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Política

A outra FACE

 O ex-ministro SM é um daqueles raros casos em que podemos e devemos tirar proveito para fazer uma auto-análise, admitindo nossos próprios erros e tomar uma atitude positiva que nos fará crescer como nação brasileira. Peço paciência, pois a análise será extensa.

Primeiro temos que admitir que não fizemos a “lição de casa”. Erramos – e me incluo neste grande grupo de pessoas – ao não procurar saber quem era o juiz que encarcerou o chefe maior quadrilha da História da Humanidade. Como vimos o desfecho tão aguardado, pulamos eufóricos e aceitamos matérias rasas sobre o afamado juiz. E, como ainda nem sabíamos da nossa força numérica, como Direita Conservadora, ele tornou-se uma unanimidade.

Não apenas ele, mas toda a equipe foi alçada à categoria de heróis, uma espécie de “Liga da Justiça” da vida real até que, no ano passado, começamos a perceber alguns arranhões nessa imagem “perfeita demais”. O não menos famoso procurador, progressista e com tendências esquerdistas, amigo de jornalistas globais saiu da “lista” de preferidos antes de chegar à PGR. 

Naquele momento começamos a acordar de um sonho. Por mais belos que sejam os sonhos, os conservadores precisam viver a realidade. E este mundo é mais complexo do que gostaríamos de admitir. Sim, erramos. Se tivéssemos pesquisado bem, não seríamos surpreendidos pela outra face do ex-ministro.

Mas, o quê e como pesquisar? Por que o caso do ex-ministro mostra a relevância de se investir tempo e energia no próprio auto-aprendizado? Isto é realmente necessário? Para evitar outros traumas como esse, sim. 

Quando alguém me pergunta por DM o que é e qual a importância do Leões da Pátria, eu respondo que é uma autêntica formação conservadora, aplicando a ideia de Sun Tzu, de que para vencer um adversário precisamos nos conhecer e conhecer bem nosso adversário. Para isso, tive a ideia sobre uma espécie de “homeschooling” conservador baseado em resumos sobre vários livros ou temas de interesse, já que nosso adversário – a turma do contra – é multiforme e com estratégicas centenárias.

Estes resumos já estão sendo elaborados, por vários formadores e professores, num determinado momento, estarão disponíveis, ainda que paulatinamente. Cada um irá buscar seu autodesenvolvimento gradual, aprimorar seu olhar e senso de atenção sobre os fatos e detalhes, de modo que consiga, por si próprio, olhar para o grande e complexo quadro que é o Brasil.

Entre os temas gerais, posso elencar ferramentas filosóficas de análise e confrontação de ideias, levantamento histórico, conhecimento sobre marxismo, desinformação e conservadorismo. 

Para demonstrar como o conhecimento multidisciplinar que queremos apresentar no Leões da Pátria pode ser usado, farei de modo extenso, aquilo que devia ter feito lá atrás: com uma abrangente pesquisa, verificar o que o ex-ministro disse e fez.

Vamos ao tema do artigo.

Analiso primeiro o aspecto marxista. O ex-ministro age com o mesmo modus operandi (a mesma forma de agir) de um agente marxista.

Em meados do ano passado, quando houve divulgação de prints de conversas dos integrantes da Operação Lava Jato, em especial do ex-juiz e do principal procurador, o então ministro disse

“Sobre supostas mensagens que me envolveriam (…) lamenta-se a falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares (…) Assim como a postura do site que não entrou em contato antes da publicação, contrariando regra básica do jornalismo. Quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade (…), apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias.” (grifei)

Note que ele considera criminoso o fato de ter conversas reveladas (sem sua permissão), sem ser procurado ANTES da matéria ser divulgada e que esta divulgação teve fins sensacionalistas, leia-se, políticos.

Ora, ora – e o que fez o ex-ministro?  

Totalmente diferente do estilo “juizão” que conhecíamos, o então ministro convoca uma coletiva e anuncia sua saída, sem antes comunicar à quem lhe convidou, o Presidente Bolsonaro, agindo exatamente como criticou quando o Intercept divulgou informações sem falar primeiro com ele.

E mais, anuncia sua saída falando como o político que jurou jamais se tornar: fazendo sensacionalismo e enviando prints de conversas (sem a permissão do Presidente) à emissora de TV, declaradamente inimiga de Bolsonaro, prometendo apresentar mais “provas”.

Ele também havia condenado o Intercept que deveria ter ido primeiro às autoridades, aludindo que só depois teriam direito e autoridade de publicar, se fossem provas criminais, de fato.

Além disso, ele explicou ao jornal Estadão como se procede em casos de informações sobre crimes:

“É uma notícia-crime. Alguém informa que tem informações relevantes sobre crimes e eu repasso para o Ministério Público. Isso está previsto expressamente no Código de Processo Penal, art. 40, e, também, no Art. 7 da Lei de Ação Civil Pública diz que ‘quando o juiz tiver conhecimento de fatos que podem constituir crime ou improbidade administrativa ele comunica o Ministério Público’. Basicamente é isso, eu recebi e repassei. Porque eu não posso fazer essa investigação.” (grifei)

Mas, não agiu agora com o Presidente como observara, então. Ao contrário, iniciou uma investigação particular por 15 meses, como noticiaram várias mídias, divergindo totalmente da ética, mesmo sendo conhecedor da sua responsabilidade, pois cita dois artigos de leis diferentes de memória.

Vimos o conteúdo e suas incoerências. Vejamos agora a veracidade da pessoa, pela ótica da Ciência do Comportamento.

Na coletiva o ex-ministro fala sentado, com aspecto cansado, e lê um jogo de folhas grampeado. Fazendo um zoom, percebe-se que contém frases inteiras e com diferentes tamanhos de fontes de letra – o que podem indicar terem sido copiados e colados de materiais recebidos de pessoas diferentes (seriam mandantes, parceiros ou orientadores?).

Seu olhar, aparentemente lembrando de fatos, foi contestado por Ricardo Ventura, um especialista em análise comportamental em seu canal do YouTube, contradizendo a reação de alguém que fala a verdade. A Ciência do Comportamento prova que ele falava de contextos criados e não de fatos reais. O corpo não mente, ele contradiz o que se fala quando se falta com a verdade.

E o quesito desinformação?

Seu tom político, ao sair “atirando”, também deve ser destacado: desde quando ele começou a se tornar político? Aparentemente, desde o lançamento do esperado Pacote Anticrime. 

Ao contrário do que tem feito o Presidente – que se restringe no contato com o Congresso Nacional, pois entende que o Congresso deve ter liberdade para debater, sem a pressão do toma-lá-dá-cá – o ex-juiz saiu em peregrinação para encontrar Deputados e Senadores. Temos até o encontro de paz, promovido por Joice Hasselmann, para pôr fim a animosidade entre Maia e o ex-juiz.

E parece que a tal reunião surtiu efeito: o Pacote Anticrime saiu do forno SEM abranger o crime de caixa dois, cometido por muitos dos parlamentares eleitos e, principalmente, os reeleitos.

Naquele momento, achamos estranho, mas ouvimos políticos antigos alegarem o verossímil argumento de que a política é a “arte do possível”. E, já que ele iria encontrar resistência, seria melhor evitar. Eis o primeiro passo da desinformação, a “glasnost”, a famosa “passada de pano”.

O que houve com o tom de paladino da justiça de “sempre fazer a coisa certa”? Por que CEDEU? Foram as conversas com “Joices”, “Maias” e outros tantos políticos do centrão? 

O fato é que o ex-juiz aparentemente negociou um acordo e mesmo assim teve derrotas. Curiosamente, após ter negociado o Pacote Anticrime, a mídia começa a acusar Bolsonaro de “acordão” – a cada hora com um Poder e sobre um pretexto. Mas, vemos aqui, mais um esquema do “acuse-os do que você faz” marxista em sua prática de desinformação ao acusar o Presidente, pois se fosse verdade, não seria afrontado a cada semana por algum ato contrário.

E o gosto pela política foi crescendo. Do contrário, como justificar tantas fotos com o braço erguido fazendo o “V” de vitória?

Além de várias menções espalhadas em notas sobre encontros e apresentações, temos matéria na Veja que o apresentava em 4 de dezembro de 2019 como “um candidato em construção”. Já o Tag Report – um site restrito e de credibilidade em Brasília, citado em MS Notícias – afirmava que o então ministro da Justiça “é desde já candidato a presidente da República na eleição de 2022”. Segundo a matéria, ele “perdeu a ingenuidade”, segundo pessoa próxima e “que ele não está mais entusiasmado com a possibilidade de obter uma cadeira no STF nem mesmo ser vice numa chapa encabeçada pelo presidente. Nos dois casos, dependeria ‘do humor instável’ de Bolsonaro, o que ele não quer.”

Tudo isso em pleno mês natalino, sem que notássemos, já que estávamos exaustos da saraivada de tiros disparada pelos outros Poderes, que assistimos durante o ano todo.

Mas, o fato mais evidente de sua transformação em político foi sua visita ao Espírito Santo, em 29 de outubro de 2019. Conforme noticiou A Gazeta ele foi “recebido e celebrado aos gritos de ‘Moro presidente’ ao subir as escadarias do Palácio Anchieta” e “fez muitos acenos aos apoiadores com direito a ‘V de vitória’, típico de políticos em campanha”. E temos este registro fotográfico, antes inimaginável para alguém que negava ter pretensões políticas:

E desde o dia de seu desligamento, o ex-ministro se comporta como adversário político disposto a tudo. Expôs sua afilhada de casamento com prints e tentou criar clima de terror com o anúncio de 15 meses de supostas provas contra Bolsonaro. Depois, pressiona o STF para que “libere” imediatamente o conteúdo de seu depoimento de nove horas, aos velhos amigos da PF, acompanhados de uma bela pizza…

Não vamos entrar aqui nas manobras para acelerar seu depoimento. Vamos nos ater ao que foi dito e rebatido pela Dep. Carla Zambelli nos prints e depois sobre o depoimento.

Em uma dialética com o amigo Reynaldo @ReyFigueiredo, ele chamou atenção, para o texto do canto superior direito, na parte “branca” que era do então ministro, em que este diz após alguns poucos comentários: “Carla, não vou tratar estas questões por escrito. O PR já tem todas as informações”. A pergunta que fica no ar é: por que não poderia escrever? Teria medo de criar provas contra si mesmo? Algo descabido e que cheira a tramoia, incluindo sua “investigação particular”, captando informações de ministros e pessoal do governo. 

Talvez por isso, esta imagem em que, novamente pela Ciência do Comportamento, demonstra vergonha… Apesar de todos à sua volta estarem felizes, com o Presidente e o Ministro Guedes lhe dirigindo a palavra, o então ministro olha para o chão de modo desconcertante. Mesmo que ninguém soubesse, ele sabia perfeitamente que estava traindo a confiança de todos.

E temos nova rodada de desinformação: após tanta expectativa, os investigadores declaram às mídias que muito pouco do que o ex-ministro trouxe como prova poderia ser aproveitado, o que fez a extrema imprensa atenuar dizendo que “foram apenas 15 dias” de material coletado. Mas, não haviam dito, dias antes que eram 15 meses? A revelação do fiasco se aproximava.

Para finalizar, apenas para destacar mais uma vez o uso da análise filosófica, vamos observar a flagrantes contradições de seu depoimento à PF, analisando apenas aspectos lógicos.

Sabendo que deveria informar, desde logo, alguma irregularidade imediatamente às autoridades (como exigiu do Intercept) tenta minimizar sua investigação particular dizendo que não acusou o presidente de crime, como se fazer acusações de supostos crimes (que várias mídias elencaram como comuns e de responsabilidade) fosse necessário utilizar a palavra “crime”.

Quando perguntado sobre pedidos específicos sobre informações (leia-se – sobre os FILHOS do Presidente) o ex-ministro nega várias vezes que algo lhe foi pedido por Bolsonaro nesse sentido.

E alega entender que as nomeações que o Presidente desejava fazer eram interferências “sem motivo”, e assim alega repetidas vezes.

No entanto declarou, na página 02, que em agosto de 2019, o Presidente queria a troca por “motivo de produtividade” – ora, então, desde então já está estabelecido o motivo que o ex-ministro passa solenemente a ignorar até a presente data, mas que consta em seu depoimento.

O mais grave, parece estar na questão sobre os “relatórios de inteligência”. 

Primeiro, na página 06 o ex-ministro diz textualmente “que os relatórios de inteligência da Polícia Federal sobre assuntos estratégicos e de Segurança Nacional são inseridos pela sua diretoria de Inteligência no SISBIN e que a ABIN consolida essas informações” – o que, grosso modo, indica que a PF tem algum tipo de informações de inteligência.

Depois, na página 08 cita, atribuindo ao General Heleno, afirma que “o tipo de relatório de inteligência que o Presidente queria não tinha como ser fornecido”. Mas, já não é fornecido para a ABIN que consolida junto de outros relatórios? E passa a dizer que “comunicava operações sensíveis” e, também, lhe enviava por Whatsapp – o que não configura o desejado relatório.

Daí há duas hipóteses, para o grande tema dos Relatórios de Inteligência – direito constitucional de Presidente da República, sem significar qualquer tipo de interferência: ou os relatórios de inteligência da PF efetivamente existem e foram sonegados, ou o ex-ministro deveria explicar melhor a situação e até propor que as informações de inteligências fossem “extraídas” antes de serem consolidadas pela ABIN, coisa perfeitamente exequível.  

O ex-presidente Temer, em entrevista, além de sinalizar que não são apenas um direito, mas um dever que o Presidente tem de estar atento à estes relatórios de inteligência, como contou foi ele quem criou o novo formato para consolidar todos os relatórios de várias fontes.

Ou o ex-ministro não foi competente o suficiente para resolver uma questão simples ou estava agindo, deliberadamente, de má fé. Sem entrar no mérito de que ser convidado com “carta branca” não significa se apossar de competência exclusiva de Presidente da República. Bolsonaro não lhe deu procuração para fazer tudo ao seu bel prazer, já que o ex-ministro não foi eleito.

Fechando esta extensa análise, há que se lembrar que no fim das contas, não importa o que aconteça, a cobrança pela responsabilidade sempre recairá sobre o Presidente que tem o dever de FISCALIZAR todos os membros do seu governo, tal qual um engenheiro à sua obra.

Enfim, era esta a pesquisa e análise que deveríamos ter feito antes de sermos surpreendidos pela mudança súbita do ex-ministro. Foi uma pesquisa extensa e uma análise feita em conjunto, conversando com outras pessoas na famosa dialética. Não somos doutores em nenhum campo específico, mas mesmo o simples conhecimento de vários temas favorece o debate. 

Afinal, era isto que queria demonstrar: como a combinação multidisciplinar de conhecimentos podem formar cidadãos conscientes para que, de agora em diante, estejam atentos e preparados para pesquisar e analisar aqueles que elegemos e os que compõe o governo eleito.

Fica, inclusive, o apelo ao Presidente Bolsonaro para que, antes de nomeação para algum cargo-chave, nomes possam ser avaliados e pesquisados pelas Redes Sociais para evitar problemas, ainda que a decisão final caiba exclusivamente a ele e deva ser respeitada em todo caso.

Afinal, juntos poderemos fazer do Brasil o país conservador que queremos.

Angelo, para Vida Destra, 6/5/2.020.

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18 COMMENTS

  1. Muito bom, amigo! O que todos os grupos esquerdistas têm em comum é o uso e o abuso da mentira. Enganam sem dó, a ponto de colocar aqueles que neles acreditam em um mundo paralelo.

    • Obrigado, caro Gogol!
      Sim, a verdade liberta. Infelizmente, há os que são levados à bolha e, depois de contaminados, é difícil fazê-los acordar deste pesadelo. O melhor é prevenir.
      Este é o intuito das formações do Leões da Pátria.

  2. Difícil é a percepção que vamos sofrer deslealdade de pessoas do tipo dele!! TOTALMENTE despreparado para ter poder! EXCELENTE texto,!@

  3. Aquele comportamento sempre desligado do grupo , sempre tinha alguém para puxar e incluí-lo na foto, nós consideramos os gestos e comportamento como de una pessoa tímida, reservada, não dada aos holofotes devido sua vida pregressa de juiz. Mas como fomos enganados ! O acanhamento era reflexos na infidelidade, não compactuava doa mesmo
    Valores e interesses. Eu sou cristã e antes de muitas batalhavas costumamos abrir um jejum pra que Deus nos mostre as falhas e o que fazer para avançar e acertar .Creio quebra-se mal foi revelado após os sisos jejuns do 12/4 e dia 22/3. Foi Mandetta e Moro. Que Deus nos mostre o caminho a percorrer, e nunca deixar de estudar e avaliar melhor nossos parceiros! Observar melhor os inimigos e separar os que podem somar mesmo sendo diferentes, mas nunca misturar ideologias, crença, valores.

  4. Ângelo, minha frase sobre o ex-juiz que, acredito, resuma em parte sua atitude: Ele saiu da magistratura, mas a magistratura não saiu dele.
    TT: @ofcalinhosreal

  5. Puxa vida… fiquei deslumbrada com o artigo… Vale pra vida, me faz lembrar da frase bíblica “Maldito do homem que confia no homem”

    • Que bom que gostou, Luciana! Louvado seja Deus!
      É difícil viver desconfiando de tudo e de todos, mas precisamos aprender a estar ATENTOS o tempo todo. Aí, ao menor sinal de desvio, a luz de alerta de acende.

  6. No final de tudo, o Sérgio Moro acabou sendo uma grande lição para a direita, que aos trancos e barrancos está aprendendo o que é política e seus embrulhos. Excelente análise, parabéns!

  7. Ótimo texto, Ângelo!! Acredito que a índole e essência dos indivíduos são perenes e atemporais! Moro já tinha a psiquê lábil, logo, só precisou do “motivo” famigerado para ceder às tentações! Ele já “estava vendido”!!

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Engenheiro, católico atuante, conservador e estudioso do marxismo. "A verdade liberta".