Alguns de vocês já estão acostumados com meus artigos e a minha forma de pensar. Normalmente minhas reflexões causam algumas reações juvenis e pouco associadas à realidade, mas respeito e ao mesmo tempo divirjo. Entretanto, alguns leitores e até mesmo amigos se enraivecem com os fatos mostrados por mim, algum dia entenderão. Mas vamos aos fatos?
Entre 1731 e 1735 nascia a filha de Maria da Costa, negra, com o pai Antônio Caetano de Sá, português. Pois bem, nascida escrava e forra posteriormente, dona Francisca da Silva de Oliveira, Chica da Silva, era proprietária de casa de proporções enormes no Arraial do Tejuco, local fértil para a extração de pedras preciosas, ouro e diamantes, mas principalmente tinha também um plantel de escravos. Sim, um plantel de escravos. Nos registros encontrados no Arraial do Tejuco, foram encontrados pelo menos 104 escravos sendo ela a proprietária.
Nesta região acima citada em pesquisa realizada, percebi que das principais famílias da época, apenas 6,1% do total tinham em seu plantel, mais de vinte cativos. Mas percebam que esta pesquisa somente leva em consideração o numero de escravos no momento da morte de Chica da Silva. É isto que está descrito nos documentos oficiais quando de sua morte.
Somente para vocês terem uma ideia, no biênio de 1786 a 87, Chica perdeu 24 escravos, pois, vários deles eram alugados para a extração nas Minas. E teve que repô-los, pois, ela visava o lucro para quem se servia da escravidão. Os escravos que trabalhavam nestas minas, morriam de variados acidentes, dentre os quais posso citar: afogamento, deslize de barrancos e doenças a que estavam expostos por lavrar na agua, sem condições mínimas de proteção a saúde.
Estes fatos deram luz a uma figura romanceada por uma geração de pessoas que nunca se deram ao trabalho de fazer pesquisas profundas e sérias sobre o tema. Chica da Silva se locupletou de vidas negras para enriquecer e viver nababescamente.
Lembram do filme Diamantes de Sangue estrelado por Leonardo Di Caprio? O que aconteceria se nos conservadores mostrássemos estes fatos através de um novo filme sobre a vida de Chica? Chica da Silva se sentia culpada por ter usado diamantes manchados de sangue, mesmo sabendo que seu povo sofria cativo e morria para satisfazer seus prazeres?
Muito de seus escravos eram alugados para os contratos de exploração e inúmeros contratos estão a disposição para serem pesquisados. Chica também empregou mão de obra escrava, na Pecuária e Agricultura, pois, seu marido, Joao Fernandez de Oliveira, desembargador e contratador de diamantes era proprietário de varias fazendas na região, repito, varias fazendas.
Chica também não economizou para dar a melhor educação aos filhos. Nove filhas foram enviadas ao Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição de Monte Alegre de Macaúbas, simplesmente uma escola onde somente a elite mineira poderia custear os estudos de seus filhos. Era o melhor educandário da época.
Para os amantes da figura que nunca existiu, outro fato que não era mencionado foi que Chica da Silva nunca deixou suas filhas terem contato com o candomblé ou outras crenças religiosas africanas. Todas eram cristãs.
Já no terreno das relações sociais, ela sempre desfrutou de pessoas extremamente influentes. O poderoso Sebastião José de Carvalho e Melo, o futuro Marques de Pombal, frequentava o mesmo circulo social de Chica e tinha profundas ligações com o marido da mesma.
E o que vemos hoje em dia? A disparidade entre os fatos e uma paixão doentia sobre um movimento assassino que se espalha no mundo, o tal Black Lives Matter. Este movimento tem em seus quadros, assassinos como um sujeito que que atropelou vários adultos e crianças em uma parada de Natal nesta semana em Wisconsin, EUA; e obteve o silêncio por parte da grande mídia como forma de apoio ao Movimento de facínoras e débeis mentais.
Portanto, já é manjadíssima esta estratégia de tirar o foco sobre os fatos, mas estou aqui para ser inconveniente com quem acha cool endeusar pessoas e movimentos que estão pouco se lixando com as condições do ser humano. Chica da Silva, vendida pela mídia como heroína, foi na verdade, alguém que desprezou por completo as barbaridades com seu povo; e que pouquíssimas pessoas conhecem,.
Mas para desencanto da patota, os fatos estão descritos na obra da escritora Júnia Ferreira Furtado, chamada “Chica da Silva e o Contratador de diamantes” editado pela Companhia das Letras.
Muito esclarecedor e acho irônico o endeusamento da mídia feita sobre a atriz Tais Araújo,que já encarnou tal personagem e nunca me representou. Como sempre são sabedores desta realidade subjacente de vários personagens históricos, não é de se admirar o deboche e o escárnio sobre a grande maioria que dignifica alguém que, de fato, deveria ser defenestrado.
E assim segue este mundo, narrativa em narrativa, ou seja, de mentira em mentira, pois o que é a verdade para a militância??? Certamente, aquilo que lhes convém…