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Economia

ANÁLISE DA ECONOMIA BRASILEIRA (2002/2018)

 

Analisar a Economia Brasileira é tarefa para os fortes. Ainda mais quando, através dos dados compilados neste artigo, veremos que houve muitas barbeiragens cometidas ao longo dos últimos anos.

Inicialmente, vamos analisar a Economia pelo ponto de vista da população, ou melhor, pelo tanto que influencia no bem-estar social. Desses indicativos econômicos, o primeiro é a inflação.

Muitos dirão: “mas eu não sinto essa inflação, eu sinto mais!”, e estarão corretos. O índice de inflação é o IPCA, que é calculado e divulgado pelo IBGE.

Essa média leva em conta os preços praticados em mercado, impactando no orçamento de famílias cuja renda vai de 1 até 40 salários mínimos. Os dados sempre são ponderados por peso, e as famílias com rendimentos entre R$ 415 a 2.075,00 compõem 59,7% do índice final. São coletados dados do dia 01 a 30 do mês de referência (mês anterior ao da divulgação), sendo pesquisadas as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, além de Campo Grande, Brasília e Goiânia. As pesquisas abrangem 9 grupos de mercadorias e serviços:

Grupo Peso (pela média nacional)
1.    Alimentação e bebidas ·         27,1%
2.    Habitação ·         16,99%
3.    Artigos de residência ·         6,8%
4.    Vestuário ·         7,7%
5.    Transportes ·         17,56%
6.    Saúde e cuidados pessoais ·         9,7%
7.    Despesas pessoais ·         6,35%
8.    Educação ·         2,8%
9.    Comunicação ·         5%

 

São distribuídos por critério de essencialidade, por isso os maiores pesos são Alimentação (27,1%), Habitação (16,99%) e Transporte (17,56%). Cada região tem um peso diferente, também, sendo os maiores, na ordem: São Paulo (33%), Rio de Janeiro (13,7%) e Belo Horizonte (10,8%).

O controle da inflação é um dos “pés” do tripé macroeconômico brasileiro. Fica a cargo do Banco Central, que o executa principalmente através da política monetária. Este é outro termo que costuma assustar o leigo, mas na verdade é uma coisa muito simples: Política monetária quer dizer o controle da oferta da moeda, ou seja, quanto dinheiro está ou ficará disponível no mercado. E isso por razões muito simples:

  1. Se houver muito dinheiro no mercado, ou seja, se a oferta monetária for alta demais, o valor intrínseco do dinheiro tende a cair, e as mercadorias ficam mais caras. Isso quer dizer inflação. E inflação quer dizer uma subida contínua e generalizada de preços.
  2. Se houver pouco dinheiro no mercado, ou seja, a oferta monetária for baixa demais, o valor intrínseco do dinheiro tende a subir, e as mercadorias ficam mais baratas. Isso quer dizer, deflação. E deflação quer dizer uma queda contínua e generalizada de preços.

Ao contrário do que a maior parte das pessoas pensam, também, a inflação não é um mal em si. Na verdade, ela é típica do capitalismo. Entretanto, deve ficar contida em parâmetros saudáveis, na casa de um dígito, e de preferência, abaixo de 5,0% a.a.. A inflação é natural dos sistemas de livre mercado. Já a deflação é preocupante: quando todos os preços de mercadorias e serviços estão caindo, é sinal de que há recessão.

Portanto, para que haja bem-estar social, portanto, é necessário que a inflação esteja contida dentro dos parâmetros do Regime de Metas de Controle da Inflação. Essa meta de inflação é definida pelo Conselho Monetário Nacional, que é composto, neste momento, pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes, que acumula a pasta do Planejamento, e pelo Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. No gráfico, está indicada a meta, bem como suas variações superior e inferior, nos últimos 17 anos.

Ou seja, se a inflação escapa dos limites inferior e superior da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que é o órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional, ocorre mal-estar social. Do gráfico, podemos ver que a inflação esteve sob controle (dentro dos limites) no período de 2004 até 2011, depois ficou perigosamente alta entre 2012 (5,84%) e 2014 (6,41%), ultrapassando o limite superior em 2015 (quando atingiu 10,67%). Não por acaso, o impeachment de Dilma se deu no ano seguinte, 2016, quando a inflação ainda se apresentava alta (6,29%). Inflação alta quer dizer desconforto social, inflação controlada significa conforto social. Simples assim.

Outro indicativo importante do bem-estar social é a quantidade de riquezas produzidas pelo país. Nesse caso, vamos recorrer ao FMI, que é o maior banco de dados econômicos internacional nesse tema:

O PIB brasileiro teve dois momentos críticos: em 2009, quando caiu 0,1%, o que significa uma recessão, e esta foi devida à Crise de 2008, e a partir de 2010, quando começou a decrescer, atingindo uma grave recessão no Biênio 2015/16, quando caiu -3,5% em ambos os anos. A recessão é o pior momento de mal-estar social. O decréscimo do PIB, que crescera 3% (uma boa taxa) em 2103, mas depois acumulou 0,5% (muito baixa) e os dois -3,5% consecutivos, somado à inflação muito alta (repita-se, 10,67% em 2015), gerou grande descontentamento de toda a população.

Da mesma forma, verifica-se quanto ao PIB/Capita. A partir de 2011, quando atinge seu máximo (US$ 13.290,00/capita), começa a decrescer, chegando ao nadir em 2016 (US$ 8.700/capita). Esse empobrecimento generalizado também causa mal-estar social, de uma forma ou de outra, todos percebem que o país está indo para o brejo.

O terceiro gráfico mostra o índice de desemprego, o dado econômico que mais impacta o bem-estar social. Em uma Economia saudável, o índice de desemprego deve oscilar em torno de 5,5%, ou seja, nem tão baixo que indique haver carência de mão de obra, nem tão alto que indique recessão da atividade econômica. Essa é uma taxa de desemprego natural, devida, por exemplo, ao chamado desemprego friccional, que é o decorrente do tempo que um cidadão demora para encontrar um novo emprego. Mas taxas de desemprego acima de 6,5%, historicamente, geram descontentamento e mal-estar social.

No Brasil, sempre convivemos com taxas muito altas. Veja-se que o período inicial do Governo Lula acumulava desemprego na casa de 11,5% (2002), 12,3% (2003) e 11,4% (2004). Esses valores foram baixando para a casa de um dígito, atingindo níveis confortáveis a partir de 2010 (6,7%), mas que foram sustentados por um breve período (5,9% em 2011, 5,5% em 2012, 5,3% em 2013). A partir do momento em que o nível caiu a 4,8%, em 2014, evidenciou-se que a mão-de-obra disponível estava já quase toda empregada, e que para haver mais crescimento seria necessário mais capital. Porém, não foi o que aconteceu.

Explique-se: há três fontes de capital:

  1. Capital privado: a poupança privada, das famílias, e os investimentos em carteira, no mercado de capitais;
  2. Capital público: investimentos públicos;
  3. Capital externo: exportações, principalmente, e investimentos estrangeiros diretos.

Como demonstrei acima, o capital privado nacional estava decrescendo, junto com o PIB (repita-se, crescimento de 0,5% em 2014, e recessão em 2015 e 2016, com índices negativos nos dois anos, de -3,5%). A solução seria recorrer a uma das duas outras fontes, mas das citadas, o capital público se esgotara. Veja-se que o Governo não tem mais como emitir títulos de dívida, para obter receitas líquidas para realizar os investimentos que seriam necessários. A dívida pública brasileira começara a crescer em 2014, e era maior do que se pensava, eis que a “contabilidade criativa” do Governo Dilma havia escondido as “Pedaladas Fiscais”. Quando estas vieram à tona, em 2015, a dívida pública saltou de 62,3%, em 2014, para 72,6% em 2015 (crescimento de 16,5% de um ano para outro) e continuou crescendo, até agora. No cerne da questão, estão as dívidas não resolvidas das Pedaladas Fiscais, o déficit da Previdência Social, bem como os calotes externos que o Erário levou, via BNDES (vide meu artigo “E os caloteiros, BNDES?). Foi um acúmulo muito grande de asneiras com o dinheiro público. Hoje, essa dívida continua acumulando, e chegou a 88,4% do PIB, o que quer dizer que o Brasil este bem perto do limite de endividamento público (100% do PIB). Ultrapassado esse limite, os juros da dívida pública disparam, e vai ficar mais difícil reconquistar o grau de investimento pelas principais agências internacionais avaliadoras de risco.

 

E diga-se que mesmo com um cenário tão adverso, a equipe que assumiu a administração da Economia após o impeachment de Dilma. A Taxa Básica de Juros (Selic) vem em queda. Houve uma “barbeiragem” na condução da política monetária, em 2012, entretanto.

Veja-se que a partir de junho de 2012, a Taxa Selic foi reduzida pelo Banco Central, para 9,00% a.a, depois novamente em setembro, para 7,25% a.a, índice que foi mantido até dezembro do mesmo ano. Ocorre que nesse período, a inflação estava “dando as caras”, saindo de 4,92% (12 meses) em junho de 2012, depois 5,28% (12 meses) em setembro do mesmo ano, chegando então a 5,84% (12 meses) em dezembro de 2012. Ora, se a inflação estava em trajetória ascendente, o Banco Central jamais poderia ter descido a taxa, nem mantê-la tão baixa naquele período.

Explique-se que os juros são o “preço” do dinheiro, da mesma forma que o aluguel é o “preço” da habitação, e o salário é o “preço” do trabalho. O principal meio que o Banco Central utiliza para conter as altas inflacionárias é fazer subir a Taxa Selic, isto é: aumentando o “preço” do dinheiro, o Banco Central contém a massa monetária em circulação e, com isso, segura os efeitos da subida generalizada de preços. Veja-se no gráfico acima que no período entre março a dezembro de 2012 a inflação estava apontada para cima, enquanto o governo apontou os juros para baixo. Isso catapultou a inflação para cima de 6% a.a. por todo o ano de 2014, bem como a fez disparar em 2015, quando se evidenciaram as “Pedaladas Fiscais”, obrigando o Banco Central a subir mais ainda os juros, que chegaram a 14,25% a.a. em setembro de 2015, e permaneceram altos até setembro do ano seguinte, 2016.

Portanto, não havia capital público disponível, de forma alguma. Poder-se-ia imaginar que o estoque de capital privado resolveria essa carência, mas também não. A par do PIB estar em queda, naqueles anos de 2014/15/16, a Bolsa de Valores, que representa um suprimento de capital mais barato que o disponível no mercado financeiro, também não estava vivendo bons momentos.

Veja-se pelo gráfico acima que após ter batido o nível de 70.000 pontos, a partir de janeiro de 2009, a Bovespa se sustentou até 2011. Neste ano, começou a despencar, oscilando em 2012/2013 em torno de 60.000 pontos, e depois caindo mais ainda em 2014 e 2015, quando o patamar ficou abaixo de 50.000 pontos. O nadir (ponto mais baixo do gráfico) se deu em janeiro de 2016, quando o Ibovespa chegou a 37.497 pontos. Ou seja: não havia capital privado mesmo!

Porém, nem tudo está perdido. Desde o impeachment de Dilma e o afastamento da antiga equipe econômica, uma nova assumiu, e boa parte dela foi aproveitada no Governo Bolsonaro. Por conta da ação desses profissionais, estamos vendo a inflação caindo e sendo mantida dentro dos limites da Meta, bem como a Taxa Selic sendo administrada com rigor, e em níveis historicamente baixos. A sensível elevação do Ibovespa, que vimos no início do Governo Bolsonaro, significa o retorno de investimentos que estavam “represados” pela falta de confiança na anterior administração. Nesse sentido, vale mostrar a imagem do “efeito Bolsonaro” no Ibovespa, indicada com a seta azul.

Esse já é um primeiro bom sinal. O Ibovespa atingiu seu recorde histórico, para cima de 98.000 pontos. Isso significa mais capital disponível para as empresas investirem, bem como a Bovespa está mantendo esse nível, acima de 90.000 pontos, mesmo com percalços no mercado internacional.

O passo seguinte é migrar do Processo de Substituição de Importações, já desgastado e exaurido, para uma Plataforma de Exportações, buscando agressivamente inserção no Comércio Internacional e estabelecendo novas parcerias. E isso, a atual administração está fazendo.

Vejo luzes no horizonte!

2 COMMENTS

  1. Bom dia,
    Existe uma sentença incompleta no primeiro parágrafo mas parei de ler mesmo quando foram ditas besteirinhas a respeito de inflação e deflação. No link que segue poderás ver que, excluindo o período da Grande Depressão, deflação e recessão não têm relação.
    https://www.minneapolisfed.org/research/sr/sr331.pdf

    Veja bem que isso é um crítica construtiva, é ótima a sua iniciativa, mas precisa melhorar.

    Se possível, por favor, peça para liberar minha conta no bolhaimobiliaria.com.br, meu email é douradosamz@gmail.com

    Abraços, até mais.

    • No bolhaimobiliaria sou somente participante.
      Logo o Fábio aparece e responde a respeito do artigo, mas obrigado por comentar e participar, críticas construtivas são sempre bem vindas.

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