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POR QUE A MINORIA PREVALECE SOBRE A MAIORIA NO BRASIL?

Nada mais avassalador do que o adestramento ao discurso politicamente correto. A criação de um falso padrão de moralidade verbal, baseado em princípios que até possuem um fundo de verdade, também tem sido usado para o controle das massas de manobra.

Para manter uma ideia em alta é preciso manter outras em baixa. Para isso, é necessário criar censura, o que, naturalmente, não prevalece na sociedade moderna. Por isso, o politicamente correto é uma forma de destruir o discurso de oposição por meio da padronização moral da fala. Suponhamos que você se opõe a alguma pauta, seja lá qual for. Usaremos o exemplo das cotas raciais em universidades. Antes de sua oposição, os defensores delas criaram uma blindagem sociológica baseada na demonização da oposição. Isso fica claro quando utilizam os termos racista ou xenófobo para tratar de atitudes lúcidas de oposição às famigeradas cotas. Assim sendo, você é apontado como opositor dos grupos beneficiados por elas e não das políticas públicas que as sustentam.

A ideia é transformar as lutas de minorias em assuntos que ocupam pautas em todas as esferas sociais e políticas. Com maestria, a esquerda implantou a síndrome do oprimido no subconsciente das minorias, criando uma forma de revolta que foi pano de fundo para o nascimento das atuais políticas públicas assistências vigentes no Brasil, que, evidentemente, fortaleceram a esquerda na política brasileira.

As falas usadas para agradar a maioria, ou pelo menos para não criar repúdio desta ou daquela classe, por meio da isenção, que são arquitetadas pela persuasão emocional e moral, conquistaram milhões de adeptos.

E para que você leitor entenda ainda melhor, observe. Essa forma de proclamar as convicções, nascida da teoria crítica, é notada em todos os ambientes políticos onde a esquerda tem espaço. Na educação, por exemplo, o fato de dividir a sociedade em oprimidos e opressores é fruto desse discurso. A esquerda parece tentar justificar que o espaço do oprimido, é uma dívida histórica a ser paga, afirmando que os negros, no Brasil, nascem proibidos de serem inteligentes. Por parecer sensata, a esquerda acaba recebendo apoio de adeptos à causa dos afrodescendentes, que com toda a razão devem procurar, por méritos próprios, seu lugar na universidade ou no mercado de trabalho. Porém, veja que o existe o uso de uma persuasão poética para dar voz e visibilidade a uma causa que, no futuro, seria usada para manobrar massas em torno de uma ideologia política, a saber o socialismo, que está visível aos que enxergam, na história política do Brasil, há décadas.

O exemplo acima é um em centenas. É impossível juntar em uma só obra os pilares que sustentam o politicamente correto. O fato é que sua aplicação teve resultados práticos bem visíveis. Estamos em período de polarização na política brasileira. A direita parece ter se levantado em meio a um cenário que, há pouco tempo, se demonstrava hegemônico demais para que isso acontecesse. O que mais se vê nas propagandas dos partidos de esquerda é o pleno desenvolver da tática politicamente correta. Na pauta do PT, especificamente, percebe-se uma grande preocupação em manter vivo o conceito batizado por Max Horkheimer no final dos anos 1930.

Pode-se observar, num olhar objetivo ao plano de governo do PT, para as eleições de 2018, que a suposta defesa às pautas que envolvem minorias, como LGBTI+`s, são colocadas em destaque, justamente para alavancar a opinião pública rumo aos objetivos revolucionários, afinal, qual seria a relevância emergencial para a discussão de uma minoria que não representa, nem de longe, uma parcela significativa da população brasileira? É evidente que tudo isso não passa de uma manobra para atrair a atenção de pessoas que, desinformadas, caem na armadilha do referido discurso. Veja, na íntegra, as propostas que integram a pauta do partido citado, contidas na página 21 do seu programa de governo presidencial:

 

“2.4 PROMOVER A CIDADANIA LGBTI+: Promoveremos o direito à vida, ao emprego e à cidadania LGBTI+, com prioridade para as pessoas em situação de pobreza. Serão realizados todos os esforços para que o Brasil supere a violência contra a população LGBTI+ e para que possa contar com uma lei que responsabilize os crimes de ódio, entre os quais os praticados contra as pessoas LGBTI+ – criminalização da LGBTIfobia. Ademais, fortalecerá o Sistema Nacional LGBTI+ e instituirá a Rede de Enfrentamento à Violência contra LGBTI+, articulando órgãos federais, estaduais e municipais para que implementem políticas de promoção da orientação sexual e identidade de gênero. O governo vai investir na saúde integral LGBTI+ e implementará programas e ações de educação para a diversidade, enfrentamento ao “bullying” e reversão da evasão escolar. Além disso, implementaremos políticas para enfrentar a mortalidade das pessoas travestis e transexuais e criará nacionalmente o Programa Transcidadania, que garantirá bolsa de estudos a pessoas travestis e transexuais em situação de vulnerabilidade para concluírem o ensino fundamental e médio, articulado com formação profissional.”[1] (Grifos meus) (PT,2018)

Dizer que não possam usufruir dos direitos garantidos a todos é negar a cidadania a essas pessoas. Somos absolutamente contra isso e repudiamos qualquer prática de violência, seja contra elas ou contra qualquer outro cidadão, independente de orientação ou, como queiram, opção sexual. Mas ao observar o tom do plano de governo acima, podemos perceber que não se trata de um intento de defender os direitos constitucionalmente adquiridos, mas é clara a intenção de movimentar as minorias rumo à exigência de uma nova ordem de cidadania que só existe para a esquerda. Quando afirma o objetivo de promover o direito à vida, ao emprego e à cidadania LGBTI+, a intenção é tentar dizer aos cidadãos que não fazem parte do grupo LGBTI+ que estes estão sendo privados de tais direitos, o que constitui uma mentira descabida. Exemplo disso é que o direito à vida, emprego e cidadania não é negado a eles por dispositivos lei. Não se pode afirmar que seu direito à vida é retirado, quando já estão nascidos e vivos; nesse caso a legalização do aborto, defendida pelo PT, é muito mais ofensiva à vida do que qualquer outra prática. Quanto ao emprego, como se pode admitir qualquer outro critério de admissão ou permanência que não seja a competência? Forçar a iniciativa privada a contratar e manter qualquer pessoa por qualquer critério que não seja o mérito é uma forma ditatorial de política. E por último, a cidadania LGBTI+, que me faz pensar se querem criar um terceiro genótipo de cidadão, uma casta superior, que tem direito de ter direitos exclusivos.

Note que políticas de promoção da orientação sexual e identidade de gênero, programas de saúde integral LGBTI+, programas e ações de educação para a diversidade, políticas para enfrentar a mortalidade das pessoas travestis e transexuais, programa de transcidadania, com bolsa de estudos a pessoas travestis e transexuais em situação de vulnerabilidade são formas de atrair não só a simpatia do referido público, mas para dar visibilidade ao discurso do politicamente correto, nesse caso utilizando como escudo as pessoas que militam pela causa. Diga-se de passagem, que esses cidadãos devem ter todos os seus direitos preservados e garantidos pelo Estado, visto que são, como quaisquer outros, brasileiros e brasileiras, em sua maioria honestos e produtivos.

Uma ideologia que divide cidadãos em classes e gêneros visa o enfraquecimento da cidadania. Formar tribos antagônicas para dominá-las, se disfarçando de defensores é o famoso “engana trouxas” da esquerda.

 

Davidson Oliveira, para Vida Destra, 7/8/2020.
Vamos discutir o Tema. Sigam-me no Twitter @ProfessorDavi16

 

[1] http://www.pt.org.br/wp-content/uploads/2018/08/plano-de-governo_haddad-13_capas-1.pdf.

7 COMMENTS

  1. Excelente artigo!
    Eu abomino essa história de politicamente correto, e do banimento de palavras da nossa bela língua portuguesa!

  2. Parabenizo o Professor pela coragem em escrever um artigo com tanta honestidade e discernimento. Transcrevo o excerto que copiei e achei sensacional a definição correta que ele encerra:
    “Isso fica claro quando utilizam os termos racista ou xenófobo para tratar de atitudes lúcidas de oposição às famigeradas cotas. Assim sendo, você é apontado como opositor dos grupos beneficiados por elas e não das políticas públicas que as sustentam.“

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Professor de Educação básica-ensino fundamental, séries iniciais. Pós graduado em Orientação Escolar, Supervisão Escolar e Psicopedagogia pela Faculdade Castelo Branco-NUPOEX-Colatina-ES. Autor dos livros “Reflexões Sobre Educação e Controle Social”, “Professores do Acaso” e “ A Farsa Paulo Freire e a Decadência da Educação Brasileira”.