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Lembrai-vos de 1935: A Intentona Comunista – Final

Prezados leitores, segue a quinta e última parte deste rico estudo da Intentona Comunista. Apreciem!

Lembrai-vos de 1935: a Intentona Comunista – Final

 

A INTENTONA COMUNISTA NO RIO DE JANEIRO

 

(Foto: Monumento aos Mortos na Intentona Comunista de 1935)

 

“[…] Na madrugada do dia 27 de novembro de 1935, alguns sediciosos sublevaram-se no Rio de Janeiro, na Escola de Aviação, no Campo dos Afonsos e no 3º Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha, onde vários militares foram mortos por seus próprios companheiros. […]” (Exército Brasileiro, 1990).

Recebi, em 2014, a missão de comandar o Batalhão de Infantaria de Selva mais jovem do Exército Brasileiro, o 3º BIS, herdeiro das tradições e guardião das memórias do 3º Regimento de Infantaria, cuja honra fora manchada por integrantes comunistas de suas fileiras.

Contar esta história é mais que uma obrigação, mas um dever de eternizar e manter viva a chama da verdade em homenagem aos heróis mortos e suas famílias.

Na madrugada de 27 de novembro, insurgia-se, no Distrito Federal (Rio de Janeiro), parte das guarnições do 3º Regimento de Infantaria (3º RI), na Praia Vermelha, e da Escola de Aviação, no Campo dos Afonsos.

O capitão Agildo Barata Ribeiro, expulso do Exército em 1932 por insubordinação, exilado em Portugal até 1934, e readmitido ao Exército Brasileiro, após a anistia geral decretada pela Assembleia Constituinte, foi o líder da insurreição no 3º RI.

Agildo Barata Ribeiro já havia sido punido com 25 dias de prisão por desenvolver intensa atividade política. Foi transferido para o Rio de Janeiro para cumprir a punição e, em conluio com o Tenente Francisco Antônio Leivas Otero, chefe da célula local do PC e da ANL, articulou o levante no 3º RI.

O 3º RI era a unidade militar de maior prestígio do Exército, completa em equipamento e pessoal, contava com mais de 1700 militares subordinados. Também, foi a unidade do Exército Brasileiro onde a doutrinação de oficiais e praças atingiu seu ápice.

Na calada da noite, Leivas Otero iniciou o levante encurralando seus camaradas. Foram recebidos a fogo pelos militares das companhias de metralhadoras. O primeiro a morrer foi o Major Mendonça, atingido pelos insurgentes que tinham como intenção dominar o Regimento e marchar em direção ao Palácio do Catete, sede do governo brasileiro, para destituir o então presidente Getúlio Vargas.

Ao mesmo tempo, do outro lado da cidade, a escola de Aviação do Campo dos Afonsos, se insurgia sob o comando do capitão Agliberto, que assassinou a sangue frio seus subordinados, tenentes Bragança e Paladini, e o capitão Souza Melo.

O heroico Tenente Coronel Eduardo Gomes foi o comandante da reação aos revoltosos, que manteve o fogo até a chegada dos reforços de tropas da Vila Militar, comandadas pelo General José Joaquim de Andrade.

Em clima de guerra, o 3º RI foi bombardeado por terra, céu e mar. As instalações do Regimento na Praia vermelha foram destruídas por completo. O saldo em baixas foi de 19 mortos e 167 feridos.

(Foto: frente do 3o RI após ser bombardeado)

 

Os comunistas, obcecados pelo poder a qualquer custo, fanáticos comandados pela matriz internacional da subversão tentaram implantar um regime totalitário, de inspiração marxista-leninista. O povo brasileiro, atônito e chocado, viu-se pela vez primeira ante a verdadeira face do comunismo liberticida e materialista”. (Exército Brasileiro, 1985).

Lembrar sempre desta data é uma advertência à nossa geração, não para enfatizar uma vitória, mas, tristemente, para lembrar-se do que fere a sensibilidade do profissional militar, sempre e até hoje.

A incitação ao levante pelas armas, promovido por ideólogos marxistas, tem que ser combatida e reprimida, para que esta chacina promovida no passado, não ocorra nem no presente e nem no futuro.

Eis porque desejo que os civis e o País sejam informados e absorvam a versão correta de um trágico fato que envergonha a nossa história.

 

CONCLUSÃO

Após os fatos narrados, as consequências para o Brasil foram a decretação da clandestinidade do Partido Comunista Brasileiro e a prisão dos líderes. Entretanto, eles todos, voltaram ao PODER no cenário nacional em diversas ocasiões.

Insurgentes de Natal

Lauro Lago, José Macedo e João Galvão foram presos e são personagens do livro As Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos. Foram anistiados em 1945, após a segunda Guerra Mundial.

José Praxedes fugiu à pé e se escondeu no meio da mata por quase dois anos. Após ser localizado por agentes do PCB, recebeu nova identidade e se internou no interior da Bahia até 1984, quando veio a falecer.

O “ Santa”, líder e assessor do PCB, foi preso com um relatório detalhado sobre a Insurreição. Inexplicavelmente não foi identificado nem nos inquéritos do Rio de Janeiro e nem no de Recife. Anistiado em 1945, até hoje não se sabe a identidade e o paradeiro de um dos maiores nomes da Revolução.

Todos os demais envolvidos na Insurreição foram presos por mais de 8 anos, sendo todos anistiados em 1945.

Insurgentes de Recife

Gregório Bezerra foi preso, e anistiado em 1945. Tornou-se um político famoso, sendo eleito deputado pela constituinte de 1946, sendo cassado em 1948. Viveu na clandestinidade organizando ligas camponesas armadas no interior de Pernambuco e núcleos sindicais no Paraná e Goiás.

Foi preso novamente em 1964 por estar envolvido com a luta armada e a subversão, tendo sido solto em 1969 em troca da devolução do embaixador Charles Elbrick, sequestrado por terroristas. Viveu no México e na Rússia tendo retornado ao Brasil em 1979 após a promulgação da Lei da Anistia. Morreu em 1983.

Insurgentes do Rio de Janeiro

Luis Carlos Prestes foi preso e condenado por assassinato, logo após a tentativa frustrada da Intentona Comunista. Foi anistiado em 1945 e eleito Senador de 1946 a 1948, além de ser o secretário Geral do Partido Comunista Brasileiro até 1980.

Durante o período do Regime Militar, se auto exilou na União Soviética, tendo retornado ao Brasil, voluntariamente, após a promulgação da Lei da Anistia em 1979, vindo a falecer em 1990.

Agildo Barata Ribeiro foi preso e condenado por subversão após o insucesso da Intentona Comunista, sendo anistiado em 1945.

Foi eleito vereador pelo Rio de Janeiro de 1947 a 1948, quando seu mandato foi cassado e o PCB colocado na ilegalidade no Brasil.

Desligou-se do PCB quando descobriu, após o relatório de Nikita Krushev, os crimes hediondos e contra a humanidade cometidos por Stalin. Morreu em 1968.

Infelizmente a bandidolatria no Brasil não é uma prerrogativa do século XXI, mas é sim, um triste legado. As tentativas dos “isentões” da época em anistiar e reintegrar esses contumazes ideólogos da liberdade, amantes do terrorismo e da violência, não os recuperou da insana vontade eterna de tomar o PODER.

Que estes eventos nos lembrem sempre que o “o Preço da Liberdade é a eterna vigilância”.

 

Perdeu os artigos anteriores?  Acesse-os facilmente através dos links abaixo:

Parte I
Parte II
Parte III
Homenagem
Parte IV

 

 

 

Clynson, para Vida Destra, 28/11/2020.
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PhD em ciências militares e guerra psicológica pela ECEME e Mestre em gestão de projetos pela FGV Atuou em mais de 10 países incluindo EUA, Haiti e Índia É professor de MBA de Gestão Empresarial e Financeira da Universidade Estácio de Sá e empresário na área de consultoria em inovação e economia digital