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CORONÉ!

Continuando a saga de analisar os integrantes do senado, encontrei amplo material sobre Ângelo Coronel.

Primeiro o apelido, que lhe foi dado, carinhosamente, pelo pai – Orlando Alves Martins, fazendeiro em Coração de Maria, município próximo de Feira de Santana, na Bahia (também o pai, seria “coronel”?). Cidade do interior baiano, diga-se que Feira de Santa é cognominada “Princesinha do Sertão”, e tem mais de 600 mil habitantes.

Consta que é Engenheiro Civil, formado pela Universidade Federal da Bahia. Ingressou na carreira política pelo PMDB, em 1988, quando foi eleito prefeito da cidade em que nasceu. Sabe-se que construiu lá um hospital, chamado Ângelo Martins (nome do próprio Coronel), que é mantido por uma fundação chamada Afonso Alves Martins (nome do avô de Coronel). Tudo em família.

Depois do PMDB, Ângelo Coronel ainda passou por vários partidos: PSDB, PL, PR, PP e está no PSD (Partido Social Democrático) desde 2011.

A história de Ângelo Coronel começa a ficar interessante quando entrou na Assembleia Legislativa da Bahia.

Os dois anos em que o senador Ângelo Coronel esteve à frente da presidência da Assembleia Legislativa deixaram um rombo de R$ 183 milhões, apontaram informações obtidas junto a técnicos da área financeira escalados para esquadrinhar as contas da Casa em 2017 e 2018, e publicadas pelo Jornal Correio 24 horas. A aliados próximos, o sucessor de Coronel, o deputado estadual Nelson Leal (PP), confirmara a existência do déficit milionário e dissera que a gestão do parlamentar do PSD pusera a Assembleia em estado pré-falimentar. Leal afirmara ainda que não sabia o que fazer, na época, para regularizar as finanças do Legislativo e pagar dívidas legadas por Coronel.

Mas não apenas.

Houve também uma notícia, publicada pela Folha de São Paulo, a respeito de R$ 566 mil oriundos de recursos públicos (cota parlamentar de deputado, enquanto na Assembleia Legislativa da Bahia) que Ângelo Coronel teria gastado com duas empresas:

  1. A BS2 Marketing e Publicidade. Essa empresa pertence a um grupo, Corel Brasil Holding, S/A que é presidida por Ângelo Mário de Azevedo Martins Filho, um dos filhos de Coronel. Por sua vez, a Corel tem como acionista único a Jet International Trading, “off shore” com sede no Panamá, cujo diretor-presidente é… Ângelo Coronel!
  2. XYZ Comunicação e Marketing, empresa que pertence a Marcelo Cerqueira dos Santos, que foi assessor de Coronel na Assembleia Legislativa da Bahia.

A simples existência de uma empresa “off shore” com sede no Panamá, presidida por Coronel, faz levantar um laivo de suspeita. Contudo, essa notícia do que poderia ser uma improbidade administrativa não teve como prosseguir, devido a um curioso evento: em julho de 2018 (época em que Coronel era presidente da Assembleia Legislativa da Bahia), houve um incêndio, causado por um curto-circuito (segundo o Corpo de Bombeiros local), que destruiu os documentos a respeito dessas transações que estavam na Diretoria Financeira da Assembleia. Que coincidência, não?

Por conta do relatado, então, Ângelo Coronel é ficha-limpa, segundo o site politicos.org.br – um bom lugar para começar as pesquisas sobre os senadores, e que recomendo.

Ângelo Coronel está em seu primeiro mandato como senador, iniciando-o em 1º de fevereiro de 2019, com previsão de término em 31 de janeiro de 2027. Foi eleito com 3.927.598 votos.

Inegável, contudo, que seu patrimônio cresceu bastante, nos últimos anos.

Fonte: https://segundainstancia.com.br/

O senador tem frequentado as páginas do noticiário recente, por sua atuação como presidente da CPMI Mista das Fake News, aquela mesma em que Hans River demoliu o deputado Rui Falcão, confirmando que teria impulsionado conteúdo na internet a favor do PT e do próprio deputado. As atividades dessa CPMI fajuta deveriam ter sido encerradas em 13 de abril último, mas por pedido do senador analisado, estão suspensas pelo prazo de 180 dias, até que retornem as sessões presenciais do Congresso. Em entrevista à rádio Jovem Pan, em 30 de abril, Coronel disse:

Estamos nas mãos de uma quadrilha digital que ataca reputações e incita manifestações contra instituições, como Congresso Nacional e STF. É uma verdadeira pandemia eletrônica, e precisamos dar um freio nisso. Ainda bem que o ministro não acatou a ação do deputado Eduardo Bolsonaro. Sempre me pergunto porque eles estão com medo. O Eduardo tentou o tempo todo acabar com a CPI. Aí, a gente fica com vontade de investigar mais profundamente, porque algo está por trás. Se não estivesse, não iriam querer acabar [com as investigações] a todo custo“. (Fonte: Agência Senado)

Essa CPMI, que para mim é um verdadeiro juízo de exceção, já deu errado, e está se prolongando por conta e risco do senador analisado.

A atuação de Coronel como senador, aliás, é bastante criticada. Votou contra o pacote anticorrupção e contra o decreto que flexibilizou a posse de armas no Brasil. No mapa dos políticos sobre a questão da prisão em 2ª instância, declarou-se indeciso. Não consta, ainda, que tenha proposto nenhum projeto de lei de interesse público, diga-se de passagem. No site citado acima, sua avaliação é péssima, por ampla maioria (71,5% assim o consideraram).

Para este editor, a considerar as informações acima levantadas, trata-se de um senador de um partido do Centrão (PSD, na mesma linha que PL, PSC, PP, Republicanos, Solidariedade, PTB e Democratas), mas que pessoalmente, tem agido como oposição ao Governo.

Fábio Talhari, para Vida Destra, 10/5/2020.

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5 COMMENTS

  1. Nada diferente de outros dos 513 congressistas. Contraprudescência corriqueira? Prefiro dizer que é uma excrecência. Quando disseram que daqui por diante iríamos finalmente modificar o status quo dos proceres, pensei que fosse a moral, não é, foi o ststus financeiro. Se gritar, Pega Ladrão!, não sobra um meu irmão.

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