A crescente tensão entre EUA e Venezuela ganhou novos contornos nesta última quarta-feira, 1º de abril. O Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nova movimentação militar nos mares do Caribe, dobrando a presença naval, através do deslocamento de navios de guerra e aeronaves para o fortalecimento do combate ao narcotráfico.
Preocupado com a possibilidade do aproveitamento da crise mundial pelo Coronavírus, por parte das FARC e da narco-ditadura venezuelana, os EUA visam proteger seu território da ação de contrabandistas de narcóticos. Movimentações subsequentes, com mais navios deslocando-se para águas próximas ao território da Venezuela também são esperadas, o que levantou o temor de um possível conflito entre forças militares americanas e venezuelanas. Todavia, um embate militar é pouco provável neste momento.
É imperativo que se compreenda a situação atual na região. O ditador Nicolás Maduro encontra-se cada vez mais pressionado por autoridades internacionais, seu território encontra-se cercado por aliados dos EUA, principalmente Brasil e Colômbia, que apoiam um plano de transição democrática para o país e, na última quinta-feira, 26 de março, foi indiciado pela Justiça dos EUA por narco-terrorismo e tráfico de drogas. A insatisfação popular e a crise com o novo coronavírus tornam a situação de Maduro quase que insustentável e o ditador já teria caído não fosse um único fator: a colaboração militar russa.
O governo de Vladimir Putin é abertamente aliado ao regime narco-terrorista venezuelano e foi graças à pronta intervenção russa que Maduro permaneceu no poder no momento de maior pressão popular, quando prestes a fugir, foi convencido pelo líder russo a permanecer em Caracas onde receberia apoio militar do governo da Rússia. Não apenas militares, bem como navios da marinha daquele país, iniciaram exercícios em território e águas venezuelanas, frustrando a esperança do povo venezuelano em se livrar das garras de Maduro.
O interesse de Putin não é à toa e muito menos unilateral, trata-se de um acordo muito bem orquestrado de colaboração política, econômica e militar. A Venezuela é detentora de grandes reservas de petróleo e sua posição geográfica, próxima ao Caribe, América Central e América do Norte, tornam o país em uma “segunda Cuba” aos olhos de Putin.
Vale ressaltar que o regime de Putin é constante opositor às sanções americanas ao Irã, bem como vem se transformando em artífice de tensões no Oriente Médio, principalmente após posicionar-se a favor do regime ditatorial de Bashar Al-Assad na Síria e os mais recentes atritos com a Arábia Saudita, levou a uma crise com a OPEP e uma queda vertiginosa nos preços dos barris de petróleo. Contar com as reservas venezuelanas é primordial no plano estratégico da política externa russa que já detém grande poder dentro da Europa, graças ao abastecimento de gás natural. A Rússia visa tornar boa parte do mundo, dependente de suas reservas energéticas.
Encontramo-nos então em uma situação semelhante à Crise dos Mísseis em Cuba (1962), ponto crítico da Guerra Fria entre EUA e a extinta URSS, o que deve instigar a todos à seguinte indagação: a Guerra Fria realmente terminou?
Dificilmente veremos uma investida militar norte-americana na Venezuela, isto significaria uma declaração de guerra que não envolveria apenas os dois países, mas boa parte do Ocidente, levando a um enfraquecimento econômico ocidental e fortalecimento econômico russo.
A aposta de Trump, e do mundo civilizado, deve ser na pressão diplomática cada vez maior, levando a Venezuela a uma transição democrática pacífica, ou com menos traumas possíveis. Lembremos sempre que Donald Trump é talvez o maior enxadrista da geopolítica global e cada movimento é realizado com uma antevisão incomparável.
Lucas Jeha, para Vida Destra, 2/4/2.020.
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Muito bom.