Circula pelas Redes Sociais de Internet que Bolsonaro cogita recriar o Ministério da Segurança Pública, atualmente unificado com o Ministério da Justiça. Na prática isso significa que a pasta de Moro seria desmembrada e este, com certeza, responderia apenas pela Justiça.
Fico aqui pensando quais seriam as razões para isso. Como para mim, a informação soou no mínimo estranha para milhares de foristas e blogueiros na Internet. Vejamos algumas hipóteses:
É possível que Bolsonaro esteja incomodado com a crescente popularidade de Moro? Essa é uma das possibilidades que muitos cogitam. Afinal, a queda da criminalidade é real e mesmo que não saibamos exatamente como isso está acontecendo, a responsabilidade pelos resultados é de Moro. Contudo, Moro já afirmou muitas vezes que não almeja o cargo de Presidente e nem tem interesse em disputar eleições. Poderá mudar de ideia até 2022? Sim, claro. Mas se essa fosse a razão para a recriação do Ministério da Segurança Pública, seria algo prematuro, pois seria possível adotar tal medida em 2021. Pessoalmente, não creio nessa hipótese.
A segunda hipótese também muito aventada seria que Bolsonaro está preparando a indicação de Moro para o STF e seria muito difícil encontrar um substituto à altura que respondesse simultaneamente pela Justiça e pela Segurança Pública. Se esse for o caso, faz todo sentido, pois o recriado Ministério teria que ser devidamente estruturado e entregue a um especialista da área, possivelmente um militar. Prefiro pensar que essa seja a verdadeira hipótese.
A terceira hipótese é que o enfraquecimento de Moro faria parte de um “acordão” entre Bolsonaro, o Congresso e o STF com o objetivo de tornar a permanência de Moro no governo insustentável, através da conhecida tática de reduzir poderes e influência de alguém “indesejável”, forçando uma saída por própria vontade.
Esse suposto “acórdão” seria a troca de alguém temido tanto por congressistas quanto por aliados juristas – encastelados nas mais altas Cortes – pela garantia de uma necessária governabilidade. Para mim, essa é a hipótese menos provável, mas a mais preocupante, pois a presença de Moro no governo é um tremendo trunfo de Bolsonaro que lhe assegura imensa popularidade e aprovação. Nada garante que após Moro deixar o governo, se esse for o caso, que a contraparte do suposto “acordão” seria cumprida. Sabemos muito bem – e Bolsonaro também deve saber – que não dá para confiar nas cobras que têm dificultado a governabilidade. O objetivo desses não é enfraquecer apenas Moro, mas impedir a reeleição de Bolsonaro. Moro fora, seria uma barreira a menos nesse sentido. Além disso, Moro tem se mostrado leal e “fritar” um Ministro leal e competente em troca de algo incerto, seria burrice. Burro, com certeza, Bolsonaro não é.
A última hipótese, também improvável, é que a recriação de um Ministério seria para abrigar indicados. Essa, com certeza, foi a razão para que durante os governos de Lula e Dilma tantas pastas tenham sido criadas. Contudo, se esse fosse o caso, haveria outros Ministérios que não o da Segurança Pública, hoje sendo conduzido de forma absolutamente competente.
Seja como for, a notícia de que existe a possibilidade da recriação do Ministério da Segurança Pública já causou muita especulação e apreensão. Minha sincera opinião é que Bolsonaro sequer deveria continuar cogitando tal medida. Se acontecer, as perdas serão bem maiores que os possíveis benefícios.
Só nos resta esperar a evolução disso e, nesse meio tempo, declarar nosso apoio a Moro.
Laerte A. Ferraz, para Vida Destra, 23/01/2.020.
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Bolsonaro estaria dando um tiro no seu governo. Se ele pensa em se reeleger não pode dividir o ministério.