Não há dúvidas que tratamos de um tema recorrente, mas que parece incompreendido, pouco estudado e que não tem sua devida importância observada pela Direita brasileira
A linguagem tem sido uma arma “de poder” tão utilizada pela esquerda que contamina os códigos e até o discurso do debatedor mais reacionário
A importância deste expediente foi amplamente estudada por nomes que desenvolveram a linguagem do pensamento Marxista (Bakhtin) e ampliaram as possibilidades da “Hegemonia Cultural” (Gramsci).
Muito comumente, “contaminam” os debates com sua linguagem específica e texto com códigos de identidade do discurso, a exemplo da expressão “passar pano”, cujo sentido foi forçado pela esquerda a ser entendido pela Direita.
Ora, passar o pano é uma atividade de limpeza, não deveria ser pejorativo, já que não se trata de esconder a sujeira. Contudo, entre usar a conservadora expressão “varrer para debaixo do tapete” e inventar uma própria, eles não titubearam, ainda que o sentido inventado não guarde coerência com o sentido literal e já reconhecido universalmente.
Pior q as invenções Foucaultianas da esquerda, é a Direita adotar tais expressões em seu próprio discurso, ato que já desmerece o seu discurso mesmo antes de expressar qualquer conteúdo.
Esses códigos e estética, têm a função de dar a identidade do discurso, ainda que se trate de um “texto imagético” (Foucault), como filmes, “memes” e desenhos, a linguagem dá essa identidade ao discurso para atingir o “público” específico desejado.
Acontece que se um debatedor da Direita usa o “Red Code” de seu oponente, certamente causará um contentamento absoluto a ele, pois não há a menor intenção de aplicar o discurso ao debatedor de Direita, mas, tão somente, usar o debatedor como meio de propagar seu próprio discurso “aos seus” e aos desavisados, sobretudo nas redes sociais. Forçar o uso da sua linguagem pelo debatedor é o bônus que faltava para formar sua supremacia linguística.
Ter uma linguagem própria é dispor de uma identidade compatível e coerente com seu discurso, possibilita estar, no mínimo, em pé de igualdade linguística, além de objetivar o que interessa nos debates em redes sociais, falar para “os seus”, pois ninguém, em sã consciência, pode imaginar que, em poucas e esparsas palavras, por melhor que sejam, irá mudar a marca ideológica de seu debatedor.
A Direita precisa desenvolver sua linguagem para que “os seus” se reconheçam no discurso, há uma questão de conduta envolvida, pois até o vocabulário se altera com o ambiente em que está inserido, como a “bolha social” que Bakhtin frisa para explicar a limitação linguística, outra pérola replicada pela esquerda, “bolha social”, mas que, em verdade, é o exato caso de quem não lê as variações de pensamento e se prende, apenas, ao discurso ideológico da esquerda.
A Direita tem essa virtude de não estar presa a um sistema Autopoiético (Luhmann), que não tem abertura cognitiva para outros sistemas e apenas se permite a “se alimentar” dos mesmos códigos já estabelecidos em décadas de doutrinação. Essa doutrinação, fruto da “Hegemonia Cultural” que se estabeleceu no Brasil, é um fator complicador da “libertação” desses códigos e estética linguística, ademais, diante da revolução da Comunicação, a aplicação simbiótica do discurso Político e da Linguagem tem sido determinante nas redes sociais, sobretudo para a esquerda que, maliciosamente, se preparou para esse mundo de imposição da linguagem e em uma reciprocidade entre política e teoria da linguagem (Chomsky).
Claro que há uma barreira linguística para determinadas definições e descrições, como, por exemplo, que palavra, em nosso vocabulário, teria o condão de definir uma criatura que desviou as riquezas do país, traficou influência e montou o maior esquema de corrupção institucionalizada do mundo para um projeto de poder eterno?! Não há, não existe um adjetivo a altura, nem mesmo em vocabulários estrangeiros mais ricos que o nosso.
Esses percalços tem uma tendência a tornarem os nomes desses atores na própria metonímia que os definirá. Como é o caso do Hitler, comumente usado para servir como xingamento, contudo, por esse mesmo motivo, mas de forma inversa, há os que não se incomodam de serem chamados de Comunistas, aqui percebemos as variações da Linguagem que causam ambiguidade linguística.
De toda a sorte, sem dúvida, é a capacidade de entender a linguagem do debatedor (mas sem lhe dar importância), de produzir sua própria linguagem (compatível com seu discurso) e de ter conteúdo disposto no xadrez da lógica que fará a Direita despontar nos milhões de debates existentes nas redes sociais, pois difícil mesmo é defender o indefensável.
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Excelente!!!! Interessante destacar: “A Direita precisa desenvolver sua linguagem para que “os seus” se reconheçam no discurso” . Imprescindível para a direita que está se formando.
Exato Amigo, o debate de convencimento apenas se torna desgastante, nosso discurso tem q ter uma linguagem própria dedicada para a Direita e não se pode usar os termos da esquerda para sucumbir na linguagem do oponente