Eu quero lhe falar sobre um povo. E, se for possível, ponderar sobre seus anseios. Creio que esse grupo ao qual me refiro, batalha, mesmo, ele labuta até que cesse a última e poética gota de suor. Enquanto o faz, sujeita-se a sacrilégios, uma vez sendo improvável dotar-se de honrarias. Talvez esse povo erre, sobretudo no âmbito político, pois não ensinaram-no a pensar, vos distraindo em meio aos triviais prazeres do capital. É sabido que um pai de família, sedento pela água extraída de si mesmo por quanto o trabalho lhe consome, endireita-se do efêmero e acessível, afinal, se não for para aproveitar os poucos dias de luxúrias possíveis, quais seriam as vantagens dos anos batalhados?
Ainda sobre esse pai de família, ele é um dos milhões desse povo sofrido, raramente exaurido de forças, pois as mesmas findam-se somente ao seu falecer. E, portanto, é justificável a sua pressa em ser feliz, afinal, sabemos, como dizia o poeta, não há alegria que nunca acabe nem tristeza que sempre dure;. Contudo, tão necessário quanto os proveitos, são as projeções. Mas, como já afirmado acima, não é conveniente aos patrões da nossa hierarquia traçar-vos expectativas e possibilitá-los estabilidade.
Esse povo é o brasileiro. Essa gente é a nossa gente. Essas gotas de suores, às vezes acrescidas à lágrimas, caem também dos nossos corpos. Portanto, o pouco que temos é muito para quem, até então, não soube o que é possuir além do básico. Nosso país jamais será somente de heróis tampouco formado por maioria de bandidos. Essa pátria, amada de várias formas, odiada através de outras, é um contraste entre o cidadão e a democracia. Não temos cidadania, o que pensamos ter é a Constituição, mas tamanha razura desta que aparenta proteção não iguala-nos, pelo contrário, trazai-vos dúvidas e medos. Então, bora viver, Brasil! Seguir em frente, pois Zé Ramalho já cantai-nos em outrora: fazemos parte dessa massa, passamos nos projetos do futuro, caminhamos a duras penas e damos muito mais do que recebemos, demonstrando coragem à margem dos atenuantes que nos aparecem.
O nosso povo tem vida de gado, é povo marcado, mas essencialmente é feliz