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QUER APITO?

            Haroldo Lobo e Milton de Oliveira criaram lá nos idos de 1961, uma das marchinhas carnavalescas mais tocadas de todos os tempos, cujo refrão diz: “Índio quer apito, se não der, pau vai comer”.

Imagino que todo mundo saiba o que há por trás dessa letra burlesca, mas vale rememorar. Conta-se que a primeira dama, Dona Sarah Kubitschek, esposa do Presidente Juscelino, ao visitar uma aldeia indígena da etnia Caiapó, no Parque Nacional do Xingu, levou várias bugigangas de presente para os indígenas e, ao colocar um colar no cacique da tribo, soltou um leve “pum”. Então o cacique teria dito que mais que o colar, ele queria era o apito.

Verdade ou não essa história, rapidamente virou piada nacional e inspirou a criação da marchinha tocada há quase 60 anos nos carnavais. Na época, o comentário que se fazia, entre sorrisos maliciosos, era sobre como o episódio havia terminado. Imagino que a situação tenha sido contornada, mas apenas imagino.

Não faço ideia se o cacique em questão era ou não o hoje mundialmente conhecido cacique Raoni Metuktire. Poderia ser, pois ele está com 89 anos. Se não foi ele, talvez tenha sido seu pai, o cacique Umoro.

O fato é que desde aquela época já se sabia que indígenas não são tão ingênuos quanto muitos imaginam e nem se contentam apenas com as bugigangas dos homens brancos. Indígenas, em sua maioria já são aculturados, apesar de muitos preservam as tradições originais. Grande parte deles tem estudo básico, não sendo poucos os com formação superior em diferentes áreas do conhecimento. São pessoas inteligentes, com legítimas aspirações em relação aos benefícios oferecidos pela vida “civilizada”, mas que vivem o dilema de serem condenados a uma condição precária, imposta por quem insiste em tratá-los como cidadãos de segunda categoria que devem ser tutelados pelo Estado e que suas terras somente devem ser exploradas pelo extrativismo de subsistência, tal como era em 1500.

Também é fato – e reconhecendo o quanto indígenas sofreram – que apesar dessa mudança comportamental, que se verifica há muitas décadas, há os que vivem de maneira semi-primitiva, assim como há os que são preguiçosos e os malandros, que se valem da condição que lhes foi prescrita pelo “civilizador” branco para tirarem todo proveito possível. São esses que facilitam a caça predatória e tráfico de animais silvestres, a exploração madeireira, o garimpo ilegal e até mesmo vendem a inescrupulosos a “parte das terras que lhes pertencem” nas reservas. Há até os que, por esperteza e malandragem, criam ou favorecem a presença de ONGs nacionais e internacionais, mais interessadas nas riquezas do subsolo das reservas que no real bem-estar deles.

Há quem defenda que os indígenas são os verdadeiros donos das terras brasileiras e, portanto, pouco importa se já existem 772 reservas demarcadas, com cerca de 1.174.273 km², 12,5% do território brasileiro, ocupadas parcialmente por 896.917 indígenas, pois 324.834 vivem em cidades e 572.083 em áreas rurais e reservas (segundo dados do IBGE). Para se ter uma ideia do que representa tal área, basta dizer que é bem maior que as áreas territoriais somadas da França e da Alemanha, onde vivem cerca de 170 milhões de pessoas. Terras não faltam para indígenas.

Os que assim pensam, por ignorância ou ideologia, fazem o jogo dos que se valem da questão indígena e ambiental para lançar olhares cobiçosos sobre uma das maiores extensões de terras ainda preservadas no Mundo com incontáveis riquezas hídricas, minerais e com a maior diversidade de fauna e flora do Planeta.

O que falta aos indígenas brasileiros é que possam utilizar tais terras demarcadas de maneira racional, a fim de usufruírem delas, gerando riquezas e melhores condições de vida para as próprias comunidades. Foi exatamente sobre isso que em seu discurso na ONU, o Presidente Bolsonaro falou ao expor de maneira clara quais as políticas que o governo dele pretende implantar em relação aos indígenas, a Amazônia e ao meio-ambiente brasileiro. E foi além: quando avisou que acaba agora a primazia de Raoni, dono de uma ONG subsidiada pela França, de uma forma indireta afirmou que chega de malandragem de índio que quer apito e que se atreve a ameaçar, dizendo que Bolsonaro sentirá medo. Se Raoni quer apito, que peça ao Macron.

Laerte A. Ferraz, para Vida Destra – 28/09/2019.

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Advogado, jornalista e publicitário. Escritor, articulista, palestrante e consultor empresarial em Marketing e Comunicação