Quem me segue no Twitter viu meus posts, desde os idos de janeiro, acompanhando a evolução do coronavírus na China e no mundo. Sobre isso, escrevi um artigo em 26 de fevereiro p.p. (https://vidadestra.org/coronavirus/) e outro no dia 27 (https://vidadestra.org/efeitos-do-coronavirus-na-bolsa-e-no-dolar/). Este é o terceiro da série.

Que o COVID-19 é uma pandemia virótica grave, ninguém tem mais dúvida. Ao longo da última semana, seus efeitos na saúde mundial, e nos mercados das Bolsas e financeiro, ao redor do mundo todo, foram catastróficos.

Primeiro, vamos analisar os gráficos disponíveis sobre a evolução da doença, na China continental, que serve de modelo para o resto do mundo, como adiante se verá.

O que verifiquei da evolução na China foi que, em seus períodos iniciais, ela cresce a uma taxa de cerca de 10%. Corresponde, mais ou menos, ao período de incubação, que pode chegar a 14 dias. A partir desses 14 dias, sobe a cerca de 20%; depois mais 14 dias chega a 45%; mais 14 dias começa a desacelerar para 20% de novo, mais 14 dias cai a 10% outra vez. Ou seja, o “ponto crítico” da doença é atingido quando se chega aos 45% de crescimento, depois começa a declinar.

Observei também que, no mundo, a taxa veio nessa média de 10%, depois subiu a 15%, e agora está em torno de 22% (até dia 6/3). O suspense é se daí cairá daqui para diante, se se manterá nessa média ou se acelerará. A próxima semana é crucial para analisarmos esses dados e podermos fazer projeções mais confiáveis.

Com base nos piores dados de evolução, com base na evolução da doença até agora, no Brasil e piorando o cenário até atingir os piores índices de desenvolvimento no mundo, a mais pessimista das projeções que pode acontecer no Brasil é a que segue:

Na tabela acima, prolonguei a taxa de crescimento média no Brasil, até agora (22%), elevando-a aos piores índices da evolução no resto do mundo (30%) na semana final. Reitero: É UMA PREVISÃO PESSIMISTA, NÃO SIGNIFICA QUE VÁ ACONTECER!

Uma previsão otimista, para não dizerem depois que causei pânico, estabelecendo um paralelo com a evolução da doença no resto do mundo, fora a China, seria a seguinte:

Neste último perfil, a aceleração é mais “diluída”, em torno de 20% nos primeiros 14 dias e chegando a 25% na última semana. Vejam que Econometria é a arte de torturar os números para que eles digam o futuro, mas sempre há, na projeção, alguma coisa que acontece e derruba todo o quadro.

O certo, contudo, é que o vírus está entre nós, e ainda está na fase inicial de propagação. Só saberemos o que vai acontecer acompanhando o noticiário diário. No presente momento, a epidemia de coronavírus no mundo está assim (fonte: Johns Hopkins CSSE):

Marca mais de 100 mil casos, no mundo, a grande parte deles na China, onde a taxa de evolução da doença está agora em torno de 0,15%, ou seja, praticamente estabilizada. O que todos esperam no mundo é ver essa taxa cair. No outros lugares do mundo, fora a China continental, a taxa de evolução da epidemia está em torno de 22%. Aqui no Brasil, considerando todo o período desde o dia 25 de fevereiro (data do 1º episódio), essa taxa de evolução também está em torno de 22%.

Diga-se, por fim, que a mortalidade do COVID-19 é baixa, tem-se mantido na casa de 3,4% nas últimas semanas. Contudo, essa mortalidade é diferente por faixa etária, como se vê da tabela seguinte (fonte: Worldometers):

Lembrando que os cuidados que todos temos que tomar são:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização (antes do contato com pacientes ou locais contaminados; antes da realização de procedimentos assépticos, após risco de exposição a fluidos corporais, após contato com pacientes ou locais contaminados, após contato com áreas e superfícies próximas ao paciente). Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.

Mais informações podem ser obtidas no link: https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/coronavirus

Finalmente, diga-se que ontem (6/3) o Presidente Bolsonaro fez um pronunciamento em cadeia nacional, sintético, alertando para o perigo do COVID-19, para o qual ainda não existe vacina e tampouco imunidade da população, recomendando que sejam seguidas, estritamente, as recomendações do Ministério da Saúde. Muitas empresas, como Mastercard e Facebook, estão colocando seus empregados e colaboradores em “home office”, conduta que deve ser seguida por outras empresas, sempre que possível. Não é caso de pânico, contudo! O momento, efetivamente, é de união!

Fábio Talhari, para Vida Destra, 7/3/2.020.

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Cristina
Cristina
3 anos atrás

Seus comentários são sempre preciosos. Não é caso de pânico, contudo… brasileiro tem mania de dar beijo em todos os amigos e parentes, vamos ter que mudar muitos hábitos!

EDSON BORGES MARTINS
EDSON BORGES MARTINS
3 anos atrás

Porque divulgam somente o número de infectados e dos óbitos? Quantos foram salvos?

Antonio barreto
Antonio barreto
Reply to  EDSON BORGES MARTINS
3 anos atrás

Boa pergunta

Dora
Dora
3 anos atrás

Excelente suas análises. Sem levar pânico, bastante realista e ilustrstiva. Repassando.