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MAIA, A MAZELA E O BLOCO DOS DESESPERADOS

Se Antônio Carlos Magalhães estivesse vivo, Rodrigo Maia não estaria mais no DEM. Aliás, é de se supor que ACM esteja dando piruetas no túmulo, dançando “A Sagração da Primavera” de Stravinsky inteirinha.

Esse “bloco” que Maia anunciou, em um evidente “wishful thinking” de poder, uma miragem digna do Saara e é um amontoado amorfo, diga-se logo de início.

Mas vamos à cronologia.

Maia vinha se eternizando no cargo de Presidente da Câmara, desde 14 de julho de 2016. Foi reeleito em fevereiro de 2017 e de 2019; esta última, a meu ver, já em flagrante violação da Constituição, e todos viram as manobras que fez para conseguir mais um mandato, perdendo por 7×4 no STF (o que foi até surpreendente). Claro que o enraizamento na cadeira o fez ter delírios de poder, do tipo anunciar-se “1º Ministro”, como disse no Exterior. Mas continua com a megalomania, como estamos vendo.

Todos sabemos que a saga de Maia como presidente da câmara dos deputados foi uma sequência asquerosa de sabotagens aos projetos do atual Governo.

Deixou caducar várias Medidas Provisórias, como a que previa 13º no benefício do Bolsa-Família, a que garantia a proibição da contribuição sindical, a que não obrigava a publicação de balanços na grande mídia, a que acabava com o monopólio da Casa da Moeda, etc. – todas MPs contra as quais a esquerda vociferava, mas que eram de interesse do eleitorado majoritário atual.

Quando se analisa os projetos de lei e propostas de emendas constitucionais parados, a situação fica ainda mais repugnante. A Transparência e Equilíbrio Fiscais (PLP 149/2019), a Autonomia do Banco Central (essa, desde 1989!), a Privatização da Eletrobrás, a nova lei de Recuperação Judicial, a Simplificação da Legislação do Câmbio, a nova Lei de Finanças Públicas, o Marco Legal do Setor Elétrico, o Marco Legal das Ferrovias, o Pacto Federativo e, especialmente, a Prisão em 2ª Instância. Vejam que, novamente, todos esses projetos e propostas são visceralmente combatidos pela esquerda!

Pois o que vimos, nos dois últimos anos, foi justamente isso: as bancadas de esquerda mandando e desmandando no Legislativo, erigindo todo tipo de obstáculos ao Governo, com o aval e beneplácito do sr. Maia. E este, quando indagado sobre tais projetos e propostas, reiteradamente, punha a culpa no Governo, ou seja, mente descaradamente, e foi desmentido mais de uma vez, como recentemente aconteceu, a respeito do Pacto Federativo, por Paulo Guedes.

Por outro lado, quando o assunto é acesso ao dinheiro dos contribuintes, ao dinheiro público, ou para a proteção de criminosos, Rodrigo Maia foi bastante diligente. Por exemplo, agilizou a aprovação da Lei de Abuso de Autoridade que, como todos vimos, é praticamente um “escudo” para corruptos e outros criminosos que tais se “protegerem” da ação da polícia e do judiciário. Articulou e aprovou o Orçamento Impositivo, para enfiar a picareta mais fundo ainda no Tesouro Público. Articulou o Fundão Eleitoral de mais de R$ 2 bilhões, e ainda, para que esse não fosse utilizado no combate à Covid-19. E quase sempre, o fez na calada da noite.

E tudo isso, sendo acusado e investigado por corrupção, lavagem de dinheiro e caixa 3 da Odebrecht, onde é apontado nas planilhas como sendo o “Botafogo”. Na verdade, não espanta que não tenha dado andamento à Lei da Prisão em 2ª instância: políticos que têm seu nome envolvido em malfeitos tais costumam ter muito medo de serem os próximos a serem presos… Do jeito que está, está bom para eles.

Mas, realmente, a “cerejinha do sunday” foi a articulação com PT, PCdoB, PDT, PSB, Rede, Cidadania e outros partidos de esquerda, para a indicação de um candidato a sucedê-lo na Presidência da Câmara. A par da palavra “democracia” ter muito pouco sentido na boca de Rodrigo Maia, bem como nas dos representantes dos citados partidos, derrotados e rancorosos desde a eleição de Bolsonaro, a “carta” que Maia apresentou indica também o apoio de PSL, PSDB, MDB e do próprio partido, o DEM. A partir daí, a imprensa sórdida deste país já “queimou” a largada, dizendo que Maia teria o apoio de 11 partidos e de mais de 280 deputados… mas será?

Não mesmo!

Para começo de conversa, o próprio PT. Rodrigo Maia falou absurdos contra o partido, quando do impeachment de Dilma Roussef, e para um observador menos avisado do cômico e decadente histórico do partido em tela, poderia até parecer contraditória a posição de Maia, neste momento. Aliás, muitos eleitores de esquerda, percebendo que se trata de uma “aliança” oportunista e e bastante tênue, ou mais ainda, que uma vez eleito Rodrigo Maia vai dar um chute nos “apoiadores”, já torceram o nariz. O mesmo aconteceu quando, em 2019, Maia buscava sua reeleição para o cargo de presidente da câmara. Agora, Gleisi Hoffmann já vai fazer um furo nessa “canoa de 11 partidos”, eis que em recente postagem mencionou os nomes de Benedita da Silva, Lídice da Mata e Luiza Erundina (embora o PSOL não esteja no bloco) como “candidatas” – e podem acreditar, Maia não vai concordar com nenhuma delas. Ou seja, uma “aliança” oportunista como essa vai ter sérios problemas na hora de escolher um candidato…

E pior ainda vai ficar quando os demais partidos de esquerda começarem a dar palpites. Contudo, espero que continuem assim, juntinhos, para que mais fácil possamos identificar quem está contra o Brasil, todos na mesma foto.

Na verdade, não surpreende que a esquerda e Maia se juntem, neste momento. Estão desesperados, mesmo. São exemplos do grupo que vive às custas do dinheiro dos contribuintes, do dinheiro público, e estão vendo que essa fonte vai minguar. Até cunhei um termo para nominá-los: democrimatetismo, do grego “demos”, povo, “crimatos”, dinheiro e o sufixo “ismo” indicando a conduta, ou mania. São os “dependentes químicos” do dinheiro público!

Por outro lado, vejam o citado PSL, na “carta”. Quem apoia, mesmo, a candidatura de um indicado por Maia à presidência da câmara? Em uma análise superficial, já se pode dizer que todo o partido não! Somente os deputados bivaristas: Felipe Francischini, Heitor Freire, Delegado Pablo, etc. Aliás, consta que Francischini esteve na reunião com Maia, para a redação da “carta”. Calculo que não mais que uma dúzia irão apoiar Rodrigo “Botafogo” Maia.

Os demais nomes do partido, como Eduardo Bolsonaro, Major Vitor Hugo, Hélio Negão, Bia Kicis, Carla Zambelli, Alê Nunes, Girão Monteiro, Carlos Jordy e outros nomes de peso, que calculo mais de 20, não irão apoiar o candidato de Maia e já o anunciaram em redes sociais. Então, não tem PSL todo, não!

O mesmo se diga de PSDB e MDB. É certo que as bancadas ficarão divididas, e nem de longe vão reunir os “281” deputados da somatória entre elas, que a imprensa sórdida já alardeou.

Esse “bloquinho dos descontentes” de Maia é natimorto. Mas melhor não avisá-los.

 

 

Fábio Talhari, para Vida Destra, 21/12/2020.                                                          Sigam-me no Twitter! Este artigo é um convite ao debate! @FabioTalhari

 

 

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2 COMMENTS

  1. Neste espetacular art. de @fabiotalhari que mostra a escaramuça de Maia em formar um bloco dos desesperados para indicar o novo Pres. da Câmara. Só lembrando que existe PEC mofando sobre os penduricalhos dos serv. Públicos.

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