tal verdade.
Entretanto, esta necessidade está sendo desconsiderada nas decisões de comitês de lockdown por todo o país. As pessoas precisam interagir com outras pessoas. Por mais útil que seja a tecnologia, as pessoas precisam da realidade não virtual, de ver umas às outras, de conversar de verdade. Com o confinamento radical espalhado por todo o mundo, temos visto que a falta desta realidade está gerando transtornos que talvez, sejam irreversíveis para muitas pessoas.
Sem falar que bem-estar social também tem a ver com uma disposição subjetiva de conforto e sustentação por meio do trabalho. Impedir o cidadão do direito de trabalhar também contribui com a diminuição desse bem-estar.
A impressão que temos a partir da observação dessas políticas públicas de restrições, não é tanto uma preocupação voltada para o “completo bem-estar” das pessoas, mas para o bem-estar do Estado.
Então nesse caso, no máximo há de se falar apenas em ausência de enfermidade e não em saúde.
A conclusão irrefutável que chegamos é que os governos estão olhando para o conceito de saúde de uma maneira puramente materialista, como se fossemos apenas corpos ou uma máquina qualquer. O ser humano é muito mais complexo do que isso. Somos seres com dimensões mental e espiritual e não apenas física. E como tais, temos carências que não apenas físicas.
Como diz a música “Comida” da banda Titãs: “a gente não quer só comida”!
Como vimos, o argumento do “fique em casa” por mais apelativo que seja, não pode se estribar no conceito de saúde. Confinar pessoas em casa não é de modo algum cuidar da sua saúde.
Paulo Cristiano da Silva, para Vida Destra, 07/04/2021.
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No brilhante artigo de @pacrisoficial em que coloca que o fique em casa adotada por Prefeitos e Governadores não combina com o conceito de Saúde utilizado pela OMS, complementando a música dos Titãs “a gente não só quer comida”, a fé é outro alimento que estão tolhendo as pessoas de irem as Igrejas para ter seu conforto em tempos difíceis.
Os “lockdowns”, como vc bem mostrou, são uma solução pior que a doença. Mas penso que seu objetivo nada tem a ver com a cura da doença, mas sim com colapsar o capitalismo e estabelecer controles sociais para consumar a revolução comunista. Parabéns, Paulo.
E alguns governantes descobriram, quase sem querer, o poder autoritário dos decretos, inclusive os que atacam a “ditadura militar” usam e abusam da caneta!
Acabamos governados pela vontade de uns poucos, sem o mínimo de representatividade, como o famigerado STF!