Durante a última semana, no Fórum Econômico Mundial de Davos, o presidente russo, Vladimir Putin, foi enfático ao criticar severamente as grandes plataformas tecnológicas americanas, as chamadas “Big Tech”.
O alerta surge em um momento crítico para a liberdade de expressão em todo o planeta, que assistiu nas últimas semanas a um verdadeiro expurgo de conservadores em várias plataformas, com banimentos inexplicáveis e sumários, inclusive do ex-presidente americano, Donald Trump, bem como a atuação conjunta das grandes lojas de aplicativos, em banir aqueles aplicativos que se recusaram a aderir à censura imposta pelas gigantes da tecnologia, atingindo principalmente o aplicativo “Parler”, levando milhões de pessoas a aderirem ao aplicativo “Gab” e ao “Telegram”.
O impacto pode ser sentido na bolsa de valores, onde ações de várias empresas de tecnologia sofreram uma queda brusca, devido ao abandono em massa dessas plataformas por milhões de usuários.
Na Rússia, além da questão da censura, Putin criticou o papel das gigantes da tecnologia na propagação de propaganda anti-governo e no amparo a convocações de manifestações populares violentas que ocorreram em solo russo.
Segundo Putin, as grandes empresas de tecnologia agem como força paralela ao estado, em suas próprias palavras servindo como “concorrente do Estado” e com forte influência em eleições, mencionando o caso das eleições americanas de 2020.
Putin também criticou duramente a chamada “Nova Ordem Mundial” e os lucros exorbitantes de multinacionais europeias e americanas, obtidos graças a um processo globalista forçado.
O posicionamento de Putin desagradou àqueles que viam no líder russo um artífice primordial dentro das lideranças de esquerda no mundo. Todavia, para aqueles que acompanham mais profundamente as minúcias da Geopolítica e as movimentações russas no tabuleiro das Relações Internacionais, o posicionamento de Putin não foi nenhuma surpresa, mas sim a consolidação de seu posicionamento conservador.
A sociedade russa, apesar dos resquícios deixados por décadas de ditadura socialista, rejeita qualquer regime totalitário, bem como qualquer regime que aja contra a liberdade de expressão e contra a vontade popular.
A Rússia é um país majoritariamente cristão, onde 74% de sua população é adepta ao Cristianismo, sendo 71% dessa parcela, pertencentes à Igreja Ortodoxa Russa.
Crítico de pautas liberais, Putin enxerga a tentativa maciça de sua imposição como uma forma de degradação moral da sociedade russa, bem como de desestabilização do Estado, premissas que podem ser facilmente corroboradas quando tomamos como exemplo de comparação a sociedade americana e a decadência sofrida nas últimas três décadas.
A posição conservadora de Putin se tornou mais notória no Brasil no último mês de novembro, quando em reunião da cúpula do BRICS, o presidente russo não economizou palavras ao elogiar a postura de Jair Bolsonaro na liderança do Brasil no combate à pandemia da Covid-19, especialmente no que tange o equilíbrio entre os aspectos econômico e social, além de exaltar as qualidades íntegras do presidente brasileiro que, mesmo infectado pelo vírus, seguiu trabalhando firme e colocou o seu país em primeiro lugar.
Tais elogios estreitaram ainda mais as relações entre Brasil e Rússia, que significam uma nova rota de exportações a ser explorada e abre as portas da União Europeia ao Brasil. A Rússia é responsável por cerca de 70% de todo o gás natural consumido pela Europa, vital para todo o continente.
Em dezembro, o Brasil retomou a produção de urânio na Bahia, o que pode significar mais uma importante fonte de equilíbrio para a balança comercial, especialmente com a possibilidade de exportação para os russos. Vale lembrar que cerca de 20% de toda a energia produzida na Rússia advém de usinas nucleares, absolutamente dependentes de urânio enriquecido.
Bolsonaro e Putin possuem visões bastante semelhantes em relação à sociedade como um todo, especialmente no que tange os valores morais e éticos que moldaram por séculos o Ocidente. Paradoxal, todavia, é a constatação de que os valores ocidentais são hoje muito mais caros à países orientais, que vem servindo como escudo para o bombardeio moderno de ideologias nefastas e desagregadoras.
Apesar de linhas econômicas ligeiramente diferentes, uma mais intervencionista com Putin e outra que procura reduzir o impacto do Estado na economia com Bolsonaro, Brasil e Rússia possuem muito em comum e, levando-se em conta as mudanças radicais à esquerda nos Estados Unidos, com políticas liberais contra os valores ocidentais, essa relação pode e deve se estreitar ainda mais, especialmente no combate à monopolização dos meios de comunicação social.
O exercício de compreensão da sociedade russa não é fácil e, portanto, é necessário que estejamos abertos a essa experiência sem guardar qualquer tipo de preconceito. Os anos sombrios da União Soviética foram deixados para trás e hoje, a Rússia é um dos principais expoentes na luta contra a degradação moral, e talvez a mais forte nação na proteção da soberania nacional frente ao globalismo.
Com a compreensão do desastre absoluto do experimento social representado pelo regime comunista do século XX, o mundo conservador deve enxergar na Rússia um novo e muito bem-vindo aliado na preservação dos valores e tradições tão caros ao povo e de tão difícil construção, que, todavia, pode ser destruído rapidamente, como constatamos especialmente nos Estados Unidos.
Analisar friamente as mudanças geopolíticas é fundamental para que possamos estar do lado certo e defender aquilo que trará mais benefícios à nossa sociedade como um todo. Pensar superficialmente ou fecharmo-nos a essas mudanças significa caminhar para um precipício. Nesse aspecto, devemos agradecer sempre à magnífica atuação do Governo Federal, na figura do Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro.
Lucas Jeha, para Vida Destra, 02/02/2021. Sigam-me no Twitter! Vamos conversar sobre o artigo! @LucasJeha
Crédito da Imagem: Luiz Augusto @LuizJacoby
Parabéns pelo artigo. Ainda veremos muitas peças se moverem nesse ” xadrez mundial”
Muito obrigado, Nunes! Estou ansioso pelas próximas movimentações nesse tabuleiro complexo das Relações Internacionais.
Excelente análise! Parabéns!
Muito obrigado, Sander!
No indagativo art. de @LucasJeha se a Rússia tornou p/o Brasil uma rivalidade ou parceria,informo q usuários brasileiros preferiram o Telegram russo ao whatsApp americano.Pena q a Rússia não faça parte da OCDE. Temos um problema diplomático da não soltura de Robson. É uma incógnita?
Estou muito positivo com a política externa brasileira e ter a Rússia mais próxima significa uma abertura ainda maior do mercado eurasiano.
Um excelente artigo (nenhuma novidade), parabéns, Lu!
E fica o questionamento… Tem muito chão pela frente e tenho a breve impressão que esse é só o começo.
Que Deus abençoe o nosso presidente!
Obrigado, Dai! Você, como sempre, muito gentil! Confio que teremos mudanças importantes a partir de agora, especialmente com as mudanças nas casas legislativas. Com o trabalho do Ernesto à frente da diplomacia, apoiado pelo Presidente, deveremos ter um 2021 de excelentes novidades no cenário geopolítico e estreitamento de importantes parcerias econômicas.
Parabéns pelo artigo Lucas!
Parabéns ! Excelente artigo !