Com um histórico político um pouco conturbado desde o primeiro mandato (eleito) de Joaquim Roriz (1991 – 1995), a Política no distrito federal tem uma particularidade que se faz presente no imaginário dos brasilienses, seja eles nascidos ou adotados pela capital do País. Poucas vezes comentado amplamente, mas muito discutido internamente, existem duas Brasilias; a Brasilia que é capital da república e a Brasília composta pelas regiões administrativas, ou seja, a Cidade de Brasilia.
Desde a famosa operação caixa de pandora, o DF vive de sobreaviso na questão da administração pública, com o mandato tampão de Rogerio Rosso (2010 – 2011) houve um respiro na administração da capital, em 2011 é eleito Agnelo Queiroz (2011 – 2015) que ao fim do mandato deixa o DF em uma situação extremamente delicada, que será “apaziguada” por Rodrigo Rollemberg (2015 – 2018), que apesar de não fazer um governo considerado bom pela população que o deu menos de 30% dos votos válidos em sua tentativa de reeleição em 2018, fez um governo chamado de “colocar ordem na casa”, entregando assim para seu sucessor, uma situação muito melhor do que ele havia recebido outrora.
Eleito com quase 70% dos votos válidos no segundo turno contra o até o momento atual governador Rodrigo Rollemberg, Ibaneis se apresentou como terceira via. Até a metade do período eleitoral, Ibaneis amargava as últimas posições nas pesquisas eleitorais e repentinamente começou a subir de posições disputando ponta com adversários experientes na política distrital. Ibaneis se alinhou ao discurso de Bolsonaro que tinha grande força no DF, começou a adotar as bandeiras defendidas pela direita como o fim da ideologia de gênero nas escolas e o apoio as ações religiosas onde o estado tem dificuldade de chegar, o aumento da ação das forças de segurança sobre a criminalidade, entre outras. A surpresa que conto nesse artigo segue nas próximas linhas:
Ao tomar posse o Governador eleito como uma opção considerada por muitos de centro-direita, Ibaneis dispara uma série de indições de pessoas claramente de esquerda e/ou que não foram reeleitas, dando abrigo aos chamados “amigos do rei”, vindos da esplanada (governo federal). Diário Oficial do primeiro dia de gestão estabelece secretarias e responsabilidades. Lista de gestores inclui velhos conhecidos da política local e nacional. Um exemplo claro é Sarney Filho na pasta do Meio ambiente. Não para por aí, adotando um discurso moralista durante a campanha, o Governador agora já empossado indica diversos condenados e/ou investigados nas diversas instâncias do judiciário, como a indicação de Rogério Ulysses para a Casa Civil do DF (diretor de Programas e Operações da Subsecretaria de Desenvolvimento Regional e Operações nas Cidades, subordinada à Casa Civil.) Ulysses foi denunciado na operação Caixa de Pandora pela suspeita de ter recebido mesada de R$ 60 mil para votar a favor do governo de José Roberto Arruda na Câmara Legislativa. Outro caso que chama a atenção há semanas no quadradinho, é a indicação do ex-distrital Cristiano Araújo que não foi reeleito e é réu por corrupção passiva na operação Drácon, que investiga distritais que teriam recebido de propina em troca de emendas parlamentares. Entre outros exemplos que poderia aqui citar um por um mas para não me estender vamos ao comentário final.
Os eleitores organizados de direita já estão arrependidos de terem votado em Ibaneis e ao mesmo tempo avaliam a possibilidade de Rollemberg continuar aparelhando o estado e tornando-o cada vez mais inchado como vinha fazendo, caso fosse reeleito. Paulo Chagas (PRP) era o candidato que realmente estava alinhado com a Direita do DF, porém a quantidade de candidatos atrapalhou a sua projeção, tendo em vista isso, no segundo turno Ibaneis alinhou seu discurso a um tom mais de direita e conseguiu virar a mesa ao seu favor, e assim que a transição foi iniciada ele mostrou realmente para o que veio, o que se ouve nas ruas do Distrito federal é um descontentamento geral com o novo governo e agora uma nova polemica está no ar “A Desocupação da Orla do Lago”, vamos aguardar cenas dos próximos capítulos.
De Brasília, Alvaro Guilherme.