As eleições municipais brasileiras foram um puxadinho da eleição norte-americana, no que diz respeito à corrupção política, fraude eleitoral e políticos malandros. Quanta malandragem! Aliás, Bezerra da Silva já cantava “Malandro é Malandro, e Mané é Mané”.
A dicotomia de personalidade cantada por Bezerra da Silva, que traça uma linha entre os “manés” e os “malandros”, revela um pouco da nossa cultura política. O “Mané” não é outro senão o “otário”, pois, como diz o antropólogo Roberto DaMatta na sua obra clássica, “Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro”: “O malandro para existir precisa do otário que lhe faz o contraponto, que lhe serve como escada”.
O problema é que o otário por sua vez, é aquela figura indesejável, antiquada, que acredita na lei, nas normas e se pauta por elas, por isso, para o malandro, é quase um imperativo categórico kantiano burlar o otário. Em outras palavras: é a derrocada da lei pela esperteza da malandragem.
Essa aceitação política e cultural da malandragem faz com que o candidato malandro vire esperto, e aquele que trabalha duro, paga suas contas, segue as normas e não pega os atalhos para quebrar a burocracia, vire otário. Neste sentido, o político honesto de campanha limpa, é difícil se eleger, pois como dizia Silva: “Malandro é o cara que tá com dinheiro e não se compara com um Zé Mané”.
Dinheiro é o que o malandro mais quer, e dinheiro é o que ele mais tem, principalmente do fundo eleitoral. Dinheiro seu e meu.
De fato, uma eleição em meio a uma crise financeira é tudo o que um político malandro deseja, pois, por meio dela, vem o fundão que lhe proporcionará as benesses de compras de votos, compras de notas frias na gráfica que fez seus “santinhos”, de pagar a carreata, pagar o churrasco do time de várzea e, por fim, se eleger prometendo mundos e fundos aos otários, ao som da melodia da corrupção.
Fico por aqui, rogando a Deus que nos livre dos malandros e suas malandragens, institucionalizadas ou não!!!
Paulo Cristiano da Silva, para Vida Destra, 18/11/2020
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Ótimo resumo!Nós brasileiros otários patrocinamos tudo, não levamos nada! Os q nos representarão serão poucos e engolidos pelos malandros…
Parabéns pelo artigo!
Ou contestamos, ou seremos engolimos.
A excelente comparação do art. de @pacrisoficial do candidato Malandro e do político honesto, q não consegue se eleger, um Zé Mané, faz me lembrar como admitir um fundo eleitoral de 2 bi com déficit de 20% do PIB. O Congresso nos faz de otário!