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Lembrai-vos de 1935: A Intentona Comunista – Parte III

Prezados leitores, segue a terceira parte deste rico estudo da Intentona Comunista. Apreciem!

 

Lembrai-vos de 1935: a Intentona Comunista – Parte III

PARTE 3 – A TOMADA DO PODER

Toda revolução tem como alvo o governo, suas forças militares e a consciência do povo” (Clauzewitz).

Uma guerra revolucionária é, em essência, um conflito interno com influências e até patrocínios externos. O conflito resulta sempre da ação rebelde incitada por aqueles que buscam a TOMADA DO PODER” (David Galula, 1966)

Em 2018 tivemos a célebre frase dita por José Dirceu, homem forte de Lula: “…uma questão de tempo para a gente tomar o PODER. Aí nós vamos tomar o PODER que é diferente de ganhar uma eleição…”.

Desde 2019 temos acompanhado uma série de interferências mútuas entre poderes, uma verdadeira ditadura de decisões judiciais à revelia das decisões prerrogativas dos poderes Legislativo e Executivo, um tipo velado de usurpação do poder investido pelo voto popular e constitucional.

Não obstante vemos o Foro de São Paulo, ou de Puebla, como queiram, fazerem suas reuniões e seus líderes, incessantemente incitarem à desordem em nome da liberdade do povo.

Vimos, em 2020, a ascensão de grupos terroristas como Black Lives Matter à condição de guerrilheiros pela “paz” e defensores dos fracos e oprimidos. Ainda esta semana, a morte de um agressor de mulheres foi tida como por racismo e políticos, aspirantes a prefeito, e jornalistas incitaram à violência, que veio a causar sérios prejuízos econômicos em nome da “paz”.

Conectando na segunda parte da série e voltando a 1935, já a partir do segundo semestre daquele ano, Prestes manteve uma constante troca de correspondências com seus contatos civis e militares com o objetivo de preparar o terreno para a revolução.

Naquela época, o principal trunfo era a insubordinação e a politização das Forças Armadas, em especial entre as praças (baixa patente) e os oficiais menos graduados. Apesar de alertado pelos seus amigos militares de que ainda era necessário arregimentar mais militares para o sucesso da revolução, ele acelerou ainda mais os preparativos para a luta armada.

Em 2020 vemos, diariamente, uma tentativa velada de algumas mídias mainstream de minarem a autoridade militar. O próprio STF decretou que militares deveriam ser levados para interrogatórios, “debaixo de vara” em caso de recusa, em um sério desrespeito a quem dedicou mais de 45 anos ao serviço militar e ao serviço da pátria.

Entretanto, apesar da ordem do Partido Comunista de não iniciar nenhum tipo de ação, sem aprovação prévia, no próprio dia 23 de novembro de 1935, um sábado, a Intentona eclode no nordeste do Brasil.

Em represália à expulsão de militares por incapacidade moral, insubordinação e subversão comunistas, às 19:30 horas, um cabo e um soldado tomaram as instalações do quartel do Exército (21º BC) e o sargento Quintino soltou todos os presos, iniciando o que seria o estabelecimento do primeiro Governo Revolucionário Popular Comunista em Natal, no Rio Grande do Norte.

Como anotação, perceba que aquele Partido Comunista deixou como legado a defesa daqueles mesmos pontos. A narrativa sobrevive até hoje, tendo sido criados partidos derivados da mesma filosofia como o PSB, PCdoB (Movimento 65), PSol, PCO, PCB (Cidadania) etc.

Os nomes podem ter até mudado, mas a essência, seus heróis, mártires e filósofos exaltados são ainda os mesmos, portanto, o fundamento da praxis é ainda muito influente.

É interessante notar o paralelo com os acontecimentos no País. Em novembro de 2019, o Partido dos Trabalhadores fez a sua convenção e sugere que para o Brasil ser grande, tem que realizar protestos como os do início do mês no Chile, Bolívia, Equador, Venezuela e Colômbia, onde a violência e o terror imperaram na tentativa de desestabilizar os governos locais.

O GOVERNO POPULAR REVOLUCIONÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE

(Foto: Aventuras na História)

80 horas de governo comunista em Natal, o primeiro, único e fugaz soviete na história do país” (Hélio Silva, 1969)

Natal possuía, à época, pouco mais de 42.000 habitantes. Era uma cidade bem provinciana. Tinha como transporte público apenas o bonde elétrico, que era inacessível às pessoas de baixa ou nenhuma renda, e tinha sérios problemas de comunicação por correios e telégrafos, em especial nos finais de semana.

Após tomar o quartel do Exército do 21º BC, o sargento Quintino armou e equipou a tropa revolucionária. Ela era formada por militares de baixa patente, estivadores, sapateiros e guardas civis.

Formaram patrulhas e foram tomar os pontos estratégicos da cidade: o palácio do governo, a residência do governador, o Banco do Brasil, a sede da polícia civil, a Companhia Força e Luz (eletricidade), o telégrafo, a companhia telefônica, o cais do porto, a estação ferroviária e a Casa de Detenção.

Os policiais de serviço na Casa de Detenção reagiram “à bala” à investida dos revolucionários, porém, não obtiveram sucesso. Justamente nos combates na casa de detenção, morreu a primeira vítima, José Pedro Celestino, que antes de ser libertado, foi baleado pela guarda do presídio.

Soltar presos condenados é, desde 1935, uma praxis revolucionária. É uma tendência a dar liberdade e esperança aos bandidos, estupradores, ladrões e criminosos menores que, encarcerados, não tem a que recorrer, a não ser a uma ruptura do sistema vigente na sociedade.

Observem que, não obstante, para proteger os condenados da pandemia do COVID19, nosso STF mandou soltar milhares de condenados, incluindo chefes das organizações criminosas PCC e CV. Ainda, não permite que os condenados sejam presos em segunda instância, tornando o crime uma negócio lucrativo e compensador.

No domingo, 24 de novembro de 1935, com a cidade sob controle dos revolucionários, eles organizaram o Governo: o “Santa” como assessor especial do PCB (uma espécie de Presidente), Lauro Lago, da polícia civil para assuntos do Interior, José Macêdo, dos Correios, para Finanças, João Galvão, do Ateneu para Viação e Transportes, José Praxedes, sapateiro para Abastecimento e os Assuntos Militares foram delegados ao sargento músico Quintino, iniciador da Revolução.

A Junta do governo revolucionário tomou, imediatamente, as seguintes medidas: impediu a entrada e saída de navios do porto, desativando seus rádios/telégrafos e faróis marítimos, requisitou automóveis e caminhões para o governo, destituiu o governo e dissolveu a Assembleia Legislativa, deixaram que a população saqueasse, queimasse e violasse as lojas do comércio, em nome da Revolução.

O comércio foi forçado a ceder víveres e tecidos, por requisição, ainda, foi promulgado um decreto que instituiu a reforma agrária, confiscou os latifúndios, liberou os preços das passagens de bondes, tornando-o gratuito por um tempo.

Para financiar o novo governo, o Banco do Brasil, o Banco do Rio Grande do Norte e da Recebedoria de Rendas, foram arrombados e roubados. Até hoje não se sabe onde foram parar os três mil e duzentos contos de réis, cerca de R$ 400.000.000,00, atualizado para os dias atuais, subtraídos nos primeiros dias da Revolução.

É notável a semelhança entre o que ocorreu em 1935 e o que se prega como revolução antifascista nos dias de hoje. De quebra-quebra a assaltos a banco, de invasão de terras a luta pela gratuidade de tudo, e pela diminuição do preço de transportes.

Tal qual a proclamação da Independência do Brasil, frases de efeito foram feitas e lidas ao ar livre. José Praxedes, o sapateiro transformado em Secretário do Abastecimento, reuniu populares na frente do quartel do 21º BC e libertou do imperialismo o Rio Grande do Norte, dando vivas à liberdade proporcionada pelo “Cavaleiro da Esperança”, e declarando fundado o Governo Popular Revolucionário do Rio Grande do Norte.

Em 2020, foi editado um gibi intitulado “Dom LULA” o cavaleiro da esperança, uma reedição do título dado a Prestes, líder comunista da revolução malsucedida da Intentona Comunista de 1935.

                   

Parecia um sonho para a população desinformada e pobre, era como um carnaval fora de época. Roupas e comida de graça, fardas de soldado para todos, passeios de bonde gratuitos, era uma grande farra. Viva a Revolução!, gritavam pelas ruas!

Enquanto a população comemorava, colunas de revolucionários foram formadas com homens armados e equipados para tomar as cidades do interior e libertá-las do imperialismo. Foram organizadas três tropas que seguiram em três direções: ao Litoral Sul e Agreste, ao Litoral Norte e Mato Grande, e ao Trairí e Seridó.

Com o governo destituído, as forças militares dominadas e o povo feliz e alimentado, o governo revolucionário iniciou a guerra da informação. Criaram um jornal chamado “A Liberdade”, imprimiram panfletos, lançaram de avião por toda a cidade de Natal.

Entretanto, ainda no dia 24, Dinarte Mariz de Caicó havia, em segredo, solicitado o apoio militar de tropas da Paraíba. No final da manhã da terça-feira, 26, chega a informação de que o levante em Recife havia fracassado e que tropas do 20º BC de Maceió e do 22º BC de João Pessoa se dirigiam rapidamente para Natal.

No final do dia 26, o Secretário de Defesa, o músico Quintino, recebe a conclamação de rendição incondicional, feita pela 7ª Região Militar no Recife, que informava, ainda, a retomada do controle de todo o Nordeste pelo governo Vargas. Findava-se o governo revolucionário e iniciava-se a fuga e a prisão de seus líderes.

Antes do nascer do sol do dia 27 de novembro, Natal estava abandonada pelos revolucionários, deixando um saldo de dezenas de mortos e milhares de pessoas a serem processadas.

Sobre o episódio em Natal, conclui-se que: a violência e o terrorismo são as armas revolucionárias de antes e de hoje; os revolucionários elevam a postos de comando pessoas não qualificadas, mas que são caninamente fiéis à causa; a revolução só interessa àqueles que vivem à margem da Lei vigente em uma sociedade; e uma aventura de implantação de um sistema comunista totalitário, sem respeito à propriedade e à liberdade sempre custa caro, seja na perda de vidas ou de Liberdade.

Continua…

 

Perdeu os artigos anteriores? Acesse-os rapidamente através dos links abaixo:

Parte I
Parte II

 

Clynson, para Vida Destra, 26/11/2020.
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2 Comentários
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Sander R. Souza
Editor
3 anos atrás

Muito bom! Acompanhando com muito interesse!
Lido e compartilhado!

Nunes
Admin
3 anos atrás

Parabéns!

PhD em ciências militares e guerra psicológica pela ECEME e Mestre em gestão de projetos pela FGV Atuou em mais de 10 países incluindo EUA, Haiti e Índia É professor de MBA de Gestão Empresarial e Financeira da Universidade Estácio de Sá e empresário na área de consultoria em inovação e economia digital