Definitivamente, não dá para parar o país. Pessoas, mesmo recolhidas em suas residências, têm necessidades que precisam ser atendidas. O abastecimento de gêneros e bens precisa continuar a ser feito, serviços essenciais precisam ser prestados.
Falo de caminhoneiros, motoristas de transportes coletivos, taxistas, operadores de trens e metrôs, policiais civis e militares, atendimento de mercados, serviços de segurança privada, coleta de lixo e limpeza pública, abastecimento de combustíveis, hospitais e postos de saúde, médicos e dentistas, cartórios e tribunais, administração pública, serviços de entregas, de água e esgoto, de energia elétrica e telefonia, restaurantes e lanchonetes… E nem falo da indústria e do comércio em geral. Isso tudo envolve pessoas que não podem simplesmente entrar em quarentena a menos que sejam funcionários públicos cujos salários estejam garantidos pelo governo. Nada poderia ser mais óbvio, principalmente em grandes centros urbanos.
É evidente que se devem evitar as aglomerações e as pessoas em grupos de risco – as idosas e as com problemas crônicos de saúde, especialmente aquelas que baixam a imunidade ou que afetem o sistema respiratório – devem se resguardar o quanto possível a fim de evitarem a exposição ao COVID-19, pois essa gripe, como se sabe, causa mais fatalidades justamente entre essas pessoas.
Contudo, também já se sabe, o percentual de fatalidades entre pessoas jovens e saudáveis é baixo, inferior, inclusive, a doenças como a dengue ou a tuberculose que, apenas em 2017, teve mais de 72 mil novos casos no Brasil com 4,4 mil óbitos, segundo dados da OMS. Aliás, é possível se imaginar que não fossem as campanhas de vacinação realizadas há muitos anos aqui, a mortalidade provocada pelas diversas cepas do vírus da influenza, isto é, a gripe comum, seria tão ou mais elevada que a provocada por essa nova variedade do corona. Dizem os médicos que o que mais mata idoso é a gripe comum.
Todo o problema se restringe ao fato de que ainda não há uma vacina para essa gripe e nem se sabe com certeza de tratamento específico que minimizem seus efeitos. Mas, ainda que houvesse uma vacina – coisa que segundo afirmam ainda demora alguns meses – ela apenas evitaria ou diminuiria os novos contágios, sem jamais funcionar como terapia ou para combater as possíveis e prováveis mutações. Em outras palavras: assim como tivemos que conviver com a gripe H1N1 – essa sim, mais mortal – teremos que aprender a conviver com o COVID-19, como já aconteceu no passado, inclusive com a mortífera peste negra e a famigerada gripe espanhola.
O fato é que na medida em que a população é exposta a um novo vírus ou bactéria, vai gradativamente adquirindo níveis de imunidade natural, a menos, é claro, que por descabido medo, ignorância e má informação, recorra a tratamentos empíricos ou inadequados que provoquem o surgimento, por exemplo, daquilo que a ciência denomina de “super bactérias”, resistentes aos mais potentes antibióticos e que são o terror dos centros cirúrgicos.
Não se pode negar que a pandemia pelo corona vírus merece atenção da saúde pública. Seria uma irresponsabilidade tratar a questão com descaso, principalmente em função do inexorável inverno que se aproxima. Não sou da área médica e nem mesmo formado em ciências biológicas, apenas procuro me informar para não me deixar levar pela paranoia que parece estar se disseminando com maior velocidade e amplitude que a própria pandemia. Pois é justamente isso que se vê agora em relação ao COVID-19. E perante uma população assustada, sempre surgem os oportunistas que além de alimentarem o medo, se valem da ocasião para faturarem politicamente, verdade que se pode constatar lendo e ouvindo as notícias dos grandes órgãos de comunicação, que passei a denominar de extrema-imprensa e que fazem um excelente trabalho de manipulação em favor de opositores e oportunistas políticos.
Esses oportunistas têm se valido da pandemia para, com novo ânimo, labutarem pela desestabilização do atual governo. Assim como sempre buscaram um pretexto, qualquer pretexto, para denegrir a imagem do Presidente, tudo fazem para colocar a opinião pública contra ele. E poucas coisas podem ser mais eficientes para atingirem esse objetivo que uma população assustada e mal informada. Em outras palavras: faça o que fizer e diga o que disser, a cada novo caso dessa pandemia, cada inevitável óbito que vier a ocorrer, será lançado à responsabilidade do Presidente que, com justa razão, tem tentado combater a infundada paranoia* e afirmado que não dá simplesmente para parar o país em quarentena. Sem dúvida, o Presidente está certo.
*Paranoia: é um instinto ou processo de pensamento que se acredita ser fortemente influenciado pela ansiedade ou medo, muitas vezes ao ponto de delírio ou irracionalidade.
Laerte A. Ferraz para Vida Destra, 27/03/2.020.
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Olá, meu amigo! O governo federal está fazendo muita coisa boa. Cabe ao povo cobrar de cada governador, de cada prefeito. Passeatas é uma boa medida para isso.
Quanta sabedoria rosacruz, não?
Raciocínio claro, descrevendo a real situação do nosso País. É preciso cautela? Óbvio. Mas tbm é óbvio o desdobramento dessa paranóia que pára o Brasil. Eu não sei dizer como melhor cuidar dos vulneráveis sem parar o Brasil mas há de ter um caminho e será uma equipe de crise que poderá focar nessa condução.