Em uma das muitas discussões filosóficas com Amigos Juristas, foi em uma, em especial, que, em meio a um tema Nipônico, se revelou a necessidade dos Dogmas (Hierarquia e Disciplina) para garantia do conceito de Excelência verificada no meio Militar
O exemplo desse raciocínio seria oriundo dos ensinamentos magistrais de um dos maiores militares do Exército brasileiro, General Augusto Heleno, em 1994, então Comandante da EsPCEx. Ele pontuou de forma absolutamente precisa o que seriam os Componentes da base do Valor Excelência, desde do padrão Intelectual, passando pela intensidade física e, sobretudo, a “Alma”.
Ora, mas o que esses componentes têm para uma vida fora da Caserna? Tudo! São os componentes que dão a base conceitual de toda a Excelência, desde a administrativa Operacional ao de Atendimento, mas sobretudo, do desenvolvimento individual.
Muitas pessoas estudam para concurso público e percebem que estão longe de sua capacidade intelectual plena, atletas não desenvolvem seu alto rendimento por obstáculos puramente psicológicos e pessoas de enorme capacidade não conseguem gerir suas vidas e decidir os atos fora do usual de seu cotidiano. Porém, para todos os grupos, há um ponto de Excelência em comum, como se todos os componentes desta base se fundissem em um atributo em especial, a confiança do autoconhecimento que impede a limitação pessoal.
O segredo não está no esgotamento obsessivo de cada Componente, mas na capacidade de compreendê-los em um sistema, se complementando. Vemos, na vida civil, alguns desse componentes sendo levados ao extremo, como os Cursinhos (Intelecto), o Crossfit (Físico) e os Coachings (“Alma”), porém, ainda que com a intensidade alta, sem o enlace que os fariam determinantes para o alcance dos objetivos. Faz-se necessário frisar que mesmo o objetivo mais raso, tem a necessidade desta busca por Excelência, sendo, por óbvio, um caráter vital para a formação de uma conduta com inúmeros benefícios.
Na visão militar, o Intelecto necessita de um espectro amplo, embora aprofundado, para o conhecimento como base de decisões e diferencial pessoal, gera a “centelha” da curiosidade e desejo de saber que domina, contra todos os vícios, a vontade de aprendizado; o Físico desenvolve o alívio mental, a liberação de hormônios fundamentais, a camaradagem e convivo social, bem como a capacidade corporal como suporte dos outros Componentes; porém, é a “Alma” o mais intrincado, interessante e esclarecedor Componente, aqui não se deve encarar como um ato religioso, mas como os Valores e Atributos da área afetiva (resiliência, rusticidade, determinação…) que forjam as condições do autoconhecimento e expectativa de conduta que corroboram para a solidificação dos outros Componentes.
A Intensidade desse sistema básico realiza a capacidade absoluta da Excelência e determina os resultados, contudo, sem equilíbrio, não têm esse mesmo efeito e conduz o foco individual para algo fora de seus parâmetros, aí está a “arte”, esse equilíbrio também depende dos objetivos e necessidades individuais, mas tem efeito absoluto quando falamos de estruturas institucionais, empresas e gestão. Um bom exemplo seria a Excelência operacional da Toyota que teve um efeito estarrecedor no mercado, transformando-o conceitualmente.
Então, voltamos ao elo do tema tão bem debatido por uma grande Jurista e Amiga que viveu o choque cultural no Japão, bem como com um outro brilhante Jurista Amigo que carrega em sua própria família a visão Nipônica. Os Japoneses têm esses Componentes arraigados em sua Cultura, cuja disciplina os impede de sequer questioná-los, a exemplo do Bushido, o Omotenashi e tantas outras filosofias orientais, eventualmente, o fazem em respeito, assim como toda solenidade tem sua aplicação, mesmo que a maioria desconheça seu propósito, mas, por sua cultura e dogmas, não as renegam.
O exemplo da Terra do Sol Nascente não é melhor ou pior que nossa dinâmica Ocidental, porém, o Japão a aplica em todas as esferas de Excelência, desde sua etiqueta cordial, ao mero serviço simples e solitário que realiza com uma impecável Excelência.
Nossa cultura, ainda que com muitos pontos positivos, precisa destacar os Componentes de Excelência para desenvolver nossa sociedade, efetivando individualmente esses atributos, validando-os e compreendendo sua importância para o desenvolvimento pessoal de sua própria capacidade e autoconhecimento.
Um deleite e bem fazejo para o intelecto, conduzindo–nos ao aprimoramento eterno da busca pelo conhecimento. Leitura prazerosa com estudo primoroso. Parabéns.
Obg meu querido Amigo!
Parabéns! Excelência na escrita e difusor do conhecimento. Belíssimas palavras!!!