Que o gramscismo tenha sido implantado no Brasil, com a determinação e obstinação de lobos em perseguição à caça, não resta dúvida alguma, especialmente após 85, quando os militares entregaram o poder à redemocratização.
Mas seria o aparelhamento das instituições – como preconizado pelo gramscismo – suficiente para causar os estragos que temos visto como resultado dessa obstinação esquerdista? Penso que não. Era preciso que houvesse também uma agenda, um programa, que dirigisse as ações para a efetiva consecução dos objetivos dos adeptos do gramscismo.
É bem verdade que olhamos para a corrupção sistêmica e institucionalizada como método de governo, adotado à larga pelo lulopetismo, como o mal maior a ser combatido no país. Sem dúvida, esse é um grande mal. Só que não é o único e tampouco o mais assustador, pois a corrupção pode ser combatida com efetiva fiscalização e controle dos recursos do Erário, bem como corruptos e corruptores podem ser alijados de posições de poder com a aplicação da Lei. Temos visto isso acontecer com menos ênfase e abrangência que gostaríamos, mas já sabemos que isso é possível e, aos poucos, vamos aprendendo a excluir pelo voto os notórios corruptos. Basta para isso um governo como o que agora temos e que representa um obstáculo à corrupção. Mas há quem critique o aparente “moralismo” desse governo, falando erroneamente em “retrocessos”. Será? Talvez não.
A corrupção institucionalizada funcionou e funciona como o lubrificante necessário para comprar “boa vontade” daqueles cujo principal objetivo não é a ideologia, mas o poder e as posses. Imagino que seja difícil alguém resistir ao assédio de corruptores, especialmente quando isso é estimulado como prática corriqueira em todos os níveis de poder, praticamente sem consequências.
Por trás dessa corrupção que assolou o país e que tanto nos assombrou pelo descaramento e dimensões, existe sim um projeto para implantação de uma ideologia nefasta: o socialismo. Só que, apesar do assistencialismo barato que corrompe e nada resolve, para que o socialismo seja efetivamente implantado, não basta corrupção financeira: é preciso haver a corrupção moral e a conquista das mentes daqueles que darão sustentação às suas propostas dogmáticas. Para isso, recorre-se à doutrinação, que impõe às pessoas os argumentos de adesão, enquanto se adota práticas que destroem valores e minam resistências. É fundamental, nesse caso, que a doutrinação siga um programa, uma agenda. E quem vem ditando essa agenda ao Mundo, desde a década de 1960, exatamente quando a doutrina gramscista ganhou maior difusão, é a famigerada Escola de Frankfurt.
A Escola de Frankfurt, como o nome sugere, foi fundada na Alemanha na década de 1920. De inspiração marxista, com o advento do nazismo foi transferida para os EUA na década de 1930. Sofreu a influência de vários pensadores e teóricos do marxismo e passou por várias fases, mas consolidou-se com o filósofo e sociólogo Max Horkheimer, o sociólogo Theodor Adorno, o psicanalista Erich Fromm e o filósofo Herbert Marcuse, entre outros. Como se pode notar formou um time de peso, apesar de que as respectivas obras e ensaios nem sempre são convergentes, a não ser em relação aos objetivos doutrinários que teve na Teoria Crítica da Sociedade de Horkheimer seu principal arcabouço e cujo principal objetivo era – e é – “libertar os seres humanos das circunstâncias que os escravizam”. Aqui no Brasil, vemos um exemplo disso na “Pedagogia Crítica” de Paulo Freire – o plagiador do método de Frank Laubach – que tantos estragos causou na educação brasileira e que, apesar de festejada pelas esquerdas mundiais, apenas serviu aos propósitos da doutrinação marxista.
Essa rápida introdução é necessária para dizer que a Escola de Frankfurt ditou e continua ditando a agenda que está subjacente ao gramscismo que, sinteticamente falando, abandona a “luta de classes” em favor da luta entre “opressores e oprimidos”. Ela é responsável pelo “politicamente correto”, é essencialmente estatizante, anti-religiões, contra os valores ocidentais, contra o conceito de família como célula básica da sociedade, pois pais – mantenedores de valores – seriam “opressores” em relação à educação dos filhos que, no entendimento dela, deveriam ser educados pelo Estado. Defende a descriminalização da criminalidade, o aborto, o consumo de drogas, é inspiradora do feminismo radical, dos movimentos LGBT, inspiradora dos Movimentos ditos Sociais, da politização da educação e, mais recentemente, da ideologia de gênero e tem discutido a precoce erotização infantil, defendendo a descriminalização da pedofilia.
Pelo que temos visto nos últimos anos no Brasil, é preciso mais ou apenas isso é suficiente para demonstrar que a agenda da Escola de Frankfurt tem sido implantada em nosso país e que já corrompeu o pensamento de grande parte de nossa juventude? São inúmeros os exemplos que vemos da ação maligna, perniciosa e nociva dessa agenda, que esquerdistas insistem em denominar de “progressista”.
Para nós, conservadores, é fundamental tomarmos consciência de que esse é o verdadeiro inimigo a ser combatido e que a isso devemos nos opor com todas as forças, apesar de que algumas propostas possam parecer sedutoras aos incautos. E, por isso mesmo, são muito, mas muito perigosas.
Laerte A. Ferraz, para Vida Destra, 10 de setembro de 2019.
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