O coronavírus está encabeçando os noticiários, aqui e no Exterior, e nem poderia ser diferente, quando se trata de qualquer tema que envolva a China, ou a possibilidade de uma pandemia.
Os vírus são seres muito simples e microscópicos, formados basicamente por uma cápsula de proteína envolvendo o material genético, que, dependendo do tipo de vírus, pode ser o DNA, RNA ou os dois juntos (citomegalovírus). São parasitas obrigatórios de outras células, ou seja, somente se reproduzem pela invasão e possessão do controle da maquinaria de auto-reprodução celular alheia. Por essa falta de autonomia na reprodução, há muitos que consideram que os vírus nem são seres vivos, propriamente.
“Coronavírus” é a denominação da família de vírus, que têm espículas, isto é, “pontinhas” espalhadas por superfície, e por isso lembram uma coroa (como na imagem de capa). Existem centenas de coronavírus, mas deles, apenas sete podem infectar seres humanos, dentre eles o atual COVID-19, como está sendo chamado.
Os coronavírus podem causar síndromes respiratórias graves, como a síndrome respiratória aguda grave que ficou conhecida como SARS (“Severe Acute Respiratory Syndrome”), causada pelo SARS-CoV, cujos primeiros relatos ocorreram também na China, em 2002. O SARS-CoV se disseminou rapidamente para mais de doze países na América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia, infectando mais de 8.000 pessoas e causando cerca de 800 mortes, uma epidemia global controlada somente em 2003. Desde 2004, nenhum caso de SARS foi relatado mundialmente. Veja-se que a mortalidade associada ao SARS ficou em torno de 10%.
Outra epidemia que foi causada por um coronavírus se deu em 2.012, e ficou conhecida como MERS, porque se seu no Oriente Médio (Middle East), inicialmente na Arábia Saudita. Até o início de 2018, houve 2.220 casos confirmados de MERS-CoV e 790 mortes, ou seja, uma mortalidade na casa de 35%. No entanto, não há novos casos dessa síndrome.
Os primeiros casos do COVID-19 foram registrados em em Wuhan, que é a capital da província de Hubei. A cidade tem cerca de 11 milhões de habitantes, e fica no curso médio do Rio Yang Tsé (“Rio Azul”), em torno do qual se desenvolveu a civilização chinesa, a partir de 4.000 a.C.. O Yang Tsé, por sua vez, é o maior rio da Ásia, com 6.300 km de extensão, o 3º maior do mundo. Além do rio, a cidade tem 164 lagos.
O “ponto zero” da epidemia é polêmico. Pode ter-se dado a 8 de dezembro de 2.019, segundo alguns pesquisadores. Mas a versão oficial é que os 4 primeiros casos deram entrada no hospital de Wuhan em 29/12/2.019, e a maioria deles estava ligada a um “mercado úmido”, o Huanan Seafood Market, local onde se vendem peixes, crustáceos e outros pescados provindos do rio e dos lagos da região, além de outros animais vivos, como cobras e morcegos, que também entraram na lista dos “originais suspeitos” da contaminação. Pelas informações oficiais, o vírus teria sido isolado e identificado em 03/01/2.020. Em 22/01/2.020, a cidade de Wuhan foi isolada em quarentena.
Mas o curioso nessa história é que há o Instituto de Virologia de Wuhan, lá. Local onde se pesquisam e armazenam vírus. O local fica a poucos quilômetros do Huanan Seafood Market, e entre eles há lagos e o rio Yang Tsé.
Ainda em janeiro, eu havia observado que a existência desse Instituto de Virologia, na cidade que é o “ponto zero” da epidemia, era coincidência demais. Há muitas e fortes suspeitas de que o COVID-19 seja um vírus artificial, desenvolvido nesse Instituto – que, diga-se de passagem, é estatal.
Isso porquejá em 24 de janeiro, a China remeteu aos EUA o mapa genético do vírus COVID-19. Uma façanha, porque o vírus havia sido identificado em 3 de janeiro, como já mencionado.
Mas, além, houve um artigo, assinado por nove pesquisadores da Escola de Ciências Biológicas Kusuma, localizada no Instituto Indiano de Tecnologia, em Nova Délhi, na Índia, em que relatam ter encontrada uma Glicoproteína gp120, presente no vírus HIV, responsável por fazer a ligação do vírus com a célula do hospedeiro, nas análises do COVID-19 feitas em laboratório. Segundo essas análises, não seria uma obra da ‘natureza’, muito difícil ser um caso fortuito. Esse artigo , contudo, foi amplamente contestado, e a agência Lupa o considerou falso, porque não foi revisado por outros pesquisadores e porque os métodos de identificação da proteína apresentam falhas. Esse artigo foi retirado da internet pelos pesquisadores indianos que o publicaram.
Ficou a pulga atrás da orelha, contudo. Os vírus são intensamente pesquisados no mundo, como vetores (“envelopes”, veículos) para terapias genéticas. Estas, visam a transferência de material genético para dentro das células de um indivíduo, com o intuito de corrigir genes responsáveis por doenças. A “entrega” eficiente dos genes terapêuticos pode ser realizada com um vírus, e os vetores virais têm sido estudados para o tratamento de várias doenças, inclusive o câncer. Mas, embora eficientes na entrega do material genético, os vetores virais apresentam risco de infecção. Não obstante, os vírus podem também ser pesquisados como vetores de guerra biológica. Esta última hipótese eu não vou desenvolver, porque não atribuo má-fé a ninguém se não houver prova inequívoca dela.
Seja por qual razão for, é perfeitamente plausível que os coronavírus estivessem sendo pesquisados no Instituto de Virologia de Wuhan e de lá tenham “escapado”. E isso também pode se dar de várias formas, especialmente pelo descarte inadequado de material contaminado, como culturas, saliva, catarro, sangue, etc.. Pela forma como ocorreu, penso em algo como um idiota jogando papel contaminado na rua, ou escarrando em uma pia, e o coronavírus foi parar em algum lago da região. Dali, foi então para algum mercado, como o Huanan. Veja-se que peixes e crustáceos são particularmente sensíveis a contaminações. No sentido das minhas suspeitas, milita o fato de que a China não permitiu jornalistas estrangeiros em Wuhan e na cobertura da epidemia, chegando a expulsar alguns, ou censurar os jornalistas chineses que tentaram fazê-lo (um deles teria sumido, misteriosamente).
De toda forma, é certo que, com isso, a economia chinesa travou, e essa é uma péssima notícia. Neste momento, milhões de empresas chinesas estão paradas e à beira da falência; se não conseguirem uma extensão para pagamento de seus financiamentos, vão quebrar, conforme informou a Bloomberg. Se a China não vender e não comprar no mercado internacional, se não tiver dinheiro para tanto, por certo que se seguirá uma recessão mundial, com consequências desastrosas. Por conta disso, vemos a disparada do dólar nos mercados internacionais e no nacional – em situações de risco, todos os investidores correm para mercados tidos como seguros, como é o caso dos EUA, e a demanda por títulos soberanos norte-americanos sobe como um foguete. Subindo a demanda por uma mercadoria, sobe o preço dela.
E a reticência chinesa em dar transparência à epidemia foi notada pelo mundo todo, e somente fez piorar a sensação de risco. Os dados que vêm de lá parecem não retratar o quadro integralmente.
No meio desse drama todo, vi meu filho jogar um videogame de estratégia, chamado “Plague Inc.: Evolved”. Nesse jogo, segundo meu gamer de plantão, a “manha” é criar um vírus que não apresente sintomas no período de incubação, que tem que ser o mais longo possível, mas seja contagioso mesmo nesse intervalo, lançado-o na África ou na Ásia. Curioso que é justamente o caso do COVID-19: seu período de incubação chega a 14 dias, sendo assintomático, mas contagioso! Parafraseando: “o jogo imita a vida”!
A única coisa benévola que se pode falar do COVID-19 é que sua mortalidade é baixa, na casa de 3,4% (dado atualizado com os números totais de hoje). Mas é tremendamente contagioso, não há dúvida. O vírus, se espalhou da China para a Coreia do Sul (onde há mais de 1.200 casos), para o Oriente Médio (o Irã apresenta em torno de 100 casos) e para a Europa, onde o maior afetado foi a Itália, com mais de 300 casos.
Como a contaminação se dá por gotículas respiratórias em suspensão no ar, ou contato direto com doentes ou materiais contaminados, os cuidados são:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização (antes do contato com pacientes ou locais contaminados; antes da realização de procedimentos assépticos, após risco de exposição a fluidos corporais, após contato com pacientes ou locais contaminados, após contato com áreas e superfícies próximas ao paciente). Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Evitar contato próximo com pessoas doentes.
- Ficar em casa quando estiver doente.
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
Mais informações podem ser obtidas no link: https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/coronavirus
Diante disso tudo, ocorreu o que todos temiam, porém.
Um brasileiro de 61 anos, vindo da Itália, onde esteve a trabalho no período de 9 a 21 de fevereiro, desembarcou em São Paulo. No dia 25 de fevereiro deu entrada ao Hospital Israelita Albert Einstein, o melhor da cidade (provavelmente, do Brasil), com sintomas da síndrome respiratória, quais sejam, febre, tosse, coriza e dificuldade para respirar. Realizados os exames laboratoriais segundo os protocolos da OMS e sob supervisão do Ministério da Saúde, o Hospital Albert Einsten confirmou que se tratava do COVID-19. Enviado o material ao Instituto Adolfo Lutz, a contraprova também foi positiva: está registrado o primeiro caso de COVID-19 no Brasil (e na América Latina).
Vejam que o paciente não é um turista que veio para o Carnaval, mas um brasileiro que trabalhou no Exterior, vindo de outro país que não a China. Isso foi decisivo para que se “burlasse” as medidas de fiscalização adotadas pela Anvisa, no ingresso de pessoas vindas do estrangeiro para cá. Aconteceu, ainda, no exato momento em que os brasileiros repatriados da China foram liberados da quarentena a que se submeteram, em Anápolis (GO). Agora, a Anvisa está procurando pelos demais passageiros do voo proveniente da Itália em que veio o primeiro paciente. Caso você seja um deles, ou conheça um deles, encaminhe-se imediatamente para um posto de saúde ou hospital próximo, para realização dos exames necessários. Com a colaboração de todos, isso pode ser contido e perfeitamente tratado.
Neste momento, e sem contar o caso brasileiro, registram-se 81.128 casos de coronavírus no mundo, com 2.765 mortes. Vejam o mapa da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, que dá um panorama bastante amplo sobre a evolução da epidemia:
Os procedimentos e condutas, agora, são:
- Não entrar em pânico. A doença é contagiosa, mas tem sido controlada no mundo todo, à exceção da China, com bastante sucesso. Além disso, a mortalidade é baixa, como já visto, na casa de 3,4%;
- Cuidar de seguir as recomendações de precaução que o Ministério da Saúde preconizou e eu reproduzi acima;
- Não havendo necessidade, permanecer em casa, longe de aglomerações, especialmente aqui na cidade de São Paulo.
Vou continuar a acompanhar a evolução dos casos, mundialmente e aqui no Brasil.
Fábio Talhari, para Vida Destra, 26/02/2.019.
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Li seu ótimo artigo. Fez-me lembrar do jovem médico que denunciou o vírus. Foi censurado, acabou infectado e morreu. É de se ficar com a pulga atrás da orelha. Ah , esses chineses…