Muitos leitores devem estar perguntando: como é que Maduro chegou à “presidência” da Venezuela?
Pois bem. Houve uma “eleição”, em maio de 2018. Maduro “concorreu” com três outros candidatos:
- Henri Falcón: militar e advogado;
- Javier Bertucci: pastor evangélico;
- Reinaldo Quijada: engenheiro.
Essas “eleições”, contudo, foram uma grandessíssima fraude! A abstenção do eleitorado foi na ordem de 54%, e pior: as pessoas que votaram eram averiguadas, logo após saírem de suas seções eleitorais, nos chamados “pontos vermelhos”, barracas instaladas nas ruas pelas milícias chavistas (lá denominadas “colectivos”): exigiam que cada eleitor mostrasse em quem votara, anotando isso no chamado “carnê da pátria”. Esse cartão, que se vê nas mãos de um mesário na eleição dada em maio de 2018, é necessário para o acesso aos “programas sociais” do governo venezuelano. Isso quer dizer, sem ele, o cidadão venezuelano não consegue acesso à saúde, escola, hospitais, delegacias, etc. Inclusive alimentação! Óbvio que um eleitor, sabendo que será “verificado” por milícias (“colectivos”), com acesso à sua cédula de identificação e acesso a itens essenciais, fica coagido a votar no candidato do Governo!
Afinal, Maduro foi “eleito”, vangloriando-se dos 67,7% de votos que obteve, chantageando o eleitorado. Na Venezuela, a sede do governo fica no Palácio Miraflores, o equivalente ao nosso Palácio da Alvorada, é a residência oficial do Presidentes da República.
Pelo bem, pelo mal, Maduro continuou na cadeira de presidente.
Entretanto, a crise econômica na Venezuela é das maiores já vistas na História da Economia. Segundo dados do FMI, a inflação (estimativa) atingiu 1.000.000% a.a. (um milhão por cento! Eu nunca vi esse dado econômico na vida!), e o PIB caiu 18%, em 2018. O país está em frangalhos.
Por conta disso, no último ano (2018), a insatisfação popular atingiu níveis altíssimos. Desabastecidos de matérias-primas, remédios, comida, começou o êxodo de venezuelanos, que todos nós vimos.
Em dezembro de 2018, a Assembleia Nacional da Venezuela (órgão semelhante ao nosso Congresso) elegeu Juan Guaidó como seu presidente. Já em seu discurso de posse, Guaidó apontou as mazelas do governo de Maduro, e prometeu oposição. Em 10 de janeiro deste ano, a Assembleia Nacional votou como ilegítima a posse de Maduro como presidente. No dia 11 de janeiro, a Assembleia anunciou Guaidó como Presidente da Venezuela, e isso foi reconhecido pela OEA – Organização dos Estados Americanos. No dia 13 de janeiro, Guaidó foi preso pelo Serviço de Inteligência Venezuelano, mas foi libertado no mesmo dia.
Nesse meio tempo, começaram a estourar manifestações populares. Na madrugada do dia 22 para 23 de janeiro, o povo foi às ruas, em protesto contra Maduro, e a favor de Guaidó.
Essas manifestações foram enfrentadas pelas milícias chavistas (“colectivos”), pela Polícia e pelo Exército venezuelanos. Sabe-se, entretanto, que os mais violentos são os “colectivos”. Houve mortos e feridos em decorrência desse enfrentamento da população em revolta. Os vídeos dessa manifestação, bem como de vítimas, foram postados por este colunista e estão neste site, na matéria “A situação na Venezuela degringolou totalmente”.
Em 23 de janeiro, Juan Gauidó declarou-se, perante o povo, em Caracas, como Presidente da República da Venezuela.
Já Maduro, está entrincheirado no Palácio Miraflores.
Diante do quadro, ocorreram duas coisas surpreendentes: o Exército, em grande maioria, abandonou o Governo. Houve relatos e inclusive vídeos de tropas postadas para conter manifestações populares, e diante da massa, viraram as costas e saíram, deixando o caminho livre. Da mesma forma agiu a Polícia. O contato deste colunista em Caracas ficou estupefato, mas feliz, com a atitude da polícia.
Neste momento, na Venezuela, apenas as milícias chavistas, os “colectivos”, estão sustentando Maduro.
Segundo os relatos do contato em Caracas, eles patrulham as ruas em motocicletas, principalmente. Detêm para “averiguação” a quem eles queiram, e também agridem, sequestram e executam pessoas em via pública, sem piedade. Por conta disso, a população tem realmente muito ódio desses “colectivos”.
Nesta última madrugada (24/01), a população enfrentou os “colectivos” com coquetéis molotov, como se vê de vídeo anexo a esta matéria..
Os confrontos são generalizados, e sabe-se que há muitos mortos e feridos, em número ainda impossível de ser calculado, dada a confusão que se instalou no país.
Logo após Guaidó ser reconhecido como Presidente da República da Venezuela pela OEA, também manifestaram esse reconhecimento Donald Trump, Jair Bolsonaro, Mauricio Macri, Mario Abdo Benitez, Sebastián Piñera, etc. – respectivamente: EUA, Brasil, Argentina, Paraguai e Chile. Além deles, a favor de Guiadó estão Canadá, Colômbia, Costa Rica, Equador, Peru, Reino Unido, Panamá e Honduras. Ou seja, a comunidade internacional em peso considera Juan Guaidó como Presidente da Venezuela.
Do lado contrário, ainda estão ao lado de Nicolás Maduro, neste momento, apenas seis países: Rússia, Cuba, México, Bolívia, Nicarágua e Turquia. Somente estes.
Por conta disso, Trump começou a deslocar esquadras e tropas. Em resposta, Nicolás Maduro expulsou os diplomatas norte-americanos do solo venezuelano, dando o prazo de 72 horas para isso. Os diplomatas, ao que consta, ainda estão lá, porque em resposta, Trump avisou para Maduro abandonar o poder.
As próximas horas serão decisivas para o desenlace do imbróglio.
Por último, cabe dizer que internautas identificaram a decolagem de uma aeronave Gulfstream, modelo G550, de Moscou, na Rússia, que pousou em Caracas, na Venezuela.
Explique-se que esse avião, G550, tem uma das maiores autonomias de voo, dentre aeronaves comerciais no mundo: 12.501 km. Isso, voando a Mach 0,8 (80% da velocidade do som). Pode fazer o voo completo Moscou-Caracas, sem reabastecer. E, obviamente, pode fazer a volta, neste momento que já deve estar abastecido em Caracas.
Nesse sentido, colaboraram muito comigo @Damadeferofic e @SidneyPadua , este último inclusive tendo identificado e acompanhado todo o trajeto do avião. Indaga-se o quê esse avião russo foi fazer na Venezuela: levar algum alto estrategista, militar ou servirá de “rota de fuga” para Nicolás Maduro, que está encurralado?
Vamos acompanhar os próximos movimentos.
Muito propício para uma hora em que alguns acéfalos ainda acreditam na “democracia” venezuelana; a realidade com que nos deparamos desse país nas redes sociais é completamente distante à divulgada nas grandes mídias. Grande parte da imprensa nacional e internacional tem ocultado do público a verdade. O que mais me assusta em relação a Venezuela é o silencio da ONU. Fuerza Venezolanos.