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PAUTA OBRIGATÓRIA, o fim da picada – Análise

Depois que o Presidente Bolsonaro questionou dados do INPE a respeito dos desmatamentos e das queimadas na Amazônia, sendo publicamente retrucado por Ricardo Galvão, então Diretor do Instituto, o que lhe valeu justa exoneração, a polêmica sobre as queimadas se instalou na imprensa.

De pouco adiantaram as explicações dadas pelo Ministro Ricardo Salles e tampouco que o próprio ex-Diretor do Instituto, em entrevista concedida à BBC- Brasil ter afirmado que, de fato, os dados do INPE estavam sendo mal interpretados pela imprensa.

Vamos rememorar o que ele declarou:

“Nisso ele está correto. Está na página do INPE. Isso foi a razão de toda má interpretação por parte da imprensa” – referindo-se a uma declaração do Ministro Salles sobre dados de alerta de desmatamento e não desmatamento efetivo.”

Nessa entrevista, Ricardo Galvão teceu longas considerações e explicações a respeito da confusão causada, mas, em resumo, concordou que houve má interpretação dos dados por parte da imprensa. Não explicou, porém, o porquê – se sabia disso – respondeu às dúvidas feitas pelo Presidente através dos jornais e não através dos canais oficiais, como seria adequado e de ofício. Também não explicou o porquê continua alimentando a polêmica junto à imprensa internacional, sugerindo que o Brasil não é mais digno de confiança, o que faz supor que o órgão faz parte de um esquema que busca desacreditar e desestabilizar o governo. Suposição legítima, pois ele continua focando suas críticas no governo e não na imprensa que mal interpretou os dados.

A tal imprensa, poupada nas críticas de Galvão e desprovida de desejável autocrítica, preferiu ficar com a versão que lhe é mais conveniente, a fim de fustigar o Presidente Bolsonaro e as políticas ambientalistas do governo. Claro. Afinal, se assumissem que a polêmica resultou de uma fake news criadas por erro deles, talvez até intencional, não teriam como espicaçar o governo, o que – tudo indica – parece ser o objetivo principal da imprensa alinhada.

Na esteira desse erro que é mais de caráter do que de “má interpretação”, houve o episódio que envolveu Macron e sua “cruzada ambientalista” (essa sim, fake) contra a soberania brasileira sobre a Amazônia, como justificativa para sua malfadada tentativa de melar um acordo comercial entre MERCOSUL e UE. E esse capítulo da polêmica a respeito dos desmatamentos e queimadas, desde então, se tornou pauta obrigatória na imprensa brasileira, dando sinais de que está longe de ser encerrado.

Depois disso não importa mais se já se descobriu que as queimadas foram e são criminosas em grande parte, atendendo a interesses milionários de grileiros, além de outros, ainda mais escusos, e francamente contrários aos interesses nacionais. O que importa é continuar alimentando a polêmica, forjar opiniões, inventar resultados de pesquisas e dar destaque para a afirmação de que as queimadas prejudicarão as exportações brasileiras. Enfim, vale tudo para desestabilizar o governo.

É ou não é o fim da picada na ética jornalística?

Laerte A Ferraz – para Vida Destra, 02 de setembro de 2019.

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Advogado, jornalista e publicitário. Escritor, articulista, palestrante e consultor empresarial em Marketing e Comunicação