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Precisamos falar sobre as Máscaras – Parte I

Em um artigo anterior, publicado aqui na revista VIDA DESTRA, eu mostrei como o uso das máscaras tem evoluído de uma simples medida de proteção para se tornar uma cultura. A máscara foi elevada a símbolo totêmico dentro do imaginário popular e questioná-la tornou-se quase um tabu.

Neste artigo, pretendo levantar alguns questionamentos sobre as narrativas produzidas pela grande mídia e o mainstream científico em torno da criação de uma imagem quase totêmica (proteção) para o uso compulsório das máscaras e, por fim, tecer algumas críticas sobre algumas publicações de cunho científico e jornalístico a respeito da eficácia dessa proteção.

São as máscaras tão necessárias e seguras como querem nos convencer nossos especialistas? A despeito do mantra “use máscara”, que constantemente ouvimos em todos os lugares, quanto de ideológico tem esse discurso? O seu uso constante resiste ao crivo científico? É saudável? É eficaz?

A MIDIA E A CRIAÇÃO DE UMA NORMATIZAÇÃO PARALELA

A desinformação a respeito do uso correto das máscaras por parte da grande mídia é tão gritante que beira as raias do absurdo, verdadeiro festival de bizarrices. Deixo com você alguns exemplos logo abaixo.

O presidente Jair Bolsonaro foi, durante muito tempo, bombardeado com acusações de não usar máscara.

O papel de guardiã do totem sagrado é feito, contudo, sem a mesma inteligência e honestidade dos antigos. O “ódio do bem” promovido pela grande mídia não é apenas leviano, mas ridículo. Ridículo não só por causa do teor da acusação em si, mas principalmente por conta do analfabetismo funcional da grande mídia.

Quero escancarar aqui alguns exemplos da estupidez midiática. O primeiro apareceu na reportagem da Band News FM com o título: “Jair Bolsonaro causa aglomeração e come sem máscara”. Comer sem máscara! Foi isso mesmo que você leu! Eu pergunto, caro leitor, existe alguma maneira de um ser humano (em pleno exercício de suas faculdades mentais) comer adequadamente usando máscara? A irracionalidade da manchete é tão brutal que a pergunta acima se torna retórica.

Depois que virou piada na internet, a Band News FM retirou o artigo do site. Mas se você pensa que alguns jornalistas fazem parte daquele grupo seleto que aprendem com os próprios erros, se enganou.

Em outra reportagem, o jornal Estadão, estampou a seguinte notícia: “Sem máscara, Bolsonaro nada com banhistas e gera aglomeração em Praia Grande”  e  “Sem máscara, Bolsonaro passeia de moto por Brasília e causa aglomeração“.

Para quem está por dentro da guerra de narrativas, travada pela mídia, sabe muito bem que por trás destas bizarrices está o ataque escancarado e leviano contra o governo federal.

No entanto, manchetes assim não produzem apenas uma tentativa de desacreditar o adversário; seu efeito vai muito além. Indiretamente a mídia está normatizando um uso das máscaras que não faz parte dos protocolos sanitários e não tem fundamentação em nenhum estudo científico sério.

Vivemos em uma época em que dizer o óbvio para certos jornalistas, parece ser um exercício intelectual denso. Como disse Chesterton: “Chegará o dia em que teremos que provar ao mundo que a grama é verde“.

Esse dia chegou. Por incrível que pareça, para muitos não é tão óbvio dizer que é irracional comer de máscara; é inapropriado nadar de máscara; é desnecessário andar de moto de máscara. É preciso provar!

Mas a aceitação deste tipo de artigo “jornalístico” só mostra o poder de convencimento que os meios de comunicação convencionais exercem sobre o imaginário popular. Sua influência é tal que ultrapassa a das próprias autoridades sanitárias, apesar do discurso do primeiro se legitimar pelo uso da última.

O fato é que, se por um lado a mídia procura ajudar a sociedade trazendo reportagens sobre as maneiras apropriadas de se protegerem da COVID-19, por outro, está impondo um uso inadequado das máscaras e com isso criando uma normatização paralela que não deixa de ser perigosa para a saúde física e mental das pessoas.

DESINFORMAÇÃO EM FORMA DE ARTE

É verdade que a grande mídia é a responsável por divulgar a desinformação sobre o assunto, mas só faz à medida que as próprias entidades sanitárias governamentais criam e legitimam essa mesma desinformação.

É o caso da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina, que lançou um vídeo onde aparece um vírus gigantesco entre os prédios do centro de uma cidade totalmente deserta.

No vídeo está escrito “Você sairia de casa se pudesse vê-lo?”. Várias prefeituras brasileiras replicaram a ideia em forma de banner digital com a mesma frase, só que com o vírus multiplicado centenas de vezes.

Com efeito, a pessoa que observa esse tipo de mensagem sem senso crítico é levada a crer que o vírus está praticamente em cada molécula de oxigênio que respiramos. É como se o vírus não fosse levado por agentes humanos, mas estivesse espalhado indiscriminadamente pelo ar e nunca desaparecesse.

Isso não é informação, é terrorismo! Um cartaz desse não é baseado em ciência, mas em pura especulação científica. É pseudociência! A preocupação não é com a saúde, mas com a política do fique em casa.

QUANDO AS MÁSCARAS CAEM

E quanto às autoridades políticas que estão criando as leis da pandemia, alegadamente baseadas na “ciência”? Acreditam elas realmente nesses protocolos? Obedecem aos seus próprios decretos?

A resposta é de fácil constatação. Um dos inúmeros exemplos a que podemos recorrer para ilustrá-la, ocorreu na festa da vitória do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, onde a maioria esmagadora dos convidados estava em um local confinado, aglomerada e sem máscara.

E creio não ser preciso me aprofundar muito nos exemplos oferecidos pelo governador João Dória, pela deputada federal Joice Hasselmann, pelo ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta e tantos outros defensores do uso compulsório das máscaras.

Por exemplo, o que dizer de uma médica que ganha dinheiro do Estado fazendo propaganda na TV do “fique em casa” e vai passar réveillon em uma ilha com as amigas? Cantora que faz vídeo pedindo distanciamento social e mesmo assim participa de show lotado na Itália? Influencer que condena quem não faz o isolamento social e vai jogar bola com os amigos? Governador que decreta lockdown e foge para Miami? Impõe quarentena e faz festa particular? Proíbe bebidas alcoólicas na pandemia e é flagrado bebendo em cervejaria?

Isso faz lembrar a acusação de Jesus contra os fariseus: “Atam fardos pesados e os colocam sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos não estão dispostos a levantar um só dedo para movê-los.” (Mateus 23.4 – NVI). Isso se chama hipocrisia.

Diante das câmeras se portam como apaixonados paladinos das máscaras, mas em particular dispensam-na completamente.

É este tipo de gente que está arrotando regras para o resto da população, do que pode ou não fazer na pandemia.

MÁSCARA, NEM SEMPRE FOI ASSIM

No início da pandemia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e os governos mundiais – incluindo o Brasil – não adotaram de imediato o uso compulsório das máscaras para toda a população.

Uma reportagem da Rede Globo levada ao ar em 18 de março de 2020 pelo jornal “Bom Dia DF”, reflete a opinião praticamente unânime da época.

Nesta reportagem, a TV local entrevistou uma infectologista, que explicou que o uso da máscara deveria ser restrito apenas aos profissionais de saúde. No rodapé da Globoplay, que você pode conferir aqui, há o seguinte resumo da reportagem: “Para quem quer se proteger do vírus, a principal orientação dos infectologistas é manter a higiene – lavar as mãos com frequência com água e sabão. A máscara deve ser usada apenas por profissionais de saúde ou por quem está doente – com alguma infecção respiratória”.

No vídeo, o âncora abre a reportagem com a seguinte fala: “Agora um alerta importante: muita gente tem usado máscara sem precisar, achando que ela protege contra o coronavírus…”

Hoje, esse vídeo seria considerado uma bio-heresia pelas famigeradas agências de checagem, ganhando um selo de Fake News. Mas por mais estranho que possa parecer, esse sempre foi o padrão em todas as epidemias, isto é, as pessoas saudáveis nunca precisaram usar máscaras.

Ao prosseguirmos no vídeo deparamos com um bloco chamado “Motivos para não usar máscara”. A reportagem elencou os seguintes motivos para uma pessoa saudável não usar máscara: a máscara fica constantemente caindo do rosto; ora mais acima, ora mais abaixo do rosto; afrouxa com o tempo; faz com que a pessoa leve mais a mão ao rosto contaminando a máscara, etc.

O Dr. Russel Blaylock, conhecido neurocirurgião americano, acredita que não há evidências científicas para a defesa do uso compulsório das máscaras. De fato, diz ele “[…] até recentemente, o CDC não recomendava o uso de máscara facial ou cobertura de qualquer tipo, a menos que se soubesse que a pessoa estava infectada […] Pessoas não infectadas não precisam usar máscara. Quando uma pessoa tem tuberculose, fazemos com que ela use uma máscara, não toda a comunidade de não infectados.”  Confira aqui.

Entretanto, hoje a realidade é bem diferente. Tudo isso mudou quando os governos passaram a adotar a sugestão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que o uso constante das máscaras pode reduzir o risco de contaminação pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

Mas as pesquisas científicas apoiam essa visão da OMS?

O QUE AS PESQUISAS SUGEREM?

A médica Carolina Reis de Abreu Schmitt, formada pela Fundação Universidade Regional de Blumenau, membro do grupo Médicos pela Liberdade” aponta para a falta de consenso entre os pesquisadores sobre a eficácia das máscaras nos seguintes termos: As informações são limitadas quanto ao uso de máscaras como prevenção à transmissão de infecções respiratórias. Existem apenas estudos observacionais, que têm sua importância, porém não permitem estabelecer uma relação direta de causa e efeito, e mesmo estes, são contraditórios. Existem duas meta-análises publicadas recentemente sobre o assunto […], uma sugerindo que máscaras e outras medidas como distanciamento social, protegem contra a infecção (esta financiada pela OMS) e outra sugerindo exatamente o oposto. Nem máscaras e nem higienização frequente das mãos seriam suficientes para reduzir de forma significativa o contágio.” Confira aqui.

No site da OMS há relatório sobre o uso de máscaras e suas recomendações. Depois de repassar várias pesquisas contra e a favor do uso, a OMS deixa bem claro que as pesquisas em torno das máscaras para certificar sua eficácia contra a infecção do novo coronavírus são limitadas e não conclusivas.

Houve apenas três estudos comparando usuários que usam máscara com usuários que não as utilizam. Um na Guiné-Bissau, um na Índia e o novo estudo na Dinamarca. Todos mostraram que as máscaras não trazem nenhum benefício na prevenção da doença.

O estudo dinamarquês randomizado, publicado por cientistas da Universidade de Copenhagen, com seis mil voluntários, considerado o melhor de seu tipo até agora, não encontrou nenhuma evidência estatística de que as máscaras oferecem qualquer proteção.

Os cientistas descobriram que não houve diferença significativa entre o grupo de controle que usava e o que não usava máscara. Após um mês de teste, descobriu-se que 1,8% dos que usavam foram infectados e 2,1% no grupo sem máscara apresentou resultado positivo para COVID-19. Uma diferença sem valor estatístico.

No parágrafo final da conclusão o autor do estudo confessa que “Diferentemente dos estudos observacionais, os ensaios randomizados falharam, até agora, em documentar claramente a utilidade do uso de máscaras para prevenir a infecção por SARS-CoV2.”

Os resultados do ensaio dinamarquês (Danmask-19) refletem outras análises de doenças semelhantes à influenza. Nove outros estudos que examinaram a eficácia das máscaras (dois observando profissionais de saúde e sete na transmissão comunitária) descobriram que as máscaras fazem pouca ou nenhuma diferença se você contrai gripe ou não.

O estudo que reuniu 15 ensaios clínicos randomizados, intitulado “Intervenções físicas para interromper ou reduzir a propagação de vírus respiratórios. Parte 1 – Máscaras faciais, proteção ocular e distanciamento da pessoa: revisão sistemática e meta-análise” (confira aqui) afirma em seu resultado que “Em comparação com a ausência de máscaras, não houve redução de casos de doença semelhante à influenza…”

E por fim, alerta para o fato de que “Os resultados combinados de estudos randomizados não mostraram uma redução clara na infecção viral respiratória com o uso de máscaras médicas / cirúrgicas durante a gripe sazonal. Não houve diferenças claras entre o uso de máscaras médicas / cirúrgicas em comparação com respiradores N95 / P2 em profissionais de saúde quando usados ​​em cuidados de rotina para reduzir a infecção viral respiratória.”

Diante disso perguntamos: quão eficazes são as máscaras?

UMA É POUCO, DUAS É BOM, TRÊS É MELHOR AINDA

Um artigo publicado no portal da PEBMED, por título “Covid-19: estudo compara eficácia de 14 tipos de máscaras”, mostra que a eficácia de 70% das máscaras depende das várias camadas que elas deveriam possuir.

Se as camadas são importantes para o quesito proteção, então, por dedução lógica, grande parte das máscaras caseiras utilizadas pela população não possui eficácia, já que a maioria é fabricada apenas com uma fina camada.

Mas será que o argumento das camadas é convincente? Em princípio devo admitir que tem lógica, pois quanto mais camadas, teoricamente, mais proteção a máscara deveria possuir.

Pautado nesta lógica do argumento das camadas, o imunologista Anthony Stephen Fauci, Diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, e considerado um dos principais especialistas em doenças infecciosas, declarou que usar apenas uma máscara não era suficiente.

A mídia americana e mundial começou então a divulgar que usar três ou até quatro máscaras no rosto era mais eficaz. O próprio Fauci apareceu em público usando duas máscaras. 

Ele explica como isso funcionaria: “Trata-se de tapar fisicamente para prevenir gotas e que o vírus entre. Se temos uma proteção física com uma camada, e colocarmos outra camada por cima, é senso comum que deve ser mais eficaz, e essa é a razão pela qual vemos pessoas usando duas máscaras”, disse. (confira aqui).

Fauci estava certo? Parece que sim. Pelo menos de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), que desenvolveu um estudo onde demonstra que usar duas máscaras eleva a proteção contra a infecção para 95% (confira aqui).

O estudo da CDC foi noticiado pela mídia internacional como uma grande descoberta. Contudo, ao analisarmos a conclusão do relatório original deste estudo, percebemos que a tal eficácia é tão limitada que chega a ser desastrosa para a reputação do próprio estudo.

Observe os tipos de limitações básicas presentes no experimento:   “As descobertas dessas simulações”, dizem os autores, “não devem ser generalizadas para a eficácia de todas as máscaras de procedimento médico ou máscaras de pano, nem interpretadas como representativas da eficácia dessas máscaras quando usadas em ambientes do mundo real. Em segundo lugar, esses experimentos não incluíram nenhuma outra combinação de máscaras, como pano sobre pano, máscara de procedimento médico sobre máscara de procedimento médico ou máscara de procedimento médico sobre pano. Terceiro, esses achados podem não ser generalizáveis ​​para crianças por causa de seu tamanho menor ou para homens com barbas e outros pelos faciais, que interferem no ajuste. Finalmente, embora o uso de máscara dupla ou nó e dobragem sejam duas das muitas opções que podem otimizar o ajuste e melhorar o desempenho da máscara para controle da fonte e para proteção do usuário, a máscara dupla pode impedir a respiração ou obstruir a visão periférica de alguns usuários…”.

Não é à toa que o Dr. Fauci, dias depois,  veio a público dizer que não há dados suficientes que sugiram que usar mais de uma máscara faça alguma diferença.

Isso mostra que até uma mera opinião pessoal de um cientista pode ser elevada ao status de evidência científica pela grande mídia.

Continua.

 

 

Paulo Cristiano da Silva, para Vida Destra, 05/05/2021.
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É natural de São José do Rio Preto, casado, servidor público com formação em Ciências Sociais e pós-graduado em Ciências da Religião e Teologia.