Ontem um grande número de pessoas assistiu à entrevista do Presidente da República à rede Jovem Pan, no programa “Os Pingos nos Is”. Vitor Brown, José Maria Trindade e especialmente Augusto Nunes, grandes jornalistas, perguntaram a Bolsonaro sobre diversos temas mas, é claro, o enfoque principal foi sobre a pandemia da COVID-19 e as medidas que o Executivo Federal está usando para combater o vírus.
José Maria Trindade fez comentários prévios à entrevista, com bastante sobriedade e bom senso. Comentando a medida provisória de caráter trabalhista, que foram promulgadas ontem, identifica que esta foi uma grande intervenção estatal, que destoa dos princípios técnicos e acadêmicos de livre mercado da equipe econômica atual, mas diante da hecatombe que é a pandemia, foi aplicada corretamente, na dose certa, injetando o dinheiro público diretamente no bolso do trabalhador, não para grandes obras ou projetos de políticos, como sempre aconteceu. Aliás, Trindade notou que a equipe econômica do Governo saiu em defesa da sociedade.
Augusto Nunes alertou que esse gasto, contudo, na ponta da crise, irá pesar sobre os bolsos dos contribuintes. Fez uma oportuna comparação entre o setor privado e o setor público, destacando que neste último não haverá redução de vencimentos mesmo sem prestação de serviços, e apontou a existência de “castas” privilegiadas no Brasil.
Vitor Brown resumiu que a medida provisória não é autoritária e preserva empregos, concedendo estabilidade aos trabalhadores do setor privado. Trindade destacou, então, que os acordos individuais para redução de salário e jornadas de trabalho é uma grande novidade, eis que antes isso somente poderia ser estabelecido por acordos coletivos.
Vitor Brown comparou a medida provisória brasileira à medida trabalhista que a Argentina tomou, qual seja, mera proibição de demissões, que foi autoritária e inviável na prática, já que o empresariado não terá dinheiro para pagar salários sem ter receita. Logo mais, a quebradeira na Argentina será maciça e o desemprego vai disparar violentamente.
Após uma exposição dos números da epidemia aqui e debates sobre eles, os jornalistas repercutiram o “namoro” entre Dória e Lula. Augusto Nunes apontou o oportunismo de Lula, que está aceitando e buscando apoio em qualquer lugar.
Esse é um resumo da primeira hora do programa. Somente então Presidente foi contatado em Brasília.
Bolsonaro abriu sua participação declarando o enfoque duplo das ações do Governo, quais sejam, preservação de vidas e de empregos.
O presidente apontou a injeção de dinheiro público na compra de material para a saúde, diretamente nos Estados e Municípios, a Medida Provisória Trabalhista e o “Coronavoucher”, destinado aos trabalhadores autônomos e informais. A somatória desses recursos chegou a R$ 600 bilhões.
Relatou também sua visita a Ceilândia e Taguatinga, onde foi verificar a situação da população mais pobre, que considerou dramática. Apontou que o desemprego gera fome, e esta aumenta a letalidade da epidemia. Apontou que 90% dos óbitos por COVID-19 são de pessoas acima de 60 anos.
Vitor Brown inseriu o vídeo da professora, que pediu trabalho e reabertura do comércio, bem como a colocação dos militares nas ruas. Bolsonaro negou peremptoriamente que os militares serão usados para reabrir comércio. Mencionou que tem pronta uma medida provisória que considera essencial toda atividade profissional de subsistência. Porém apontou que os prefeitos e governadores agiram com excesso, como no caso de fechamento de loterias, que funcionam como agências bancárias para a população de baixa renda.
Advertiu que os militares são para a Garantia da Lei e da Ordem, se isso for necessário.
Bolsonaro negou que vá renunciar, mas disse estar preocupado com impeachment, então toma muito cuidado para não violar a Lei de Responsabilidade Fiscal. Reparou na separação entre o Poder Executivo e o Legislativo, que estão funcionando independentes um do outro, sem o “toma-lá-dá-cá” histórico.
Sobre os pedidos dos governadores por mais verbas, Bolsonaro disse que não há mais, além do que está sendo concedido agora, e que não vai emitir dinheiro, porque isso cabe ao Banco Central e pode disparar inflação, e acaba com o Brasil de vez. Fez um apelo para que os governadores comecem, gradativamente, a reabrir as atividades econômicas. E novamente argumentou que no longo prazo, o desemprego vai gerar mais mortes que a pandemia.
Comentou sobre o #luladoria, após ter criticado Witzel e especialmente Dória, apontando a incoerência deste último, que usou o nome do Presidente para se eleger, enquanto acusava o PT e Lula, e uma vez eleito, passou a contrariar o governo federal. Disse ter vergonha da aproximação de Dória com Lula.
Pediu apoio do povo, segundo ele, seu único apoio, para que reabram os comércios e retomem as atividades econômicas, para conter o desemprego. Criticou o isolamento horizontal, total, reparando que as comunidades mais carentes não adotaram tal isolamento, no Rio. O fechamento do comércio sufoca a economia, e se os governadores estão fazendo isso para desgastar o governo federal, estão dando tiros nos próprios pés.
Desafiou Dória e Witzel a irem até as populações mais carentes, verificar in loco o que acontece, e repetiu as recomendações de Tedros (a oficial) na OMS. Advertiu que a epidemia só vai retroceder quando cerca de 70% da população estiver infectada e desenvolver imunidade.
Tanto Augusto Nunes quanto o Presidente repercutiram o sensacionalismo da imprensa na divulgação dos novos casos da COVID-19, que mostra exagerado “espanto” com números que estavam previstos. Nesse ponto pediu um dia de oração e jejum da população.
Confessou que “se bicou” com Mandetta, mas afirmou que não vai demitir ninguém no meio dessa guerra. Disse que Mandetta deveria ouvir um pouco mais o Presidente da República, até porque deve haver equilíbrio entre as diversas áreas da administração pública, mencionando a Economia, e então disse que o Ministro da Saúde precisaria ser mais humilde. Reiterou que não se pode agir com base no pânico, acabando com a atividade econômica.
Sobre as eleições municipais, Bolsonaro disse que não quer se envolver, mas que tem apreço por Bruno Engler, em Belo Horizonte.
Augusto Nunes apontou que apenas 342 cidades apresentaram o vírus, e mais de 5.200 municípios estão fora da rota da epidemia, ou seja, 6,5% dos municípios brasileiros estão infectados. Isso levou Bolsonaro a repetir os comentários sobre os excessos dos prefeitos e governadores, argumentando ainda que o vírus é inevitável. Refuta o pânico e a histeria que estão orientando as administrações públicas.
Apontou que a imprensa está divulgando esse pânico, e não informando adequadamente, dando destaque ao haitiano maluco, coisa inútil, mas sem não gerar nada positivo para combater a pandemia. Criticou fortemente as imagens das covas abertas no cemitério da Vila Formosa. Daí apontou que Bruno Covas foi sensacionalista, teve uma conduta vergonhosa, querendo aterrorizar a população e que não ajudar a conter a histeria.
Negou ter chorado e afirmou-se destemido, até perante a morte, e que é vítima constante de fake news. Mencionou que isso acontece porque Folha, Globo e outros veículos estão rancorosos, eis que não têm mais acesso ao dinheiro público.
Apontou também que os testes com a hidroxicloroquina tem apresentado 100% de sucesso.
Desculpou-se pela postagem errada que fez, sobre desabastecimento em BH, apontando que apagou o vídeo que recebeu. E disse também que a imprensa, quando comete erros semelhantes, deveria ter a mesma atitude: retratar-se.
Em sua mensagem final, pediu tranquilidade ao povo, disse que 70% da população irá se infectar, mas que um número pequeno desses chegarão a precisar de hospitais, recomendando cuidado especial com os idosos e pessoas com comorbidades. Disse que a pandemia vai terminar, que o Brasil não pode se arruinar por isso e reiterou o pedido por orações.
O vídeo no YouTube tem 760 mil visualizações, 80 mil likes e 2,3 dislikes (3/4/2020, 07:15 h).
A mim, e muitos outros nas redes, o Presidente falou de forma tranquila, sincera, corajosa e teve muita hombridade, reconhecendo erros e acabando com fofocas da imprensa. Demonstrou estar dedicado a construir o Brasil, para todos! Gostei muito, vi nesse homem o líder que esperava quando votei nele.
Fábio Talhari, para Vida Destra, 3/3/2.020.
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Ótimo texto.